02 dezembro 2023

IA (IV) - O papel transformador da IA

O relatório "State of AI", de 2023 da McKinsey, projeta um mercado global de IA de 1,87 bilhão de dólares até 2032. Para além da eficiência operacional, a IA surge como um poderoso catalisador para remodelar costumes e hábitos da sociedade. Promove a confiança e impulsiona a inovação, tornando-se uma força fundamental no direcionamento do um novo caminho coletivo dessa sociedade.

Ganhar competições de fotografia, inventar novos materiais, causar quedas de US$ 100 bilhões no valor do mercado de ações e derrotar campeões mundiais de corrida de drones. Estas são algumas das coisas que a IA alcançou este ano.

Mas nem todo mundo acredita na IA generativa. As preocupações em torno da privacidade dos dados, da segurança no emprego, do preconceito e da ética são abundantes e o debate continua sobre todas estas questões, conforme já se mencionou nos posts anteriores IA(I), IA(II) e IA(III).

O Congresso sobre governança da IA realizado pelo Fórum Económico Mundial, entre os dias 13 e 15 de novembro de 2023, reuniu mais de 200 líderes da IA e abordou questões relacionadas com o impacto da IA sobre diversos temas dentre os quais os ilustrados na imagem abaixo.

Principais pontos de discussão em torno da IA
durante o Congresso sobre Governança da IA
do Fórum Económico Mundial.
Imagem: Fórum Econômico Mundial

Entre os temas de maior importância discutidos no Congresso foi como a IA vai mudar o mercado de trabalho. A IA está projetada para criar milhões de novos empregos. O Relatório sobre o Futuro dos Empregos de 2023 do Fórum Económico Mundial afirma que os especialistas em IA e aprendizagem automática, analistas e cientistas de dados e especialistas em transformação digital estão entre as funções de crescimento mais rápido.

Mas a inteligência artificial também poderá deslocar milhões de pessoas das suas funções. Não pode substituir todas elas – é pouco provável que a IA seja capaz de realizar trabalhos que exijam competências humanas, como julgamento, criatividade, destreza física e inteligência emocional.

Imagem: Fórum Econômico Mundial

Estima-se que dentro de 10 anos, a sociedade estará diante de um mundo em que a maior parte dos trabalhos hoje conhecidos será realizada por máquinas inteligentes suportadas pela IA.

Na área médica, por exemplo, há profissões que estão próximas de desaparecer. É o caso dos radiologistas que interpretam dados colhidos por máquinas ultramodernas, cujos laudos passarão a ser emitidos, de forma automática, a partir da interpretação desses dados por máquinas inteligentes com o auxílio da IA.

No Brasil o avanço neste segmento também vem ocorrendo. Estudo de pesquisadores brasileiros divulgado na revista Scientific Reports aponta que modelos baseados em IA são capazes de predizer com quase 80% de exatidão as taxas de morte e sobrevida de pacientes com câncer colorretal. Segundo os autores, os resultados indicam que essas ferramentas podem ser úteis para o planejamento e a avaliação dos serviços de saúde, bem como para orientar protocolos de encaminhamento.

Pandemias, um aumento de doenças crónicas, preocupações de saúde mental e um envelhecimento da população – o setor da saúde enfrenta múltiplos desafios, juntamente com a crescente procura de cuidados de saúde de alta qualidade.

No setor industrial, pesquisas demonstram que a automação (com a introdução de robôs) é a maior responsável pelo desemprego da classe média americana e não a exportação de empregos para outras partes do mundo. Para cada novo robô introduzido na manufatura, seis trabalhadores perdem seus empregos.

Em contrapartida, novos postos de trabalho e
 novas profissões estão surgindo. Por exemplo, no setor de tecnologia da informação, mais recentemente, é na área de IA que se encontram as melhores oportunidades de trabalho (e de novos empreendimentos também). Dentre elas, profissionais com novos perfis para atuarem nas áreas de machine learning e big data.

Quase todos os setores (incluindo-se a economia, a segurança, a mídia, a indústria do entretenimento, ... ) e profissões serão afetados, criando um novo conjunto de problemas sociais, mas surgindo, também, um grande número de oportunidades. 

Saber gerenciar esses dois lados é o grande desafio para todas as nações.

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