21 outubro 2020

A VIDA COM OS COMPUTADORES

COMPUTADORES. Vida longa mas até há bem pouco tempo vivíamos distantes deles. Este comportamento mudou a partir de meados da primeira década deste século. Hoje dormimos e acordamos com eles. Neles, enquanto estivermos acordados, estarão presentes "amigos" como Microsoft Teams, Google, Linkedin, Twitter, Instagram, Facebook, Pinterest, streamings como YouTube, Netflix, Amazon Prime, Spotify, Deezer e outros, disputando cada segundo de nosso tempo. Ah, e não esqueçamos dos jogos eletrônicos.


Histórico. Remonta ao Período Paleolítico, cerca de 30.000 a.C., os primeiros sistemas físicos de contagem utilizados pelos seres humanos em suas atividades diárias e  que continuamos a fazê-las nos dias atuais como, por exemplo, elaborar calendários usados para diversos fins.


Com o início da escrita, por volta de 3.200 a.C., foi dado um salto na forma de realizar cálculos, com a criação de vários sistemas numéricos, como os sistemas arábico, egípcio, sumério, chinês e romano. 


Contudo, só por volta de 300 a.C. é que a primeira "máquina de calcular”, foi construída: o ábaco. Para ele, matemáticos da Babilônia desenvolveram sequencias de passos para resolver problemas matemáticos. Os tais algoritmos, palavra muito em moda nos dias de hoje.


A partir do século XVII, começaram a surgir dispositivos mecânicos: em 1623, na Alemanha, a calculadora de Schickard; em 1642, na França a máquina de Pascal, a Pascalilne; em 1673, na Alemanha, a calculadora de Leibnz, a Stepped Reckoner; em 1821, na Inglaterra, a máquina de Babbage. Esta máquina possuía muitas das principais estruturas lógicas dos computadores atuais. Em 1890, surgiu a máquina de Hollerith, com um sistema de codificação de dados em cartões perfurados baseado na máquina de Babbage.


Modelo conceitual
da máquina de Turing 

Em 1936, o pesquisador britânico Alan Turing, considerado o pai da Ciência da Computação, criou a máquina de Turing, entendida como um modelo matemático de computador de propósito geral que permitiu definir formalmente os conceitos de algoritmo e de computação. Qualquer tarefa que pode ser realizada em um computador de propósito geral pode ser realizada em uma máquina de Turing.


Chegamos ao século XX e com ele o surgimento de novas tecnologias que permitiram a produção de máquinas eletromecânicas: na Alemanha, entre1936-1938: o Z1, construído por Konrad Zuse,  foi o primeiro computador programável do mundo, que mais tarde deu origem aos Z2 e Z3. Nos EUA, em 1944, surgia o Mark I, baseado em relés mecânicos, tornado obsoleto em pouco tempo com a chegada da tecnologia de válvulas.


Com essa nova tecnologia foi dado início ao desenvolvimento de computadores completamente eletrônicos e, diferentemente dos construídos, até então com fins específicos, passaram a ser produzidos para uso geral. 

1945: chegou a vez do ENIAC que pesava cerca de 30 toneladas, tinha 19.000 válvulas e ocupava uma sala de 500 metros quadrados, cuja programação era bem diferente da forma como os computadores são programados atualmente.  


Em 1951, no IEA/Princeton, foi finalizada a construção do EDVAC, computador proposto por John Von Neumann, considerado um dos principais nomes da história da computação. A arquitetura proposta por Neumann, vigente nos dias de hoje, divide o computador em três unidades: de processamento; de memória; e de dispositivos de entrada e saída. O EDVAC foi o primeiro computador a utilizar programas previamente armazenados (em fitas magnéticas) e trabalhava internamente com o sistema binário (0 e 1), enquanto o ENIAC operava com o sistema decimal. O custo final foi o mesmo do ENIAC, cerca de US$ 500 mil.


Com os avanços da microeletrônica e a consequente diminuição dos custos dos dispositivos eletrônicos, deu-se o início de novas gerações de computadores. As válvulas foram substituídas por transistores, compondo as denominadas máquinas de 2a. geração. Cerca de uma década depois os circuitos integrados (SSI e MSI) substituíram os transistores (3a. geração). A 4a. geração surgiu com a tecnologia denominada de firmware (software armazenado em chip). Estão na "boca do forno" os computadores de 5a. geração: computadores neurais e computadores quânticos. A cada nova geração, os computadores se tornaram menores, além de mais rápidos, baratos e confiáveis.


INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL. Uma discussão recorrente é quando o computador vai superar o cérebro humano, capacidade esta denominada de singularidade tecnológica, terminologia utilizada pela primeira vez por Von Neumann. Previsões apontam para o período 2025-2030.


Em 1950, Turing, no artigo Computing Machinery and Intelligence, propôs o teste de Turing para estabelecer quando uma máquina poderia ser considerada inteligente. Até o momento nenhuma das máquinas existentes passou no teste.


Contudo, é sempre bom estar lembrado de que um computador não compreende aquilo que é feito, apenas executa algoritmos para extrair conhecimentos a partir de um conjunto de dados. Esse campo da pesquisa é denominado de Inteligência Artificial o qual permite desenvolver sistemas inteligentes - software - capazes de enxergar relacionamentos complexos e sofisticados a partir de um conjunto de dados.

INTERNET. Para completar essa infra e não deixar ninguém isolado - do mundo - essa turma boa, já em 1967, começou a interligar computadores instalados nos EUA e, a partir de 1973, em outros lugares do planeta. Inicialmente Inglaterra e Noruega. A Internet cresceu rapidamente entre 1980-1990No Brasil, durante a realização da Eco92, para surpresa dos visitantes,  ela já estava em funcionamentoSua popularização daí por diante foi explosiva, como ilustra a imagem ao lado.


Junto com ela (Internet) a conversa - o primeiro software para enviar, receber e ler e-mails foi desenvolvido em 1972 - o recebimento e a publicação de informações (textos, imagens, áudios, vídeos)  entre os conectados (homens e máquinas) explodiu, especialmente através dos "amigos" citados no primeiro parágrafo deste texto.


A imagem a seguir mostra que o tempo diário gasto com mídias, através de computadores sob suas diversas formas, se aproxima de 16 horas/dia.


REDES SOCIAIS. No documentário "O dilema das redes", produzido para a Netflix, ex-funcionários das empresas mais rentáveis do planeta como Google, Facebook, Instagram e Twitter revelaram que as estratégias dessas companhias para vender anúncios, manipular os usuários é mantê-los cada vez mais conectados às redes sociais. Essa relação entre "fornecedores" e "usuários" pode ser resumida numa frase que tornou-se chavão entre as big techs e é citada no filme: "Quem não está pagando pelo produto é o produto".


A parte ficcional do documentário também aborda a influência das redes sociais sobre os jovens, retratando o que ocorre numa típica família norte-americana. Se antes o bullying era restrito ao ambiente escolar, o cyberbulling se prolonga pelas 24 horas do dia, levado pelos diversos tipos de computadores, especialmente os celulares.


Jaron Lanier, um dos participantes do documentário,  lançou, em 2018, seu quarto livro no qual denuncia o Vale do Silício de um modo geral, e o Facebook, em particular, como uma verdadeira máquina de fazer cabeças e diz mais ... "o que quer que uma pessoa possa ser, se você quer ser uma, delete suas contas nas redes sociais". 


Estudos têm demonstrado que o uso desenfreado de mídias sociais estão distorcendo nossa percepção do presente, pois, em sua maioria, as notícias são assustadoras predominando nesses conteúdos temas como: pandemia mortal, brutalidades policiais, protestos, teorias da conspiração,  política, incêndios florestais, enxames de gafanhotos e muito mais.

Bom, não é surpresa para ninguém que o consumo excessivo de más notícias causa estresse. Uma pesquisa realizada em 2017 pela Associação Norte-Americana de Psicologia revelou que os participantes que se mantiveram a par do ciclo de notícias relataram perda de sono, estresse, ansiedade, fadiga e outros sintomas negativos na saúde mental. Essa mesma pesquisa constatou que até 20% dos norte-americanos monitoram constantemente suas mídias sociais para ver as atualizações e um a cada 10 verificam as notícias de hora em hora.


Alguns profissionais desse ramo sugerem que não se verifique o e-mail, o Facebook, ou o Twitter fora de determinados horários (ou quando ficar parado e precisar de uma mudança de contexto). Tente manter boa parte de sua leitura online focada em assuntos relacionados à sua profissão. Fazer uma pausa para atividades físicas também é um grande auxiliar.

Há maturidade na população para seguir esses conselhos, inclusive o do Lanier?  NÃO. 


E disto se utilizarão os sistemas econômicos e políticos, em particular os regimes ditatoriais, para monitorarem e controlarem a sociedade, especialmente os mais jovens.


4 comentários:

  1. TECNOFOBIA - Apesar do forte convívio atual do ser humano com os computadores, registra-se ainda pessoas que os querem a distância. O termo tecnofobia não é recente. Seus primeiros sinais foram sentidos a partir de 1.642, após a produção de cerca de 50 Pascalines que provocaram em matemáticos da época o temor de perderem os seus empregos. Com o surgimento dos robôs, esse sentimento voltou a se acentuar, principalmente no setor industrial, decorrente do processo de automatização ocorrido no interior das fábricas.

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  2. "Nos últimos anos, houve inúmeros casos de gigantes da mídia social amordaçando conservadores e liberais por aparentes motivos políticos. Está provado em documentos de investigações de comitês do Senado americano que o Twitter usa “proibições ocultas” para impedir que indivíduos compartilhem suas postagens com centenas de milhões de usuários da plataforma e que, de alguma maneira, essas proibições ocultas foram aplicadas de forma esmagadora àqueles na parte da direita do espectro político. Na última quarta-feira, dia 14, tentou proteger o candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden, e derrubou contas importantes, como a da secretária de Imprensa, Kayleigh McEnany. Ela havia compartilhado um link de uma reportagem do jornal New York Post que mostrava, em detalhes, alegadas provas do esquema de corrupção da família Biden com a Ucrânia e a China.
    O algoritmo do Google é politicamente inclinado para favorecer a esquerda sobre a direita. “Uma análise de viés político nos resultados de mecanismos de pesquisa”, os principais resultados de pesquisas do Google tinham quase 40% mais probabilidades de conter páginas com inclinação para a “esquerda” ou “extrema esquerda” do que páginas de “direita”. Além disso, 16% das palavras-chave usadas na política não continham absolutamente nenhuma página inclinada para a direita na primeira busca de resultados.
    O Center for Responsive Politics mostrou em uma recente pesquisa que 70% das doações do Facebook e de seus funcionários às campanhas de 2020 foram para os democratas. Já com o Google, 81% das contribuições políticas também foram para os democratas. A mesma tendência se aplica a Amazon (74%) e Apple (91%!). There is no free lunch. Leia mais em https://revistaoeste.com/as-redes-sociais-e-a-censura-do-bem/

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  3. Depois que o Twitter colocou selos de checagem de fatos em dois de seus tuítes, Trump intensificou sua guerra contra as Big Tech ao assinar uma ordem executiva que visa à redução de proteções legais: “Estamos aqui para defender a liberdade de expressão de um dos maiores perigos que ela enfrenta na História americana”, disse Trump. “Esta censura e o preconceito são uma ameaça à liberdade. Imagine se sua companhia telefônica silenciasse ou editasse sua conversa. As empresas de mídias sociais têm muito mais poder nos Estados Unidos do que os jornais, elas são muito mais ricas do que qualquer outra forma tradicional de comunicação.”
    A ordem de Trump instrui as agências federais a verificar se podem impor novos regulamentos aos gigantes da tecnologia. “Não há precedente na História americana para um número tão pequeno de corporações controlar uma esfera tão grande de interação humana”, disse o presidente, ao assinalar que o Twitter está tomando “decisões editoriais”. Leia mais em https://revistaoeste.com/as-redes-sociais-e-a-censura-do-bem/

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