15 outubro 2021

1º VEÍCULO ELÉTRICO COM BATERIA DE NIÓBIO NO BRASIL

A Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO) e a CBMM (Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração) fizeram um acordo para desenvolver e produzir baterias de nióbio para veículos elétricos. Com elas, os automóveis serão recarregados em menos de dez minutos e terão maior autonomia. 

A solução pode colocar o Brasil em posição de destaque mundial no segmento ao unir a CBMM, empresa que trabalha no desenvolvimento de novas tecnologias com nióbio - Tecnologia 100% nacional - e a Volkswagen, responsável pelo funcionamento dessas baterias em cada veículo. O projeto é resultado de mais de três anos de pesquisa em parceria com a Toshiba, no Japão.

Visando acelerar a adoção em massa do Nióbio nesse campo, a companhia recentemente inaugurou uma estrutura dedicada à produção e testes em escala laboratorial, dentro de seu Centro de Tecnologia (CT) em Araxá MG. A empresa atualmente possui desenvolvimentos de aplicações do Nióbio em baterias com empresas de vários países e regiões, como os Estados Unidos, Europa e Ásia. As aplicações podem começar a chegar ao mercado em até 2 anos.

A planta da CBMM em Araxá (MG) 
Daí saem 80% do nióbio consumido no mundo
 
Além de todo o trabalho no CT de Araxá MG, a CBMM investiu 7,2 milhões de dólares numa fábrica piloto no Japão em parceria com o conglomerado japonês Toshiba para desenvolver baterias de carros elétricos que utilizam o nióbio. Nos testes, as baterias podem ser carregadas em apenas 6 minutos, com autonomia de 350 quilômetros. Atualmente, o nióbio da CBMM é usado para aumentar a resistência e a flexibilidade de ligas de aço utilizadas, por exemplo, na fabricação de carros, equipamentos de energia e na construção civil.

A fábrica piloto, em construção especialmente para o desenvolvimento de baterias de carros elétricos contendo nióbio, será situada em Yokohama, no Japão, junto a uma nova fábrica de baterias da Toshiba. 

Características das baterias com nióbio

O nióbio é um metal usado para dar liga e resistência ao aço, muito utilizado na indústria para a produção de supercondutores — canais que conduzem eletricidade sem resistência. As baterias de lítio tradicionais apresentam um polo negativo chamado ânodo, que usa o carbono para transferir energia. Nas que serão desenvolvidas pela VWCO e pela CBMM, o carbono será trocado por óxido de nióbio, o que aumenta a transferência de eletricidade, reduz o tempo de recarga e proporciona maior segurança e durabilidade para as células das baterias.

O Brasil é o maior produtor de nióbio do mundo
 (Imagem: Reprodução/ Click Petróleo e Gás

Brasil é o maior produtor mundial de Nióbio


O presidente Jair Bolsonaro participou nesta sexta-feira, 8, da abertura da 1ª Feira Brasileira do Nióbio, em Campinas, no interior de São Paulo, e destacou a importância estratégica desse elemento químico. O mineral é encontrado em abundância em nosso País. O Brasil detém cerca de 98% dos depósitos de nióbio em operação no mundo, seguido por Canadá e Austrália. 

O polêmico Nióbio 

Mitos e mal-entendidos rondam esse metal. Até há bem pouco tempo desconhecido da maioria dos brasileiros, o nióbio frequentou o noticiário e motivou discussões durante a última campanha eleitoral. Mensagens veiculadas nas redes sociais alertavam que as reservas brasileiras do minério, as maiores do planeta, estariam sendo dilapidadas por meio de contrabando ou da venda a preços irrisórios no mercado internacional.

O então deputado federal e hoje presidente Jair Bolsonaro, um entusiasta da multifuncionalidade do metal, participou do debate. Em vídeo de 20 minutos, enalteceu as virtudes do nióbio, usado como elemento de liga em aços e em aplicações de alta tecnologia, como baterias de carros elétricos, lentes ópticas, aceleradores de partículas, implantes ortopédicos e turbinas aeronáuticas.

A gravação foi feita em 2016, na maior jazida em operação de nióbio do mundo, localizada nos arredores da cidade de Araxá, a 360 quilômetros de Belo Horizonte (MG). Veja abaixo a gravação. 

Resistência do aço

A adição de teores mínimos de ferronióbio, da ordem de 0,05%, torna o aço mecanicamente mais resistente, sem reduzir sua tenacidade, que é a capacidade de se deformar plasticamente sem sofrer ruptura. Conhecidos como microligados, esses aços são usados na fabricação de dutos para óleo e gás, automóveis, navios, pontes e viadutos. Apenas 8% do aço produzido no mundo têm nióbio em sua composição, o que aponta para uma ampla margem de crescimento do mercado.

Por ser mais resistente, a chapa de aço fabricada com ferronióbio pode ser mais fina do que a convencional. Na indústria automotiva, as carrocerias dos carros ficam mais leves sem perder a resistência. A redução do peso melhora a eficiência de veículos à combustão e elétricos”, conta Marcos Stuart, diretor de Tecnologia da CBMM. Em oleodutos e gasodutos, aplicação mais tradicional, o nióbio impede a propagação de trincas e, ao mesmo tempo, permite a construção de estruturas mais delgadas. “A espessura das paredes pode ser reduzida para 20 milímetros (mm), metade da medida de tubulações fabricadas sem ferronióbio”, explica. Na figura abaixo, os principais setores no mundo que já utilizam o nióbio.



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