02 junho 2022

O GOOGLE ESTÁ DE OLHO EM VOCÊ

Estamos a quatro meses das eleições. Muito se tem falado sobre o combate as fake news, publicadas nas redes sociais, especialmente sobre o STF agindo em parceria com as Big Techs e as fact checkers.

Neste artigo, contudo, deixaremos de abordar as questões relativas ao que está sendo classificado de fake news e trataremos de uma outra operação executada pelas Big Tech, pouco conhecida e/ou debatida.

Trata-se da manipulação das notícias publicadas nas redes sociais. Elas não são canceladas, mas têm sua visibilidade prejudicada ao serem empurradas para o final da fila, no feed do Facebook ou no resultado de uma busca usando-se o Google. Hoje, falaremos do que ocorre no Google, do efeito manipulador do mecanismo de busca, que é a questão da disposição das notícias e outros links retornados aos usuários pela pesquisa de busca do Google.

Could Google influence the presidential election?

A resposta é sim, conforme publicado neste artigo da Science, com o título acima. Nele se afirma que se pode alterar a escolha de eleitores indecisos, numa ordem de 12%, o que poderia determinar uma eleição apertada, simplesmente manipulando os resultados das pesquisas realizadas no Google. Tudo isso era hipotético.

Veio então a eleição presidencial americana de 2016 e o estudo passou para o mundo real. Em 13 mil buscas relacionadas ao pleito em 3 diferentes mecanismos de busca, se descobriu um viés marcante do Google em favor da candidata Hillary Clinton, na medida em que todas as 10 primeiras notícias da primeira página de resultados eram favoráveis a Hillary. Foi estimado que provavelmente o Google tinha empurrado 2,6 milhões de votos de eleitores indecisos para Hillary Clinton.

Aconteceu novamente em 2018, nas eleições de meio do mandato, cujo averiguação indicou que o viés nos resultados de busca do Google "podem ter alterado mais de 78,2 milhões de votos" no sentido dos candidatos do Partido Democrata.

Já no início de uma busca, o Google usa o mecanismo conhecido como "autocompletar", que o utiliza para educar o seu "eleitorado". Nas eleições americanas de 2016 e 2018, o recurso de autocompletar do Google rotineiramente sugeriu pesquisas aos eleitores que favorecessem o candidato mais progressista. 

A conclusão final da pesquisa foi surpreendente; "O Google provavelmente vem determinando os resultados de mais de 25% das eleições nacionais em todo o mundo desde 2015".  Isso é realmente poder.


PS.: No rescaldo da eleição de Donald Trump, em 2016, os empregados do Google estavam tão perturbados que a administração convocou uma dinâmica de empatia para toda a corporação. Sergey Brin, co-fundador do Google, reconheceu que "a maioria das pessoas aqui estão muito preocupadas e tristes" com o resultado, e assegurou a seus empregados que "como um imigrante e refugiado, certamente considero essa eleição profundamente ofensiva, e sei que muitos de vocês também pensam assim".


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