O otimismo é quase uma obsessão do ser humano. E é bom que seja sempre assim. Há épocas em que este sentimento se faz mais presente, notadamente quando se pensa em datas, ano novo por exemplo. O calendário atual nos premia com mais uma delas: as eleições a serem realizados em outubro próximo.
No balanço dos artigos e colunas que foram publicadas na mídia e nas redes sociais, até o momento, diversos autores apontaram os principais desafios para o próximo governo.
Em outras palavras, todos querem evitar que os equívocos cometidos nas últimas décadas não sejam repetidos e que não continuemos voando como galinhas.
Entretanto, alterar esse tipo de voo não será tarefa fácil. À medida que as eleições se aproximam, os antigos vícios do processo eleitoral começam a demonstrar que tudo irá acontecer como"dantes no quartel de Abrantes". A tão esperada renovação dos costumes políticos não ocorreu.
Em outras palavras, a necessária reforma política não aconteceu. Iremos às urnas com, praticamente, as mesmas e ultrapassadas regras vigentes no País. Após meses de "boas intenções" sobre a reforma do sistema político, uma série de projetos ficou pelo caminho, e as mudanças se limitaram à cláusula de barreira(*), ao fim das coligações(**) e à criação de um fundo para campanhas com dinheiro público.
Nessa última mudança, os parlamentares agiram como se possuíssem um salvo conduto para legislar e atuar em causa própria, ao retirarem dinheiro dos cofres públicos para financiarem a própria reeleição.
Além de já contarem com o fundo partidário de R$ 888 milhões, já liberado pelo TSE, os parlamentares criaram um novo fundo (Fundo Especial de Financiamento de Campanha - FEFC) com o dinheiro do contribuinte. Para 2018 o seu valor é de R$ 1,716 bi.
Em busca de espaço, estrutura financeira e coligações favoráveis para uma reeleição ou alçar voos mais altos, promoveram-se o troca-troca de siglas partidárias dos atuais parlamentares sem o risco da perda de seus mandatos.
Aproxima-se próximo passo, a escolha dos candidatos, que ocorrerá de forma completamente indiferente aos anseios dos eleitores. O cenário observado até então é desolador.
Com as mais de 30 siglas partidárias reconhecidas pelo TSE, nenhuma delas possui identidade com o eleitor. Obtiveram seus registros junto ao TSE cumprindo o processo burocrático exigido para tal.
Com relação aos possíveis candidatos, de cada uma delas, o distanciamento ainda é mais elevado. Há parlamentares que já estão na terceira ou quarta sigla após a sua última eleição, isto sem considerar que algumas delas alteraram suas denominações, mas os conteúdos continuam sendo os mesmos.
Enfim, some-se a esse contexto, o grave momento atual da política brasileira no qual as autoridades judiciárias estão em grande evidência. Os militares também estão se aproximando.
Não é possível se antecipar nada. Os próximos tempos serão curiosos. Continuaremos otimistas ?
(*) Será iniciada para as eleições de 2018, começando com 1,5% dos votos válidos a deputados federais, distribuídos em pelo menos nove estados e atingindo 3,0% (desejável seria 5,0%) em 2030, com o mínimo de 2,0% em cada um dos estados.
(**) Proibição de coligações partidárias ficaram para 2020
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