03 agosto 2015

PEDALANDO PARA TRÁS

Questionado sobre se já estávamos saindo da crise econômica durante o programa Canal Livre, da Rede Bandeirantes, no domingo (02/08/2015), o economista Luiz Gonzaga Belluzzo respondeu que ainda estamos no meio do túnel. Não se arriscou a dizer se já estávamos perto de sua saída.

Ao observarmos todo o programa e se juntarmos a este as demais notícias que nos chegam, diariamente, pela mídia e pelo próprio Planalto, a sensação é a de que o governo continua pedalando sua máquina para trás.

Nesse sentindo, a presidente Dilma Rousseff, e o PT, caminham celeremente para ocuparem um lugar na história por terem desconstruído, em tão curto espaço de tempo, os pilares que permitiram ao Brasil, depois de duas décadas perdidas, consideradas pelo próprio Prof. Belluzzo, livrar-se das mazelas que prejudicavam o seu desenvolvimento e tornar-se um Pais mais próximo do futuro, almejado por todos os brasileiros.

Desde que tomou posse, em janeiro de 2011, a presidente conseguiu trazer a inflação de volta, mergulhar o pais na recessão, destruir as contas públicas, desestruturar setores econômicos e assombrar a população com o fantasma do desemprego.

Não há, nos tempos recentes do Brasil, um presidente que tenha cometido tantos erros de uma só vez.

Vejam bem o que aconteceu em infraestrutura, setor mencionado durante o programa como sendo imprescindível à superação da crise.

No inicio de 2012, a presidente Dilma anunciou um pacote de R$ 32 bilhões, acrescidos de mais R$ 50 bilhões, após as manifestações de junho/2013, para implantar linhas de metrô nas maiores capitais do País, em projetos de mobilidade urbana. Entre a promessa e a realidade, o retrato é frustrante.

De tudo o que foi anunciado, quase 100 quilômetros de linhas de metrô ou de veículos leves sobre trilhos (VLTs) ficaram apenas no papel e hoje encontram-se em estado letárgico. Quase três anos após o lançamento do pacote, apenas R$ 824 milhões do prometido foram efetivamente pagos e nenhum passageiro transportado.

Para se ter uma idéia, em termos comparativos, a segunda linha férrea instalada no Brasil, entre o Forte das Cindo Pontas, no Recife, e a Vila do Cabo, com 31,5 km de extensão, inaugurada em 1858, demorou menos de 3 anos, mesmo tendo sua construção interrompida por uma epidemia de cólera que chegou a matar cerca de 38.000 pernambucanos.

Ah, e naquele tempo os trabalhos eram braçais e os materiais de construção, trilhos e locomotivas carregados em carros de boi. Em sua inauguração transportou mais de 400 pessoas e demorou 30 minutos para vencer o percurso.

Em outra intervenção desastrosa da presidente Dilma, nenhum setor sofreu tanto como o de energia. Ela conseguiu desestabilizar a Petrobras, ao segurar os preços dos combustíveis e fechar os olhos para a corrupção que se entranhou na empresa. Quebrou as pernas dos produtores de etanol, ao manter a gasolina barata demais nas bombas.

Inviabilizou as concessionárias de eletricidade ao forçar a redução das tarifas de luz (MP 579). O populismo tarifário, por sinal, esta hoje na base da inflação alta — a conta de luz ficou ao menos 50% mais cara neste ano — e fragilizou o caixa do Tesouro Nacional, que foi obrigado a bancar subsídios.

Além do Professor Belluzzo e de seus entrevistadores, também se manifestaram dois outros economistas: Delfim Neto e Roberto Giannetti da Fonseca.

Uma das conclusões a que se pode chegar, face ao exposto no programa, é a de que, isoladamente, o ajuste fiscal proposto pela presidente Dilma não estancará a crise vigente no Pais.

Todos se manifestaram no sentido de que medidas complementares devem ser implementadas simultaneamente, especialmente as de perfil estruturante como é o caso dos investimentos em infraestrutura, em modelo capaz de atrair o capital privado.

A essas deve se adicionar profundas modificações nos métodos e práticas de gestão do governo que façam ressurgir a sua credibilidade. Só assim se começará a se pedalar para a frente.

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