07 abril 2022

LULA NÃO QUER SER PRESIDENTE - LULA ACABOU TAMBÉM VIRANDO UM POSTE

Há três dias (4/4) escrevi que aproxima-se a vitória do Bolsonaro no primeiro turno das eleições e comentei sobre a ocorrência das primeiras desistências de pré-candidatos. Disse também que a próxima desistência não demorará muito a acontecer, e que terá maior repercussão.  Trata-se da candidatura do ex-presidiário Lula. O próprio coordenador da sua campanha, neste fim de semana, afirmou que o PT não tem força para vencer o presidente Jair Bolsonaro em outubro de 2022. 

No início da noite (6/4), leio que Lula não quer ser presidente, em ótimo artigo do Paulo Cursino(*) que transcrevo mais abaixo.


Praticamente todos os assuntos citados no artigo pelo Cursino - falas do Lula nos últimos dias - são verdadeiras afrontas à democracia. Como estão em videos que foram divulgados nas redes sociais, o Lula já deveria estar preso, pelo mesmo critério usado por Alexandre de Moraes - flagrante
permanente - para prender o deputado Daniel Silveira.

Boa leitura.

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Lula não quer ser presidente (*)

Está na hora da esquerda e a mídia admitirem. Ele apenas entrou num buraco do qual não sabe sair. Se desistir, o PT será esmigalhado. Se continuar e perder, sairá humilhado. Se vencer, enfrentará um país divididíssimo e sem quadros confiáveis para governar. Em suma: Lula não ganha nada com esta eleição ainda que a vença. Uma encalacrada.

Seu ar está cansado, lento, empurra uma campanha com a barriga. Lula quer desistir e não sabe como. Está fazendo força para que desistam dele e ninguém percebe. Prefere ser tirado da jogada, ser traído, seria muito mais digno do que assumir que não quer mais concorrer. Lula precisa da narrativa de vítima das circunstâncias para sair por cima, para não parecer que arregou. Alguém no PT precisa entender seus sinais e dar o tiro de misericórdia. Porque ele está fazendo de tudo para não ser eleito e parece que ninguém tem coragem de encarar esta realidade.
Exemplos deste desejo abundam. Lula chamou Alckmin pra vice, dividindo a base e comprando briga feia dentro do partido. Afirmou que censurará redes sociais, para arrepio da parte pensante da mídia. Disse que vai chamar o MST pra governar junto, queimando pontes com o agronegócio. Em um evento do próprio MST deu piti por ter palanque pequeno e "esqueceu" de tirar do pulso um relógio de setenta mil reais. Também já disse que não sairá em campanha corpo a corpo porque tem medo de atentado e que não irá a debates. Oi? Ontem apelou dizendo que a militância tem que cercar as casas dos deputados. Um absurdo. Como se não bastasse, disse que a classe média brasileira consome demais e que isto precisa ser revisto. E ainda triplicou a aposta: defendeu o aborto, comprando briga com o apoio de parte dos evangélicos pelo qual o PT ainda briga, e hoje a quadruplicou afirmando que DEUS É PETISTA!
Ou seja, encaremos os fatos: já passou da fase de ser mero tiro no pé. Lula realmente está jogando contra e implorando por uma intervenção. O que mais ele precisa fazer? Chutar um vira-lata caramelo diante das câmeras? Se bem que até esse tipo de coisa perdoarão, claro. O antibolsonarismo psicótico é uma doença incurável.
O mais irônico disso tudo é a grande virada da narrativa da trajetória de Lula. Um cara que já deixou sua marca na história brasileira, para o bem ou para o mal, já teve muito mais poder do que tem hoje, e não precisava passar por tudo isso novamente. Sua fase já passou, já cumpriu sua missão. Um político que gerou nulidades como Dilma e Haddad tornou-se, ele próprio, o maior exemplo da falta de alternativas para um partido e para um país. Hoje tem que encarar uma candidatura e uma disputa que claramente não deseja, ainda que afirme o contrário. Lula foi político, tornou-se uma idéia e, quem diria, acabou virando também um poste.

(*) Por Paulo Cursino - Roteirista e Produtor na empresa Cinema Brasileiro.

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