(*) |
A atenção humana virou o produto mais concorrido do planeta e isso tem nome: Economia da Atenção — termo cunhado pela primeira vez pelo economista, psicólogo e cientista político Herbert Alexander Simon na década de 1970, que explica como a atenção virou algo a ser capitalizado e transformado em mercadoria.
É o que nos conta Genesson Honorato, em seu artigo "A atenção humana foi hackeada e isso tem afetado a sua vida", publicado no MIT Technology Review Brasil, no último 11 de agosto.
Honorato nos diz que Alexander Simon chegou a essa conclusão antes mesmo da invenção de fato da internet como é conhecida hoje, levantando inúmeras discussões sobre os rumos que a sociedade poderia tomar. Esse viés econômico atrelado à atenção tem afetado a vivência coletiva de variadas formas, seja na família, na relação com os amigos, na maneira como os conhecimentos são apreendidos ou no trabalho, onde as pessoas passam grande parte de suas vidas.
No artigo ler-se também que uma breve olhada no celular durante uma tarefa importante e lá se foi a sua atenção, hackeada por uma rede social ou por uma informação irrelevante para a sua vida naquele momento.
E, com isso, minutos ou horas preciosas se foram. Quando isso acontece, é comum não perceber de primeira o que levou a perder o foco. É comum a pessoa não lembrar o que estava fazendo antes de ter sua atenção capturada pela engenharia sociodigital. É menos provável ainda que ela deixe de repetir o padrão poucos minutos depois de lembrar a atividade que estava desempenhando anteriormente, ainda que essa “pausa” já tenha tomado um longo período de tempo até que essa pessoa consiga se reconectar àquilo que realmente precisava fazer naquele momento.
Existe uma disputa diária e um condicionamento operante para manter a atenção das pessoas virada para a palma de suas mãos. O artigo discute vários aspectos sobre o tema. Dentre estes, copio a seguir os números de uma pesquisa realizada pela NordVPN, sobre os hábitos digitais dos brasileiros maiores de 18 anos. São dados muito impactantes.
O estudo mostra que os internautas passam, em média, quatro dias inteiros por semana totalmente conectados. Isso seria o equivalente a 197 dias por ano. E, levando em consideração que a expectativa de vida no país é de cerca de 76 anos, esses dados resultam em um total de 41 anos, três meses e 13 dias. Ou seja, é 54% do tempo de vida gasto em telas.
Chega a ser assustador pensar que muitas pessoas nem se dão conta do tipo de conteúdo que estão consumindo no período em que estão entregues aos algoritmos.
Em síntese, não estão prestando atenção no que estão prestando atenção, uma necessária e urgente metafísica da atenção, conclui Genesson Honorato.
(*) A imagem é oriunda de uma reportagem, publicada pela CBN, que relata um estudo que aponta que o uso do celular está modificando o formato do crânio humano.
O incrível é o economista, psicólogo e cientista político Herbert Alexander Simon na década de 1970 já ter previsto isso. Parabéns para esse gênio.
ResponderExcluirVenho percebendo esse aumento em meu caso pessoal. É estarrecedor quando você se dá conta da perda de tempo. Eu entro nas redes para resolver problemas do trabalho e me vejo navegando alhures.
ResponderExcluir