21 março 2022

100 ANOS DE HISTÓRIA E DE MUITOS CRIMES

A infelicidade do Século

"O século passado nos deixou uma marcante característica não encontrada em outros tempos: a extraordinária amplitude do massacres de homens feitos por homens. Isso só foi possível pela tomada do poder pelo comunismo de tipo leninista e pelo nazismo tipo hitlerista," afirma o historiador Alain Besançon (A Infelicidade do Século).

Besançon, nos diz também que ainda que inimigos e originários de histórias diferentes, os dois regimes têm traços em comum. Eles se colocaram com o objetivo de chegar a uma sociedade perfeita, destruindo os elementos negativos que se opusessem a ela. Eles pretendiam ser filantrópicos, pois queriam, um deles, o bem de toda a humanidade, o outro o do povo alemão. Mas o que os aproxima mais é que ambos se deram ao direito - e mesmo dever - de matar, e o fizeram com métodos que se assemelham.

"O livro negro do comunismo" (Stephanie Courtois et al.,1999), ousou calcular a soma de mortos que era possível atribuir-se ao comunismo. Uma cifra de 85 a 100 milhões, sem que tenham sido seriamente contestadas. No caso do nazismo, calcular com exatidão o número correto de pessoas mortas como resultado de suas políticas é uma tarefa extremamente difícil. Não há um só documento criado por funcionários nazistas na época da Guerra que explicite exatamente quantas pessoas foram mortas. Estima-se em cerca de 20 milhões, os civis e soldados desarmados mortos pelo regime.

O comunismo no Brasil

Fundadores do PCB, em março de 1922.
De pé, da esquerda para a direita:
Manuel Cendon, Joaquim Barbosa,
Astrogildo Pereira,João da Costa Pimenta,
 Luís Peres e José Elias da Silva;
 sentados, da esquerda para a direita:
Hermogênio Silva, Abílio de Nequete e
Cristiano Cordeiro

No próximo dia 25 de março, completa-se 100 anos da criação do Partido Comunista Brasileiro (PCB).  100 anos de história e de muitos crimes. Fundado por nove comunistas, por ex-militantes anarquistas inspirados pela Revolução Russa tinha a denominação de Partido Comunista-Seção Brasileira da Internacional Comunista (PC-SBIC), e no mesmo ano de sua fundação foi colocado na ilegalidade. Voltou à legalidade em 1927. Em 1934, o PC-SBIC passou a denominar-se Partido Comunista Brasileiro (PCB). O partido tinha a obrigação de seguir as "21 condições" para novos partidos comunistas ingressarem no Komintern (Internacional Comunista). 

Luiz Carlos Prestes foi o mais famoso “militante” do PCB, ocupando o cargo de Secretário-Geral por 37 anos. Passou a ser membro do PC-SBIC em 1931. Deflagrou a sangrenta Intentona Comunista, em 1935. Esse primeiro grande crime de lesa-pátria do PCB, ocorrido em Natal, Recife e Rio de Janeiro, ocasionou a morte de 34 militares (alguns friamente assassinados enquanto dormiam nos quartéis) e de mais de 1.000 civis.

Em 1935, antes do levante comunista, um “Tribunal Vermelho” do PCB promoveu o “justiçamento” (assassinato) de Bernardino Pinto de Almeida, o ”Dino Padeiro”, por crime de traição. Em 2 de dezembro de 1935, o PCB fez “justiçamento” de Afonso José dos Santos, cujo crime só foi elucidado em 1941. 

Um dos crimes mais horrendos perpetrados pelo PCB foi o assassinato de Elvira Cupelo Colônio, a “Elza Fernandes” ou “Garota”, amante, desde os 16 anos, de Antônio Maciel Bonfim, o “Miranda”, na época secretário-geral do PCB. Presa junto com “Miranda” após a Intentona Comunista, no início de janeiro de 1936, a “Garota” foi solta e passou a ser considerada traidora junto à cúpula do PCB. 

Condenada à morte por Luís Carlos Prestes, a “Garota” foi então estrangulada com uma corda em volta do pescoço e, como o corpo não coubesse em um saco, foi partido ao meio e enterrado nos fundos de uma casa, em Guadalupe, no Rio de Janeiro. Estava perpetrado um dos crimes mais hediondos cometidos pelo PCB. A história do Partidão e “Os crimes do PCB”, incluindo outros “justiçamentos”, podem ser conferidos aqui.

Após o levante militar de 1935, o PCB foi colocado na ilegalidade. Preso em 15 de março de 1936, Prestes foi anistiado pelo Presidente Getúlio Vargas, em 1945, ano em que o PCB retorna à legalidade e Prestes se elegeu senador pelo PCB. A bancada comunista, em 1945, foi de 17 deputados federais, entre eles Jorge Amado, Carlos Marighella e Gregório Bezerra. O PCB foi colocado novamente na ilegalidade em 1947 pelo Superior Tribunal Eleitoral, por ser um partido supranacional que defendia a ditadura do proletariado. Em 1948, os parlamentares do PCB foram cassados. 

Em 1962, ocorre a primeira grande dissidência dentro do PCB, com a criação do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Essa dissidência ocorreu após as denúncias dos crimes de Stálin apresentadas por Nikita Krutschev durante o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), em 1956. O PCdoB teria destaque, anos mais tarde, na Guerrilha do Araguaia (1967-1974). 

O PCB conheceu seu mais longo período de clandestinidade durante o governo dos generais-presidentes, de 1964 a 1985. Diferente do PCdoB, o PCB não se envolveu diretamente na luta armada durante o “regime militar”, empunhando armas pela “redemocratização” do Brasil, mas na luta gramscista de “ocupação de espaços” em todos os setores nacionais, onde “Herbert Marcuse dava o pretexto ideológico e Antonio Gramsci a modalidade de organização partidária”, no dizer de Olavo de Carvalho. 

Ainda na década de 1970, essa tomada de “ocupação de espaços” ocorreu especialmente nas redações de jornais e revistas, com destaque para a atuação de Frei Betto e frades dominicanos, que tinham contato com o Agrupamento Comunista de São Paulo (AC/SP), embrião da Ação Libertadora Nacional (ALN), fundado em 1968 por Carlos Marighella, por discordar do PCB quanto à luta armada após este participar da OLAS, em Cuba, em 1967. Marighella havia abandonado um curso de Engenharia para se filiar ao PCB em 1934. O AC/SP tinha assistência jurídica, composta de 3 advogados: Nina Carvalho, Modesto Souza Barros Carvalhosa e Raimundo Paschoal Barbosa. Quando procurado pela polícia, em São Paulo, Frei Beto, que havia ingressado no convento dos dominicanos, em São Paulo, em 1966, foi acobertado pelo Provincial da Ordem, Frei Domingos Maia Leite, e transferido para o seminário dominicano Christo Rei, em São Leopoldo, RS. Frei Beto foi preso no RS, onde atuava junto com a ALN para fuga de terroristas ao Uruguai. 

Frei Betto, quando atuava como repórter na Folha da Tarde, recrutou os jornalistas Jorge Miranda Jordão (Diretor), Luiz Roberto Clauset, Rose Nogueira e Carlos Guilherme de Mendonça Penafiel. A “ocupação de espaços” incluía também a TV Cultura (Vladimir Herzog), as universidades (método Paulo Freire), as editoras de livros (Civilização Brasileira, de Ênio Silveira), o meio intelectual (Caio Prado), os centros de cultura popular e até as igrejas, especialmente a Igreja Católica dos “progressistas” (neomarxistas) Dom Paulo Evaristo Arns, Dom Hélder Câmara e Frei Leonardo Boff. 

Na Editora Abril, a base de apoio era de aproximadamente 20 pessoas, comandadas pelo jornalista Roger Karman, e composta por Karman, Raymond Cohen, Yara Forte, Paulo Viana, George Duque Estrada, Milton Severiano, Sérgio Capozzi e outros, que elaboraram um arquivo secreto sobre as organizações armadas (servia também como fonte de informações para organizações subversivas). O antigo membro do PCB, escritor e filósofo Olavo de Carvalho, em depoimento à “História Oral do Exército - 31 Março 1964”, descreve como ocorreu essa nova intentona comunista, cujas consequências permanecem até os dias atuais, com destaque para a predominância do ensino da ideologia comunista nas escolas e nas universidades

Assim, pode-se afirmar que tanto a ALN de Carlos Marighella, quanto a VPR de Carlos Lamarca, são filhos diletos do PCB. Durante o “regime militar”, mais de uma centena de “genéricos do PCB” foram criados no Brasil, para propagar o terrorismo e a subversão, com vistas a implantar uma ditadura comunista no País. Para isso, os terroristas fizeram cursos em Moscou, Pequim e em Cuba. Uma lista desses movimentos terroristas que infernizaram o Brasil nas décadas de 1960 e 1970 pode ser conferida neste link . 

Em maio de 1980, Prestes foi substituído na presidência do Partidão pelo cabo Giocondo Dias, por muitos anos seu motorista e guarda-costas. Em 1985, com o fim do governo militar, tanto o PCB, quanto o PCdoB voltaram a funcionar como partidos políticos. 

Roberto Freire foi o último comunista brasileiro a receber dinheiro da antiga URSS, o tal “ouro de Moscou”, por ocasião de sua campanha eleitoral à Presidência do Brasil, em 1989. Quem fez esta declaração foi o ex-diplomata da União Soviética no Brasil, Vladimir Novikov, coronel da KGB, que serviu em Brasília sob a fachada de Adido Cultural junto à Embaixada Soviética, nos anos de 1980. 

Nesses 100 anos de história e inúmeros crimes praticados, o PCB teve três candidatos a Presidente da República: Minervino de Oliveira (1930), Yedo Fiúza (1945) e Roberto Freire (1989). 

Em 1992, o PCB transformou-se em Partido Popular Socialista (PPS) após a dissolução da União Soviética, porém foi recriado em 1995 (bandeira com foice e martelo) por comunistas históricos, que não aceitaram a nova ordem mundial após o fim da URSS. Em março de 2019 alterou seu nome para Cidadania e continuando no seu comando o Roberto Freire, cuja extensa presidência tem levado alguns de seus membros a deixarem o partido, como foi o caso recente (2022) do senador Alessandro Vieira, de Sergipe, que já se filiou ao PSDB.



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