30 novembro 2025

A única plataforma de lançamento ativa da Rússia para cosmonautas foi danificada pelo lançamento de uma Soyuz rumo à Estação Espacial Internacional.

Desde o primeiro voo espacial tripulado realizado pela União Soviética, cidadãos de 42 países voaram ao espaço. Para cada nacionalidade, a data do lançamento da primeira missão é listada nos links abaixo. Esta lista é baseada na nacionalidade da pessoa na época do lançamento.

Apenas três nações (União Soviética/Rússia, EUA e China) lançaram suas próprias naves tripuladas, com os Soviéticos/Russos e os EUA provendo caronas para os astronautas de outras nações.

O lançamento bem-sucedido de três novos tripulantes para a Estação Espacial Internacional pela Rússia na quinta-feira (27 de novembro) resultou em danos à única plataforma de lançamento ativa do país para voos espaciais tripulados ao laboratório orbital.


Imagem capturada por um drone mostra a 31/6,
e os danos sofridos em 27 de novembro de 2025.


A cabine de manutenção (também chamada de plataforma de serviço) localizada no Cosmódromo de Baikonur , no Cazaquistão, teria desabado após o lançamento da tripulação da Soyuz MS-28 rumo à Estação Espacial Internacional, a bordo de um foguete Soyuz 2.1a. A plataforma é também necessária para a preparação dos foguetes auxiliares que serão lançados da plataforma.

"O estado do complexo de lançamento está sendo avaliado", diz o comunicado. "Todas as peças de reposição necessárias para o reparo estão disponíveis e os danos serão reparados em breve."

A plataforma 31/6 tem sido usada exclusivamente para voos tripulados e de carga russos para a Estação Espacial Internacional desde 2020, após a plataforma 1 ter sido desativada devido à falta de verbas para melhorias. Também conhecido como "Ponto de Partida de Gagarin", a plataforma 1 foi palco do primeiro voo espacial tripulado do mundo, realizado pelo cosmonauta Yuri Gagarin em 1961. A plataforma  31/6 foi utilizada pela primeira vez em janeiro de 1961 e, desde então, já apoiou mais de 400 lançamentos.


    28 novembro 2025

    A degeneração institucional da justiça no Brasil

    Daniel Vorcaro, do Banco Master, irá para a casa depois de 10 dias na prisão. Apesar de ele ter sido preso enquanto tentava sair do país em seu avião particular, a justiça entendeu que não há mais risco de fuga.
    Filipe Martins, que foi preso por uma viagem que não fez e que a PF sabia que ele não tinha feito, ficou preso mais de 6 meses em um presídio de alta periculosidade, 10 dias em uma solitária sem iluminação e segue preso em casa até hoje, sob severas restrições, proibido até de ser filmado e fotografado. O contraste entre esses dois casos revela que no Brasil existem duas justiças: uma justiça leniente e garantista com quem está envolvido com corrupção ou crimes violentos e outra, extremamente rígida e injusta, reservada para quem comete o terrível crime de ser de oposição.

    Clique na imagem - vídeo

    No andar de cima a degeneração institucional do STF vai além de sua atuação nos últimos anos.  É de estarrecer até o mais ingênuo dos republicanos a revelação de que seus ministros têm atuado direta e explicitamente para interferir no desfecho da indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para a Corte – seja para apoiá-lo, seja para rejeitá-lo.

    Decisão de Moraes abre brechas para reversão judicial a Bolsonaro e outros réus


    Para os especialistas, as decisões de Alexandre de Moraes adotam rigor máximo, tanto na interpretação dos crimes quanto na condução acelerada do processo e no controle sobre a execução da pena. “Alguns pontos descritos formam um cenário atípico no Judiciário brasileiro marcado por punição elevada, rapidez incomum e forte concentração de autoridade no gabinete do próprio relator”,
    diz o doutor em Direito Luiz Augusto Módolo.

    O criminalista Gauthama Fornaciari entende que assim ficam brechas significativas que ainda podem ser questionadas pelas defesas — inclusive com potencial para anular a decisão.

    Questionado se os pontos controversos levantados ainda podem ser atacados pelas equipes jurídicas, o criminalista é direto. “Entendo que sim.” Segundo ele, as medidas adotadas no processo apresentam vícios graves. “Cerceamento de defesa gera nulidade absoluta da decisão”, afirmou.

    O advogado foi além e classificou o ato do ministro como algo fora dos parâmetros normais do Direito. “Estamos diante de uma decisão teratológica”, disse, utilizando o termo técnico aplicado a decisões consideradas “absurdas, ilegais ou absolutamente incompatíveis” com o ordenamento jurídico.

    O especialista lembrou que o próprio STF já criou precedentes para lidar com situações desse tipo. “A jurisprudência do STF já admitiu o conhecimento excepcional de habeas corpus nesses casos absurdos e de ilegalidades flagrantes”, destacou, sugerindo que esse pode ser um dos caminhos possíveis para as defesas daqui em diante.

    27 novembro 2025

    Há mais de seis anos a democracia brasileira vem se deteriorando


    Há mais de seis anos a democracia brasileira vem acumulando derrotas expressivas no STF. Desde quando Bolsonaro assumiu a Presidência e projetou crescente influência sobre o Congresso, o Judiciário tornou-se o principal fator limitador de sua agenda política e de seu campo ideológico.
    O atual momento é resultado do avanço simultâneo da judicialização da política e da politização do Judiciário. A esquerda encontrou no STF o meio de contornar o impasse de sua derrota e de não formar maioria no Congresso, usando as Cortes para substituir o Legislativo. Com um Legislativo fragmentado, conflitos que antes se resolviam na política passaram a ser empurrados ao STF. A Corte virou árbitro de disputas que deveriam permanecer na arena parlamentar.
    Esse movimento levou o Supremo a "agir como um partido político". No governo Bolsonaro, atuou como oposição, barrando decisões centrais do Executivo. Agora, no governo Lula, reforça a agenda do Planalto e restaura medidas derrotadas no Congresso.
    Com relação ao histórico de reveses, o primeiro ocorreu ainda em 2019, quando a Operação Lava Jato — símbolo das bandeiras anticorrupção defendidas pelos conservadores — sofreu uma sequência de derrotas no STF. Em novembro daquele ano, a Corte derrubou a prisão após condenação em segunda instância, decisão que reabria caminho para a libertação de Lula.
    Dois anos depois, em 2021, novas decisões — desta vez do ministro Edson Fachin, depois confirmadas pelo plenário — anularam as condenações de Lula oriundas da força-tarefa de Curitiba. O ato restaurou os direitos políticos do petista e redesenhou o tabuleiro eleitoral.
    Ainda em 2019, o Inquérito das Fake News inaugurou uma nova lógica no STF: a Corte passou a investigar, acusar e julgar críticos de seus ministros, num modelo sem paralelo no ordenamento jurídico brasileiro. Somado ao avanço do inquérito dos atos antidemocráticos e das chamadas “milícias digitais”, abriu-se uma frente contínua contra parlamentares, influenciadores, jornalistas e empresários associados à direita.
    O cerco jurídico ao governo seguiu firme. Em 2020, o STF suspendeu a nomeação de Alexandre Ramagem para chefiar a Polícia Federal, considerada uma das intervenções mais diretas sobre uma prerrogativa do chefe do Executivo. Decretos sobre armas, portarias ministeriais e até a graça (perdão presidencial) concedida a Daniel Silveira foram derrubados por decisões judiciais.
    Na eleição de 2022, a tensão migrou para o TSE. Bolsonaro foi proibido de realizar lives de campanha nos palácios, impedido de usar pronunciamentos oficiais — até mesmo o feito na ONU — e viu influenciadores aliados serem alvo de derrubadas de perfis e desmonetização. Inserções eleitorais foram cortadas ou ajustadas por ordem judicial.

    Com Lula de volta ao Planalto em 2023, o Judiciário ampliou seu raio de ação sobre o campo conservador. O TSE declarou Bolsonaro inelegível por abuso de poder político na reunião com embaixadores, afastando-o das urnas até 2030 naquele momento - a inelegibilidade agora foi ampliada até 2060 com o trânsito em julgado da condenação por tentativa de golpe. Operações relacionadas ao 8 de janeiro multiplicaram buscas, quebras de sigilo e bloqueio de bens.
    Influenciadores tiveram perfis apagados, canais de comunicação foram desmonetizados e plataformas sofreram restrições — o auge ocorreu em agosto de 2024, quando Alexandre de Moraes determinou a retirada temporária do X (antigo Twitter) do ar no Brasil.
    Em 2024 e 2025, esse ciclo se aprofundou. O STF acelerou os julgamentos dos réus do 8 de janeiro, aplicando penas severas e consolidando jurisprudência usada em casos correlatos envolvendo apoiadores de Bolsonaro. Os julgamentos dos réus foram atipicamente rápidos e envolveram pessoas sem prerrogativa de foro sendo condenadas diretamente na instância máxima da Justiça.
    O julgamento de Bolsonaro e dos demais réus por tentativa de golpe de Estado foi uma sucessão de atropelos jurídicos que colocaram em xeque o devido processo legal. A defesa relatou que teve menos de 15 dias para analisar bilhões de documentos, denunciou cerceamento por falta de acesso prévio e relatórios sem índice, além das mudanças convenientes de decisões e a seleção enviesada de provas pela Polícia Federal.
    Para Adriano Cerqueira, professor de Ciência Política do Ibmec-BH, o exame dos últimos anos não deixa dúvidas: “Trata-se de uma ação dirigida. Nunca se viu o mesmo rigor contra personagens da esquerda”.
    Apesar das derrotas eleitorais e judiciais, a direita manteve influência: ampliou suas bancadas no Congresso e nas últimas eleições municipais, segue forte nas redes sociais — mesmo sob censuras e cortes — e conserva capacidade de mobilização, evidenciando a persistência do campo conservador.

    Portanto, não estamos diante de um adversário qualquer mas os brasileiros não se renderão. O consórcio atual de poder já está com seus dias contados e a democracia voltará ao seu ilustre pedestal como deseja a maioria do povo brasileiro.

    O comedimento do Supremo é um CDB do Master

     



    Sob os aplausos do "democrata" Augusto Franco tomo conhecimento do texto abaixo. Como estou proibido, por ele, de comentar em sua conta no X, reuno a seguir três comentários sobre o artigo de Malu Gaspar, publicado nesta quinta-feira, 27/11/2025.

    1) Nada do que tem origem nos tribunais superiores do judiciário brasileiro não lhes dá salvo-conduto para transformá-los num poder intocável, sem limites. Nos últimos anos, desde a destruição da Lava Jato, o STF tem corroído a democracia brasileira. Há, portanto, uma necessidade imediata de sua correção.

    2) O artigo da Malu Gaspar está longe de ser digno de aplausos. É parcial e dá o aval para violar os princípios democráticos.

    3) Cachorro ensinado a morder inimigos, termina por morder o dono. Malu Gaspar aceitar uma Corte imoral, sob qualquer circunstância, é também uma imoralidade. A única parte boa é que o artigo é só para assinantes, nos disse André Marsiglia.

    4) Ah, a Malu Gaspar é do O Globo, nenhuma supresa.

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     O comedimento do Supremo é um CDB do Master

    Malu Gaspar, O Globo (27/11/2025) A prisão definitiva de Jair Bolsonaro e dos generais da trama golpista é prova da força da nossa democracia. Derrotou-se o golpismo há décadas latente na caserna, e pela primeira vez na História puniram-se os chefes de um complô por ruptura institucional. Está posto que, no Brasil, atentar contra o regime democrático pode sair muito caro. Mas o ciclo que se encerra com essas prisões também prova que a depuração democrática é uma tarefa que nunca termina. E não estará completa sem uma revisão profunda do papel do Judiciário. Uma das ideias que passaram a ser repetidas nos últimos dias é que, findo o julgamento, está na hora de o Supremo voltar para seu quadrado, ser mais contido, exercer mais comedimento. Embutido no raciocínio está o reconhecimento de que o tribunal, Alexandre de Moraes em especial, foi além de suas atribuições em vários momentos — e tudo bem, porque foi por “boa causa”, mas agora chega. O debate sobre até onde Moraes e o Supremo falharam é importante e ainda durará algum tempo. Decisões monocráticas e de ofício, sem ouvir previamente o Ministério Público, prisões preventivas por meses sem acusação formal, a morte na cadeia de um réu que poderia ter ido para casa de tornozeleira, a manobra que transferiu à turma e tirou do plenário o julgamento do ex-presidente serão sempre apontadas como máculas no processo. Há ainda fios soltos a puxar se porventura mudar o contexto político e jurídico, abrindo espaço para tentar anular o caso — como se fez na Lava-Jato com sucesso. Há até uma versão golpista da Vaza-Jato, com mensagens nada abonadoras para Moraes. Os excessos dele, porém, não tornam menos concreto o golpismo de Bolsonaro, da mesma forma que os desvios de Moro não apagaram a corrupção revelada pela Lava-Jato. O que deveria preocupar é o que o Supremo fez com o salvo-conduto recebido. O inquérito das fake news, ou “do fim do mundo”, é simbólico. Foi aberto em 2019 por Dias Toffoli, inconformado com uma reportagem a respeito da investigação da Receita Federal sobre sua mulher e a de Gilmar Mendes, ambas advogadas. Toffoli entregou a investigação a Moraes, sem sorteio e contra a Procuradoria-Geral da República, que defendeu o arquivamento. Na origem, portanto, nada tinha a ver com Bolsonaro. Com o passar do tempo, Moraes deixou para trás a história da reportagem e mudou o foco para apurar a disseminação de fake news por bolsonaristas. Por isso, muita gente bateu palmas. Sempre que pode, Gilmar faz questão de dizer que, sem o inquérito das fake news, o Brasil poderia ter virado uma ditadura. Vitaminado pelo combate ao golpismo, em agosto de 2023 os ministros também mudaram as regras para permitir que juízes de todo o país pudessem atuar em processos dos escritórios de advocacia de seus parentes, um liberou geral para a promiscuidade no Judiciário. Considerando que ao menos sete dos 11 ministros têm parentes em escritórios que cobram fortunas para representar interesses junto ao Supremo, foi uma decisão em causa própria, que numa canetada jogou por terra noções de republicanismo vigentes no mundo todo. Quem criticasse, porém, era implicante — ou pior, golpista. Eis que o processo do golpe está no fim e o escândalo do momento é do Banco Master — de acordo com MP e PF, nos últimos anos uma fábrica de fraudes que enganou mais de 1 milhão de investidores, além de drenar dezenas de bilhões de reais e a credibilidade do sistema financeiro. Uma das principais razões por que o esquema durou tanto tempo foi a blindagem política e jurídica do Master, que financiava variantes do Gilmarpalooza no Brasil e no exterior. Entre as estrelas desses eventos estavam Gilmar, Toffoli, Luís Roberto Barroso e Moraes. No balanço de 2024, o Master informou ter gastado mais de R$ 260 milhões com consultorias e advogados. Inclui-se aí a mulher de Moraes, Viviane Barci, agraciada com um contrato. Dadas as relações do dono do Master, Daniel Vorcaro, com políticos de diferentes calibres, não será surpresa o caso acabar no Supremo. Nessa hora, que farão esses ministros? A prisão de Bolsonaro e companhia foi histórica, mas o golpismo não é o único fator capaz de minar uma democracia. Sem a garantia de que as instituições servem unicamente ao interesse público e de que nenhum juiz está acima da lei, ela se enfraquece um pouquinho a cada dia. Protegidos pela capa de “heróis da democracia”, os supremos magistrados foram aos poucos derrubando os controles para se tornar intocáveis. Claro que mais comedimento seria muito bem-vindo, mas acreditar que isso ocorrerá sem custo equivaleria a comprar, a esta altura, um CDB do Master.

    25 novembro 2025

    COP 30: um vexame de R$ 5 bilhões


    O presidente da COP 30, André Corrêa do Lago,
    a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva
    e a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara.
     
    (Foto:
     Andre Borges/EFE)

    Mesmo para o mais fervoroso apoiador da agenda do catastrofismo climático, salta aos olhos que, para o governo brasileiro, o rescaldo da conferência climática COP 30 pode ser descrito, sem má vontade, como um vexame amazônico.

    Nem é preciso mencionar os múltiplos problemas da infraestrutura improvisada para o evento em uma cidade como Belém, sabidamente sem condições de sediar uma conferência internacional com mais de 50 mil pessoas — problemas que culminaram no incêndio ocorrido na chamada Blue Zone, na última sexta-feira, 21, que obrigou a evacuação das instalações e a paralisação dos trabalhos por mais de seis horas.

    O maior golpe para os organizadores foi terem sido forçados a contrariar a própria proposta de estabelecer um “mapa do caminho” para a eliminação dos combustíveis fósseis, feita pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

    Pressionada pelas grandes potências petroleiras e pelos maiores consumidores de hidrocarbonetos — Rússia, Arábia Saudita, China, Índia e outros —, a presidência da COP retirou da declaração final qualquer menção ao tema, provocando ferozes reações dos “descarbonizadores”.

    De imediato, Colômbia e Holanda reuniram um grupo de 30 países para anunciar a realização de uma Conferência Internacional para a Eliminação Progressiva dos Combustíveis Fósseis, na Colômbia, em abril de 2026.

    Como um mambembe prêmio de consolação, o presidente da COP, embaixador André Corrêa do Lago, prometeu que o Brasil apresentará um “mapa” próprio para ambos os tópicos. Resta ver quem o levará a sério.

    Outra desmoralização coube aos cientistas do pavilhão Ciência Planetária, liderados pelo brasileiro Carlos Nobre e pelo sueco Johan Rockström, parceiros na ONG Guardiões Planetários, cujo espaço ficou praticamente às moscas. Os dois passaram a conferência reclamando que os negociadores não os procuravam para ouvir a “palavra da ciência” e, ao final, divulgaram um documento qualificando a ausência do “guia rodoviário” como “uma traição à ciência e às pessoas”.

    Sem surpresa, os ambientalistas compartilham a apoplexia e a linguagem inflamada dos cientistas. Carolina Pasquali, diretora-executiva do Greenpeace, qualificou o texto como “praticamente inútil”. Já Márcio Astrini, coordenador-geral do Observatório do Clima, preferiu apontar o dedo, dizendo que a conferência deixou claras as diferenças entre “os que querem salvar o mundo e os que querem salvar o sistema”. Modesto e humilde o moço, não?

    Outro fiasco esperado foi a ausência de qualquer definição sobre o “financiamento climático”, a ilusória expectativa de que os países em desenvolvimento receberiam montanhas de dinheiro a fundo perdido das nações industrializadas para financiar uma “transição energética justa”.

    O documento final registra apenas a concordância em se fazerem “esforços” para triplicar o financiamento para a adaptação climática até 2035, mas sem qualquer compromisso formal quanto à origem dos valores ou seu montante.

    Da mesma forma, é incerta a viabilidade do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, menina dos olhos de Lula & cia., para o qual pretendiam atrair pelo menos US$ 10 bilhões em compromissos firmes em Belém (ver a coluna da semana passada). Ao final, mesmo com a meia-volta da Alemanha, que havia decidido não participar, não se chegou nem a US$ 7 bilhões, a maior parte condicionada ao atingimento da meta original nos próximos meses, o que ainda está por se ver.

    No frigir dos ovos, o desfecho denota o equívoco de condicionar a política externa brasileira à agenda encarnada por Marina Silva e sua colega Sonia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas, além da pretensão de Lula de apresentar-se como líder ambiental global.

    Nem mesmo Marina, apesar de aplaudida de pé na sessão final, conseguiu disfarçar a decepção com os resultados. “Sonhávamos com mais resultados”, admitiu.

    De fato, nenhum retoque retórico pode ocultar o vexame de Belém — e um vexame bastante caro, considerando os mais de R$ 5 bilhões empregados na “maquiagem” da capital do Pará para receber a conferência, que poderiam ter tido aplicações incomparavelmente mais úteis para os paraenses e para o país.

    Por Lorenzo Carrasco

    Lorenzo Carrasco é jornalista, presidente do Movimento de Solidariedade Ibero-americana (MSIa) e da Capax Dei Editora.

    O Golpe da Disney: Brasil transforma justiça em farsa


    Se alguém quiser um manual moderno sobre como as democracias se deterioram por dentro, pode ignorar Caracas, Havana e Manágua e olhar diretamente para Brasília, onde Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos de prisão pelo que ficará marcado como a acusação política mais ridícula do século: um suposto "golpe" orquestrado de uma casa alugada em Orlando enquanto planejava uma viagem em família para a Disney World.

    Bolsonaro entregou o poder pacificamente. Embarcou para os EUA. Fixou residência por um breve período na Flórida. Enquanto isso, Lula assumiu o cargo com controle total de todas as forças de segurança. No entanto, oito dias depois — com Bolsonaro aposentado no exterior, impotente e a milhares de quilômetros de distância — algumas centenas de manifestantes vandalizaram prédios governamentais vazios em um domingo tranquilo. Sem armas, sem cadeia de comando militar, nada que remotamente lembrasse um golpe. Bolsonaro condenou o ocorrido em tempo real. As únicas pessoas que o chamaram de golpe foram os aliados de Lula e o ministro Alexandre de Moraes, cuja ideia de “devido processo legal” se assemelha cada vez mais a uma perseguição política disfarçada de processo legal. E agora, nessa fantasia, foi condenado a quase três décadas atrás das grades — a principal figura da oposição, o favorito para 2026, preso pelo que a história lembrará como o “golpe da Disney”. Um golpe supostamente orquestrado de um subúrbio de Orlando e executado por ninguém. Um golpe cujo suposto mentor era levar seus netos a parques temáticos.

    O absurdo seria cômico se não estivesse sendo usado para neutralizar o rival político mais popular do Brasil. O próprio Lula foi condenado por corrupção — e saiu impune graças a tecnicalidades arquitetadas para trazê-lo de volta ao poder. Bolsonaro, por sua vez, está preso por um crime que existe apenas na imaginação de um judiciário que trava abertamente uma guerra política. A escolha do momento não foi acidental. Um dia depois de os Estados Unidos terem suavizado as medidas comerciais num gesto de boa vontade, Alexandre de Moraes recorreu ao uso mais severo do poder judicial até então — provando exatamente por que essas sanções existiam em primeiro lugar. Bolsonaro agora se junta às fileiras de dissidentes presos não por violência ou corrupção, mas porque suas ideias aterrorizam a classe dominante: Václav Havel, Nelson Mandela, Lech Wałęsa — líderes encarcerados porque as elites temiam as urnas. As instituições se revelam pela forma como tratam seus oponentes. Quando os tribunais orquestram a eliminação do adversário mais forte antes de uma eleição, não se trata de justiça — é a manutenção do regime disfarçado de juiz. A vergonha do Brasil agora está estampada em negrito: 27 anos por um golpe que nunca aconteceu, supostamente liderado por um homem que comia churrasco em Orlando. A história não esquecerá a covardia por trás dessa sentença. O golpe da Disney será lembrado não como o crime de Bolsonaro, mas como a vergonha do Supremo Tribunal Federal.

    Por Vicky Richter - Jornalista, Florida USA


    A rede de censura alemã

        Uma iniciativa internacional chamada "Liber Net" mapeou toda a rede de censura alemã – e descobriu muito mais do que esperava. O estudo revela como uma grande "Rede de Censura" financiada pelo Estado controla o debate online na Alemanha, colocando em risco a liberdade de expressão na maior economia da Europa. Aqui está a versão em inglês do estudo.

        O diretor da iniciativa, foi o australiano Andrew Lowenthal que apresentou os resultados do estudo em 20 de novembro em Berlim. Entre as descobertas estão 330 ONGs, fundações e agências governamentais, todas envolvidas na censura digital.     Disponíveis no site Libernet estão também os infográficos do estudo e um banco de dados interativo sobre organizações de controle de conteúdo e o valor do financiamento que recebem do governo alemão.

        O que beneficia particularmente o estudo é a perspectiva externa. Foram principalmente australianos, americanos e espanhóis que analisaram o sistema de censura alemão. O que mais os impressionou foi a abertura da conexão e da cooperação entre ONGs e o governo federal. Segundo os autores, esse nível de abertura não seria possível nos EUA ou na Austrália, por exemplo — lá, esse tipo de cooperação precisa ser tratado com muito mais discrição e sutileza, caso contrário, correria o risco de um escândalo. Nada parecido na Alemanha...

    24 novembro 2025

    A prisão do Bolsonaro não é um fato isolado



        Bolsonaro é apenas o personagem da vez. Desde Lenin, 1917, a prática da esquerda é mate e/ou destrua o seu adversário. 

        Há muitos exemplos disto no mundo inteiro, inclusive aqui no Brasil, até mesmo com o Bolsonaro em 2018 quando recebeu a facada em Juiz de Fora

        Portanto, o que está ocorrendo no Brasil é muito mais complexo por ser político, pois se trata da implantação de um sistema de poder que no caso até está escrito na cartilha do Foro de São Paulo, e que se tornou a Bíblia da esquerda após a queda da URSS. 

        É um assunto do andar de cima e pouca gente o entende. Mas a cúpula do PT sabe direitinho o que deve ser feito e como agir.


    23 novembro 2025

    A solução do imbróglio brasileiro está nas mãos de sua população


        O Brasil (alguns brasileiros) não aprendeu com a sua própria história. Nos dias atuais o País está convivendo sem a obrigatória harmonia entre os Poderes da República prevista na sua Constituição de 1988. A cada dia que se passa, aumenta a interferência do Poder Judiciário, através do STF, nos demais poderes corroendo fortemente o que está determinado na CF-1988.

    Princípios da harmonia entre os poderes
      • Independência e harmonia: A Constituição Federal de 1988 estabelece que os três poderes são independentes e harmônicos entre si.
      • Colaboração: A harmonia se manifesta na cooperação e no respeito mútuo entre os poderes para atingir um objetivo comum: o bem-estar da sociedade.
      • Sistema de freios e contrapesos: A independência dos poderes é limitada por um sistema de freios e contrapesos, no qual um poder pode limitar o outro para evitar o abuso de poder. 

        O Brasil passou a conviver, através de procedimentos jurídicos ilegais, com censura, buscas domiciliares, prisão e morte de "subversivos", controle de redes sociais, exilados políticos e por aí vai, práticas estas só encontradas em regimes ditatoriais implantados através de golpes e/ou similares. O Brasil deu marcha à ré. Passou a usar os instrumentos empregados pelos modelos de governos comunistas, fascistas e nazistas.

        Isto sabendo-se que as barreiras democráticas existentes no País, e que precisam ser mantidas, criam espaço para que as pessoas se manifestem, deliberem, se organizem e litiguem em resposta a ações questionáveis ​​dos Poderes da República, permitindo, inclusive, que se viabilizem ações cívicas para promover o interesse comum do Brasil em uma democracia de direito. É uma missão digna de qualquer cidadão consciente, de qualquer partido ou convicção política.

        A última coisa que os brasileiros precisam é de um confronto amargo, rancoroso e, sobretudo, inútil como é o principal debate político hoje existente. É um clássico em matéria de situação perde-perde. E, pior que tudo, é um problema criado integralmente pelo STF.

        Chegou-se ao ponto de se discutir esse imbróglio interno em outras nações. Há vários pronunciamentos a esse respeito. Desse repertório, selecionou-se o artigo escrito pelo Senador americano Shane Jett, divulgado nas redes sociais e copiado abaixo.

        A prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro

    A prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro evidencia o quão crítica se tornou a situação institucional no Brasil. O país enfrenta hoje o que muitos observadores internacionais consideram uma forma velada de ditadura judicial, concentrada nas mãos de um único magistrado, o ministro Alexandre de Moraes, cujo comportamento tem alarmado defensores das liberdades civis em todo o mundo.

    Não se trata de um episódio isolado. Há um padrão claro de tentativas de suprimir um lado político inteiro, afastando Jair Bolsonaro, líder apoiado por milhões de brasileiros, da vida pública e do processo democrático.

    Além disso, há relatos graves envolvendo milhares de cidadãos detidos, penas desproporcionais, idosos presos e até mortes relacionadas ao processo. Isso não reflete justiça; isso reflete a expansão de uma praga socialista que corrói pilares essenciais do Estado de Direito e limita o direito fundamental do povo brasileiro de escolher seu próprio destino.

    Lembro ainda que o ministro Alexandre de Moraes foi formalmente sancionado, e qualquer respaldo a ele, seja por instituições ou por autoridades, pode implicar aquilo que chamamos de sanções secundárias, conforme previsto na legislação internacional.

    Registro aqui meu apoio irrestrito ao Presidente Jair Bolsonaro, ao deputado Eduardo Bolsonaro e a toda sua família, que têm sido pilares firmes na resistência a essa agenda socialista que ameaça as liberdades em nossas nações.

    O objetivo aqui não é vingança; é justiça, estabilidade institucional e o reencontro do Brasil com o papel de referência republicana que um dia inspirou tantas outras nações.

    *.   *.   * 

        Chegou-se a um estágio que só a população poderá resolver o referido imbróglio, desfazendo a ditadura da toga. No mundo tem muitos exemplos de países nos quais a população se uniu e derrubou ditaduras cruéis. O maior exemplo talvez seja o da Polônia. Muitos morreram mas ao final o objetivo foi alcançado, sob a liderança daquele que se tornou papa, João Paulo II e do sindicalista Lech Walessa. 

        Um outro exemplo ocorreu em 23 de agosto de 1989, quando cerca de 2 milhões de pessoas da Letônia, da Estônia e da Lituânia formaram uma corrente humana - 600 km - que juntou os 3 países para mostrar ao mundo seu desejo de se livrar da União Soviética e esta caiu logo depois. Ah, na Itália também foi assim para se livrarem do fascismo. Os italianos prenderam Mussolini juntamente com sua mulher quando estavam fugindo e o enforcaram em praça pública. No Brasil, no século passado, em diversas ocasiões, o povo reagiu e foi como se resolveram os imbróglios de então.

        Desta vez a tarefa não será menor se a população não quiser viver sob uma ditadura. E se nada for feito em sentido contrário, nos tornaremos uma Venezuela, pois dela, de seu modelo de governo, já estamos muito próximos. 

        E tudo isso ainda vai durar muito tempo, não se muda da noite para o dia. Fica um alerta. Ano que vem (2026), as eleições serão marcos definitivos em todos os recantos desse nosso país. É preciso estar consciente disso e agir junto aos demais tentando esclarecer a população sobre esse imbróglio em que nos meteram.

        Por último, faz sentido relembrar o que publicou o advogado do presidente Donald Trump nas redes sociais. Confira abaixo.

    “A verdade incômoda é que nenhum país estrangeiro pode salvar uma nação cujos próprios cidadãos têm medo demais para defendê-la. Os Estados Unidos podem expor o que está acontecendo, pressionar, impor custos e sanções, mas não podem ir às ruas pelos brasileiros. Nem mesmo Donald Trump pode consertar o que os brasileiros não querem defender por si mesmos.

    As sociedades não superam o medo esperando que alguém as resgate. Mas o medo perde sua força no momento em que as pessoas decidem se unir e deixar claro que já chega.”

    — Martin De Luca - 🇺🇸🇧🇷

    21 novembro 2025

    “justiça revolucionária”


        Em 8 de maio de 1970, o Tenente Alberto Mendes Júnior, da Polícia Militar de São Paulo, comandava um pelotão em uma patrulha na região de Sete Barras/SP. Durante a operação, ele e seus homens foram emboscados por militantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Após ser rendido, Mendes Júnior foi feito refém para proteger seus subordinados. A VPR era financiada por Rubens Paiva.


    Detalhes do ocorrido

    - Dois dias depois, em 10 de maio de 1970, os guerrilheiros montaram um “tribunal revolucionário” improvisado e o condenaram à morte.

    - A execução foi brutal: o tenente foi golpeado com sucessivas coronhadas na cabeça, esfacelando seu crânio.

    - Seu corpo foi enterrado no local e permaneceu desaparecido por cinco meses, até ser encontrado em 17 de outubro de 1970.

    - A morte foi registrada como homicídio doloso e consta nos arquivos da Comissão Nacional da Verdade e do Ministério Público.


    Contexto

    - Idade e carreira: Alberto Mendes Júnior tinha 23 anos, era filho de Alberto Mendes e Angelina Plácido Mendes, e servia como tenente da Polícia Militar. Foi promovido postumamente a capitão.

    - Motivação: O assassinato foi justificado pelos guerrilheiros como uma retaliação ao regime militar e uma tentativa de “justiça revolucionária”, prática comum em grupos armados de esquerda durante o Regime Militar.

    - Impacto: O caso chocou a corporação policial e a sociedade, sendo usado como exemplo da violência de ambos os lados do conflito. Mendes Júnior é lembrado como herói pela Polícia Militar e homenageado em cerimônias oficiais.


    Observações

    - O crime foi confessado por um dos envolvidos, Carlos Lupi, em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, mas a VPR nunca assumiu oficialmente a autoria.

    - A morte de Alberto Mendes Júnior é um dos casos emblemáticos de violência política durante o regime militar brasileiro (1964‑1985) e integra os relatórios de direitos humanos sobre o período.


    20 novembro 2025

    Recuperar liberdades perdidas é sempre mais difícil do que preservá-las

     


        Hoje celebra-se os 80 anos do início dos julgamentos dos líderes nazistas no Tribunal de Nuremberg. Os réus em Nuremberg eram líderes da maldade mais organizada e extensa da história. Mesmo assim os aliados que ganharam a II GM , acharam que eles deveriam ter um julgamento justo. O Tribunal deu aos nazistas o que eles haviam negado a seus próprios oponentes — a proteção da lei.

        Contudo, as lições do Tribunal de Nuremberg não prosperaram. Ao longo da história, regimes autoritários se consolidaram em países como Rússia, Irã, Coreia do Norte e China por meio de rupturas institucionais abruptas – revoluções, golpes militares ou guerras civis. Esses processos, embora traumáticos, marcaram transições claras entre modelos políticos. 

        Chegamos ao século XXI e - infelizmente - o Brasil caminha também para um modelo de controle autoritário não por imposição, guerra civil ou por uma ruptura violenta, mas por decisão institucional, silenciosa e progressiva. Trata-se de uma ditadura por escolha – e isso é o que torna o cenário ainda mais preocupante.

        A centralização de poder no Judiciário, o uso político de decisões judiciais, o enfraquecimento do contraditório e o alinhamento diplomático com regimes autoritários revelam um projeto político que desafia os fundamentos democráticos. Não há tanques nas ruas, mas há silenciamento. Não há censura oficial, mas há perseguição seletiva. O Brasil não está sendo empurrado para o autoritarismo – está indo por vontade própria.

        Decisões monocráticas, inquéritos sigilosos e ordens de bloqueio de perfis em redes sociais têm sido usadas como instrumentos de controle político. A democracia exige pesos e contrapesos – e quando um poder se sobrepõe aos demais, o equilíbrio institucional se rompe.

        O Brasil, a partir de 2019, passou a ignorar o Tribunal de Nuremberg e optou por copiar o temido Volksgerichtshof (Tribunal do Povo) da Alemanha nazista. Presidido por um juiz careca, sádico, psicopata e constantemente autorreferente (referirmo-nos a Roland Freisler, na década de 1940), suas sentenças judiciais condenaram inocentes por “crimes” como supostas tentativas de abolir o Estado, traição, escrever em jornais dissidentes e até mesmo contar piadas. 

        A democracia brasileira é jovem, mas vulnerável. A erosão institucional não vem com tanques – vem com silêncio. Quando o poder se concentra e o debate se retrai, a democracia enfraquece. E recuperar liberdades perdidas é sempre mais difícil do que preservá-las.