Conversa de bandidos. Foi vergonhosa para um presidente da República. Foi ultrajante para o País. Foi decepcionante para os brasileiros.
Ao contrário do abraço, em plena residência oficial da presidência da República, o presidente Michel Temer deveria ter dado voz de prisão ao delator Joesley Batista.
Para decepção de todos, o que se viu (ouviu) foi o contrário. O que se pode perceber dessa conversa é um clima de afago, de amigos de infância e de incentivo do presidente às ações - crimes - relatadas pelo delator, revelando, assim, o verdadeiro caráter do indivíduo que ocupa o Palácio do Planalto. A imagem de uma eventual integridade moral do presidente foi por ladeira abaixo. Simplesmente ruiu.
No diálogo antirepublicano, ocorrido em horário não apropriado para quem exerce o maior cargo da Nação, aproximadamente entre 22:35-23:07, e em visita sem registro oficial, o presidente chegou a indicar o deputado Rocha Loures para "resolver assuntos" da JBS nos diversos escalões do governo. Posteriormente, o deputado foi filmado, pela Polícia Federal, recebendo malas de dinheiro entregues por funcionários da empresa.
Quanto à frase "Tem que manter isso, viu ?", dita por Temer, a ordem, ou a sequência em que ela foi pronunciada não vem ao caso.
O que deve ser considerado é o seu contexto. Nele, fica claro que o seu motivo foi ter ouvido outra frase, dita pelo delator, dando conta da retomada de uma "boa amizade" entre este e o ex-deputado Eduardo Cunha, decorrente da liquidação de propinas devidas ao Eduardo e da manutenção de pagamento de uma mesada mensal ao ex-deputado para que este fique calado.
De igual monta, diga-se imorais, são também os demais trechos do áudio, sejam eles referentes ao senador Aécio Neves, ao ex-ministro Guido Mantega, ou a "compra (segurando)" de dois juizes e de um procurador para agirem em favor do delator.
Mas diante de tudo isto, para surpresa da Nação, o presidente da República concluiu não haver motivos para determinar que o delator fosse ver, imediatamente, o sol nascer quadrado.
Obviamente, não se lembrou também que estava recebendo um bandido sob a condição de estar exercendo o cargo de presidente da República em sua residência oficial.
Acho que o presidente só se lembrou mesmo é que o Brasil é uma republiqueta.
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