07 dezembro 2021

HANÁK

As gerações após a II Guerra Mundial tiveram mais contato com publicações oriundas de editoras comunistas, motivadas pela obediência ao estabelecido nas cartilhas do partido. No Brasil não foi diferente e temos um caso bem conhecido. Trata-se da "Civilização Brasileira" que foi a maior editora comunista do País, dirigida pelo militante histórico Ênio Silveira, e Edmar Morel. Este último, depois de servir ao Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) da ditadura Vargas, soube adaptar-se rapidamente aos novos tempos após a queda do ditador e ganhou, do governo soviético, uma viagem a Moscou, que relatou em livro de 1952.

Posteriormente, após a revolução de 31 de março de 1964, Morel tornou-se bastante citado na mídia, depois de expor sua tese de que a queda de João Goulart ocorreu com a profunda e avassaladora influência da CIA. Contudo, até a presente data, na imensa bibliografia a respeito desse momento, não surgiu um único nome de um agente daquela organização que estivesse, na época, lotado no Brasil.

Segundo Olavo de Carvalho que prefaciou o livro citado a seguir, "em sentido inverso, a teoria moreliana do golpe de 1964 baseia-se na premissa - tão unânime e indiscutida quanto ela mesma - de que não havia infiltração comunista no governo João Goulart, nem o menor risco de uma revolução comunista, nem muito menos qualquer ingerência soviética nos assuntos nacionais".

É o que encontramos no livro "1964 O ELO PERDIDO: o Brasil nos arquivos do serviço secreto comunista", dos autores Mauro "Abranches" Kraenski e Vladimir Petrilak. O primeiro, brasileiro e residente na Polônia e o segundo, colunista tcheco. Ambos leram e resumiram documentos de fontes primárias sobretudo da polícia tcheca de inteligência, a StB, e com extremo cuidado de não sair carimbando ninguém de agente da KGB. Esse livro foi utilizado como fonte básica deste artigo. 

"Esse livro, sozinho, vale mais do que toda a bibliografia consagrada sobre os acontecimentos de 1964". .... " Mas agora a brincadeira acabou. Não só este livro memorável traz a prova cabal e definitiva do engodo, mas surge numa situação bem diversa daquela em que o País viveu nos últimos cinquenta e tantos anos. Hoje há um público mais consciente, que, desmoronada a farsa do comunopetismo, já não se verga, com mutismo servil, ante a opinião do beautiful people jornalístico e universitário", afirmou Olavo de Carvalho.

Hanák

Antes de falarmos um pouco sobre o agente Hanák, é importante lembrar que a StB, criada em 30/junho/1945, ou seja, imediatamente após a desocupação alemã e ocupação russa, operou no Brasil entre os anos de 1952 e 1971, usando o modelo e/ou comando soviético da KGB. Os tchecos foram o "braço direito" dos russos antes que estes começassem a operar em território brasileiro, após o restabelecimento das relações diplomáticas da URSS com o Brasil.

Bom, mas quem é Hanák? 

Hanák é o codinome de um jornalista brasileiro que trabalhava no Jornal do Brasil e que foi "trabalhado" pela StB a partir do dia 23 de fevereiro de 1960, pelo agente tcheco Bakalár. Tornarm-se "amigos" até dezembro de 1961, quando foi dada a ordem para deixar o brasileiro em paz. Até o fim das atividades da StB no Brasil, em 1971, não houve qualquer tentativa de reaproveitá-lo de alguma maneira. Por outro lado é certo que, mesmo sabendo quem o camarada Bakalár era de verdade, Hanák não o entregou às autoridades brasileiras, não traiu o seu velho "amigo". 

Hanák nos registros tchecos

Sobre isso, os autores do livro já citado encontraram nos arquivos tchecos a pasta de registros número 80691. Literalmente nela está escrito:

"Nome sobrenome do figurante. Hermano de D. N. A. (1927-2010). Jornalista, contrário à revolução de 1964 mas que continuou a viver no Brasil, publicou artigos e tornou-se inclusive deputado federal. Em 1968 teve os direitos cassados e exilou-se no México; depois trabalhou para a BBC e, em 1984, voltou ao Brasil. Em 2005, através da Comissão de Anistia, o Ministério da Justiça brasileiro concedeu-lhe reparações econômicas de caráter indenizatório de R$ 2.160.794,62 (quase 1 milhão de dólares na cotação da moeda à época), além de um benefício mensal permanente no valor de R$ 14.777,50. Ao que tudo indica - pelo menos é o que afirmam os documentos - colaborou com o serviço de inteligência tchecoslovaco ainda antes de a junta militar tomar o governo."

Para os brasileiros, do momento atual, o registro mais importante é aquele ocorrido em 2005. Ele expõe até que ponto está sendo utilizado o dinheiro público, o imposto que pagamos, em um Brasil que foi governado por socialistas/comunistas, no contexto de atos que compõem o "Teatro das Tesouras", cujas lideranças e personagens habitam os arquivos do PSDB e do PT.

Certamente, os brasileiros que leram o artigo até aqui, putos estão, surpresos nem tanto, pois já conhecem bem as práticas dos dois partidos. Mas ainda estão curiosos, ávidos para conhecerem mais detalhes de Hermano de D. N. A. Fui até a Wikipedia. Vejam o que encontrei.



3 comentários:


  1. O livro citado mostra ainda que na época do governo Jango havia muitos colaboradores do StB entre as fileiras de políticos, economistas, jornalistas e intelectuais em geral.
    Um deles com a seguinte descrição: "Parlamento brasileiro. Deputado progressista, do PTB-AM, Almino A. que recebeu o codinome de Kato, posteriormente Lauro". Trata-se de Almino Afonso, cassado em 1964, viveu no exílio por doze anos na Iugoslávia, Uruguai, Chile, Peru e Argentina. Foi ministro do Trabalho e Previdência Social no governo de João Goulart, de 24 de janeiro a 18 de junho de 1963.
    Lauro informou ao Stb que o Brasil estava se preparando para várias formas de lutas além do Parlamento. ... "outros amigos meus possuem um grupo, que, em caso de necessidade, iniciará a guerrilha". Referia-se as Ligas Camponesas, chefiadas por Julião.
    Retornando ao Brasil em 1976, foi Secretário dos Negócios Metropolitanos de São Paulo no governo de André Franco Montoro, época em que eclodiu o escândalo Mogigate, quando cassou a permissionária dos transportes São Paulo - Mogi das Cruzes que operava desde 1940, empresa vitima de tentativa de extorsão.
    Foi também vice-governador do Estado de São Paulo na gestão de Orestes Quércia, tendo exercido o cargo de governador nos impedimentos e viagens do titular.
    Enquanto parlamentar, além de líder da bancada governista na Câmara dos Deputados, no governo do Presidente João Goulart, foi deputado federal e Conselheiro da República na gestão do Presidente Luis Inácio "Lula" da Silva.
    Em 2002, Lauro recebeu R$ 90 mil por decisão da Comissão de Anistia.

    É importante notar que 2 anos antes de mar/64, autoridades do País - que se diziam democráticos - falavam para espiões comunistas sobre a existência de grupos armados ilegais no Brasil.

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  2. No mesmo contexto, o livro informa sobre o Leto. Trata-se de Raul Ryff,assessor e amigo íntimo de Jango que quando em viagens cuidava também do conforto do seu chefe: pela manhã, preparava-lhe o mate que tomavam juntos no quarto do Goulart e se expressavam positivamente sobre os países do bloco socialista. O livro ainda revela que Leto, com a ajuda de Jango, melhorou muito sua situação financeira, pois tinha empregos em estatais, onde recebia dinheiro se a necessidade de trabalhar. Da mesma forma o seu filho, lotado em um instituto de aposentadorias controlado pelo PTB de Goulart. Leto também estava entre as 60 pessoas que tiveram seus direitos políticos cassados pelo Ato Institucional anunciado pelo novo governo sob o comando do Marechal Castelo Branco.

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  3. O livro nos lembra também o número de agentes comunistas em nosso País antes da revolução de 1964, que depôs um governo aliado aos países socialistas, cujo objetivo era a implantação no Brasil dos regimes implantados nos 15 países que compunham a URSS, na China e em Cuba.

    Na passagem de 1963 para 1964, operavam aqui no Brasil, através das embaixadas na Tchecoslováquia e da URSS, algumas dezenas de agentes dos serviços de inteligência dos dois países, StB e KGB respectivamente, travestidos de diplomatas, em articulação com altas autoridades do governo e do parlamento brasileiro. Esses países viam no Brasil as condições mais favoráveis para implantação do comunismo na América Latina para fortalecerem sua luta contra os EUA. Em "1964 O ELO PERDIDO", p. 340.

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