Antes do projeto do arquiteto e urbanista Lúcio Costa ser escolhido para o Plano Piloto de Brasília, duas edificações já estavam projetadas por Oscar Niemeyer : O Palácio da Alvorada e o Brasília Palace Hotel. Todos os participantes do concurso para o Plano Piloto receberam a orientação de projetar a cidade sabendo que naquela localização haveria o Palace Hotel e o Palácio. Portanto, ambos são importantíssimos para a História de Brasília.
Em 1973, um incèndio destruiu o hotel, que ficou por décadas em ruínas. Até que nos anos 90 o empresário Paulo Octávio em um gesto louvável restaurou o hotel histórico.
Mas, o gesto louvável de restauração veio acompanhado de outro ( nem tão louvável assim) que feriu de morte o projeto original de Lúcio Costa para a cidade e, inacreditavelmente foi aprovado pelo Conselho de Preservação da época e pelo IPHAN : A criação de um lote na frente do Brasília Palace e a construção de outro hotel modificando completamente a paisagem que já era tombada e declarada patrimônio mundial.
No projeto original do Dr. Lúcio, o hotel histórico tinha uma vista livre para o Alvorada que foi prejudicada. Mesmo sob protestos da arquiteta Maria Elisa Costa e do arquiteto Carlos Magalhães, o fato foi consumado.
O novo hotel, projetado por arquiteto renomado foi construído entre o Palácio da Alvorada e o Brasília Palace, e sua arquitetura contemporânea se integrou à paisagem de forma tão harmônica quanto uma azeitona num prato de feijoada ou um quibe num tabuleiro de acarajé.
Mas, apesar de tudo a população de Brasília estava feliz porque pelo menos o hotel histórico, que tem arquitetura de Oscar Niemeyer e obras de Arte de Athos Bulcão foi restaurado com a máxima originalidade possível.
Anos se passaram e, inacreditavelmente, o Brasília Palace Hotel não foi tombado individualmente. Mesmo sendo reconhecidamente histórico por sua arquitetura, por ser o prineiro hotel da capital, por fazer parte de momentos históricos da cidade como os primeiros bailes, o prineiro concurso de miss, e, por hospedar personalidades importantes da História como princípes, presidentes, reis e rainhas além de artistas consagrados.
O processo de reconhecimento por órgão responsável pelo tombamento até teve tramitação com parecer técnico aprovado para dar prosseguimento ao tombamento, mas no meio do caminho foi arquivado.
Agora o empresário que restaurou o prédio mantendo sua originalidade quer descaracterizá-lo para ampliar seus negócios sob o pretexto de que ele não está tombado e pasmem, sem que os orgãos de preservação nacional e local se oponham.
Mesmo que o tombamento do Brasília Palace Hotel não tenha sido concluído, isso não significa que ele não tenha valor histórico e arquitetônico. Não compreendo os pareceristas do IPHAN que permitem a ampliação do hotel e preferem o parcialmente original ao totalmente original, ou o parcialmente histórico ao totalmente histórico.
A população de Brasília vai permitir a descaracterização do primeiro hotel da cidade por causa de interesses econômicos empresariais?
O lucro vale mais que a preservação da História da Capital do País que é patrimônio cultural da humanidade?
O que vale mais para o empresário que tem filhos que carregam o peso do nome do fundador de Brasília? O lucro ou a preservação da História? O lucro ou o legado arquitetônico original de Oscar Niemeyer? É aceitável que quem sempre lucrou tanto com a cidade mude de ideia em relação a preservar a originalidade de um prédio tão importante para a História da capital do país?
Fica o questionamento de quem ama Brasília, protege o seu tombamento , a sua História e respeita o legado dos seus fundadores.

Crédito da foto: Grupo Memória de Brasília no Facebook.
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