06 junho 2021

TOXICIDADE AGUDA - Doses únicas com risco de morte

Ao me deparar com a imagem aqui mostrada, fiquei surpreso por ver a Vitamina D3 entre as substâncias extremamente tóxicas. Nada complicado. Basta entender o conteúdo abaixo.

Cheguei até lá procurando saber um pouco mais sobre esse mundo complexo em que vivemos, no qual a palavra agrotóxico ganhou expressão pública, principalmente, a partir do surgimento das redes sociais. Nelas vemos muitos "doutores" falando sobre o assunto, bem como sobre o desmatamento da Amazônia, o meio ambiente e mais recentemente acerca do Covid-19. Todos no mesmo nível de "amplo conhecimento".

Nessa busca encontrei o livro "Agricultura - Fatos e Mitos", dos autores Xico Graziano, Décio Luiz Gazzoni e Maria Thereza Pedroso, capa nesta segunda imagem, o qual traz importantes lições sobre o nosso agronegócio esclarecendo o que é fato e o que é mito.

Neste artigo abordarei apenas algumas informações nele contidas que tratam do tema TOXICIDADE AGUDA - Doses únicas com risco de morte, mantendo, sempre que possível, o mesmo texto encontrado no referido livro.


Dose Letal 50

A DL50 é conceituada como "uma quantidade que, para causar morte, teria que ser ingerida de uma só vez, e não à prestações". 

É o parâmetro toxicológico mais difundido na avaliação de agrotóxicos. Ele significa "a dose de uma substância química que provavelmente mata 50% das cobaias em testes de laboratório". No grupo das substâncias altamente tóxicas se encontram a nicotina e a cafeína. Menos tóxicos são o paracetamol e a deltametrina, inseticida usada para matar piolhos em seres humanos, mas que possui múltiplos usos autorizados na agricultura.

Ingestão Dária Aceitável (IDA)

Esse parâmetro é conceituado como "a quantidade máxima que, ingerida diariamente, durante toda a vida, parece não oferecer riso apreciável à saúde, à luz dos conhecimentos atuais". Aqui está a chave de toda a discussão sobre o impacto de pesticidas na saúde humana. "Quem entende o conceito e o processo passa a ter outra visão, científica, sobre o tema", dizem os autores do livro e concluem que "existe uma enorme margem de segurança para riscos eventualmente causados à saúde humana por agrotóxicos, com uso formalmente autorizados pela ANVISA. Para existir a probabilidade de eventuais danos à saúde, a dose do agrotóxico deveria ser 100 a 1.000 vezes maior que a IDA calculada em testes de laboratório".

Limite Máximo de Resíduos (LMR)

Por outro lado, é necessário garantir que as pessoas nunca irão ser expostas a essa dose (IDA) apesar de toda a segurança que ela embute. Para tanto existe o conceito de Limite Máximo de Resíduos (LMR).

Trata-se da "quantidade máxima de resíduo de agrotóxico ou afim oficialmente aceita no alimento, em decorrência da aplicação adequada de um agrotóxico, numa fase específica de uma planta cultivada". O LMR leva em consideração a IDA, uma vez que ele é a garantia de que o resíduo presente nunca permitirá superar a IDA do alimento em questão. Dessa forma, todo alimento que contenha resíduos inferiores ao LMR não oferece qualquer risco à saude humana, à luz dos conhecimentos atuais, mesmo se ele for ingerido diariamente, durante toda a vida.

Portanto "doutores", o mundo seria um lugar muito melhor para se viver se tanto agricultores quanto cidadãos utilizassem conceitos científicos de análise de risco para suas decisões e falações também.


PS.: Em Manaus, a PF investiga a morte de 22 pessoas que se encontravam hospitalizadas em decorrência da Covid-19 por, supostamente, terem tomado dosagens de medicamentos superiores ao que é permitido, segundo nos conta a Dra. Mayra Pinheiro nesta entrevista concedia à JovemPan, em 07/06/2021.

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