21 junho 2024

O olhar de Aristóteles para a matemática

Segundo Olavo de Carvalho, ao longo dos tempos, "Aristóteles foi, de todos os filósofos, o mais estudado, analisado, interpretado e reinterpretado. O interesse por suas obras tornou-se ainda mais intenso nas últimas décadas, quando se revelou a proximidade de seu pensamento e determinadas teorias científicas modernas [ ... ]". 

Em particular, Olavo diz que no meio de tantas novidades auspiciosas uma introdução escrita há mais de 100 anos, conserva não somente sua atualidade, mas sua força de superar, em muitos pontos, as concorrentes mais novas.

Trata-se do livro Aristóteles, de Émile Boutrox. Ainda, segundo Olavo, "esse livro é uma introdução valiosa não apenas ao pensamento do Estagirita, mas a toda a afinidade entre o intérprete e o interpretado, e no fato de que o núcleo dessa afinidade está, precisamente, naquilo que o pensamento de um e de outro têm de precursores das tendências científicas modernas".

O autor, Émile Boutrox, realça que Aristóteles criou ou construiu a maior parte das ciências que ele cultivou: história da filosofia, lógica, metafísica, física geral, biologia, botânica, ética, política, arqueologia, história literária, filologia, gramática, retórica, poética e filosofia da arte, determinando para cada uma delas princípios especiais e apropriados.

Boutrox afirma ainda que Aritóteles (384-322 a. C.), na maior parte das vezes, divide as ciências em teóricas, práticas e poéticas, colocando do ponto de vista lógico e absoluto, a teoria à frente da prática, e a prática à frente da poética. Depois ele subdivide as ciências teóricas em teologia, matemática e física.

Matemática

"A matemática considera as relações de grandeza, a quantidade e o contínuo, abstraindo as outras qualidades físicas. Trata, assim das coisas que são imóveis sem existirem à parte, essências intermediárias entre o mundo e Deus. O matemático isola por abstração, nas coisas sensíveis, a forma da matéria.

A matemática é pura ou aplicada. A geometria e a aritmética constituem a matemática pura. A matemática pode ser aplicada tantos às artes práticas - como, por exemplo, a geodésia - quanto às ciências naturais - como por exemplo, a óptica, a mecânica, a harmonia, a astrologia. Neste último caso, a questão de fato é matéria para o físico, e o porquê é matéria para o matemático.

A matemática faz uso das noções do bom e do belo, pois a ordem, a simetria, a determinação, objetos matemáticos por excelência, figuram entre os elementos mais importantes do bom e do belo."

[ ... ] "As obras de matemática de Aristóteles não chegaram até nós. Ele compôs, em especial, um tratado de matemática, um tratado da unidade, um tratado de óptica, e um tratado de astronomia. Nas obras que se conhece, ele dá com frequência exemplos tirados da matemática."

Embora Aristóteles tenha abordado temas matemáticos em muitos de seus escritos, como na Metafísica - 14 livros - onde discute conceitos matemáticos em relação à filosofia, não há tratados puramente matemáticos que tenham sobrevivido até os dias de hoje. Muitos estudiosos acreditam que ele escreveu sobre matemática, mas esses trabalhos foram perdidos ao longo do tempo.

Contudo, "a ausência de obras específicas de matemática de Aristóteles não diminui sua influência, já que suas contribuições em lógica e filosofia tiveram impacto significativo em como a matemática e outras ciências foram desenvolvidas e entendidas na Antiguidade e além", afirmam diversos pesquisadores.

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