A Rússia emitiu uma ordem de busca e captura em seu território contra a primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, além de funcionários de alto escalão e deputados desse país e também da Letônia, Lituânia e Polônia.
Durante uma coletiva de imprensa nesta terça-feira (13), o porta-voz do Kremlin acusou os países bálticos de “ações hostis contra a memória histórica” da Rússia. No canal Telegram o Ministério das Relações Exteriores russo acrescentou: "Pelos crimes contra a memória daqueles que libertaram o mundo do nazismo e do fascismo, devemos responder! Isto é apenas o começo!".
O motivo da ação seria a retirada, em agosto de 2022, do tanque soviético T-34 e de outros monumentos soviéticos da cidade de Narva, na fronteira com a Rússia.
Ora, o mundo inteiro sabe que o Exército Vermelho nunca foi libertador. Ao contrário, sempre agiu da mesma forma que aqueles que enfrentou (nazistas e fascistas), ou seja, uma força de ocupação que impôs o regime comunista em diversos países. O que a Rússia sempre esquece de mencionar é que juntamente com a sua então aliada Alemanha nazi, iniciaram a Segunda Guerra Mundial.
Kaja Kallas |
Da mesma forma, o ministro da Cultura da Lituânia, além de 59 dos 68 deputados do Parlamento da Letônia, estão inclusos nessa decisão por votarem a favor da denúncia do tratado com a Rússia para conservação de monumentos.
Já entre os dirigentes poloneses com emissão de busca e captura estão o prefeito da cidade de Walbrzych e o presidente do Instituto de Memória Nacional.
A primeira-ministra da Estônia Kaja Kallas reagiu:
"A decisão da Rússia não é nada surpreendente. É mais uma prova de que estou fazendo a coisa certa – o forte apoio da União Europeia à Ucrânia é um sucesso e prejudica a Rússia. Sempre disse que a caixa de ferramentas da Rússia não mudou. Ao longo da história, a Rússia ocultou as suas repressões por trás das chamadas agências de aplicação da lei. Eu sei disso pela história da minha família. Quando a minha avó e a minha mãe foram deportadas para a Sibéria nos tempos da dominação soviética, a KGB emitiu um mandado de prisão contra elas. O Kremlin espera agora que esta medida irá silenciar-me a mim e a outros – mas não o fará. O oposto! Continuarei o meu forte apoio à Ucrânia. Continuarei a defender o aumento da defesa da Europa."
Kaja Kallas também afirmou:
"Agora não é o momento de pressionar por uma paz prematura. A menos que a Rússia abandone o seu objetivo de conquistar novos territórios na Ucrânia, as conversações de paz têm poucas hipóteses de conseguir alguma coisa. A história mostra que o apaziguamento apenas fortalece e encoraja os agressores e que os agressores só podem ser detidos com força. Como primeira-ministra da Estónia, um país da linha da frente da OTAN que suportou meio século de ocupação soviética, sei o que realmente significa a paz nos termos da Rússia. A paz russa não significaria o fim do sofrimento, mas sim mais atrocidades. O único caminho para a paz é expulsar a Rússia da Ucrânia."
[ ... ] "A Estônia partilha uma fronteira e uma longa história com a Rússia. Os países grandes podem cometer erros e sobreviver. Mas os pequenos têm uma margem de erro muito menor. Para nós, a necessidade de travar a agressão russa na Ucrânia é uma questão existencial. Após a Segunda Guerra Mundial, nós, Estônios, perdemos tudo para o terror soviético: perdemos o nosso território, a nossa liberdade e um quinto da nossa população. Fomos esquecidos e abandonados atrás da Cortina de Ferro durante meio século.
[ ... ] "Quando restauramos a nossa independência em 1991, após 50 anos de ocupação, decidimos que nunca mais ficaríamos sem amigos e aliados. É por isso que aderimos à UE e à OTAN. Muitos países da Europa Central e Oriental fizeram o mesmo, procurando segurança contra a agressão russa, e agora a Suécia e a Finlândia também se juntaram à aliança, numa resposta direta à invasão da Ucrânia pela Rússia. Aqueles que culpam a OTAN por provocar a Rússia através da “expansão” ou “escalada” estão a propagar a ideologia imperial do Kremlin."
[ ... ] "O mundo livre não deve reduzir o seu apoio militar à Ucrânia ou procurar congelar o conflito para prosseguir conversações de paz. Qualquer pausa nos combates agora serviria apenas os interesses militares da Rússia. Permitiria às forças russas descansar e reagrupar-se, apenas para continuarem a sua agressão mais tarde. No final, parafraseando Winston Churchill, teríamos tanto desonra como guerra.
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