Esses números são um problema e tanto. São detestados pelas classes que pensam e, mais do que isso, querem pensar por todos; são chamados, na linguagem da imprensa e do ministro Alexandre de Moraes, de números bolsonaristas, ou, pior ainda, de antidemocráticos.
O país “destruído” pelo governo atual é uma mentira; pior que isso, é uma bobagem, ou um certificado de estupidez para a frente “equilibrada” que acha uma boa ideia colocar na presidência do seu país um político que passou 20 meses no xadrez, condenado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, em três instâncias e por nove juízes diferentes.
Para “salvar o Brasil da direita”, estão trocando a disputa política por fanatismo, pela histeria e pelo rancor; não respondem mais à razão, e sim aos seus tumultuados desacertos psicológicos. O resultado é que estão em pleno negacionismo dos números.
Esse texto e outros que se seguem (preço dos combustíveis, PIB, desemprego e comércio exterior), são extratos da ótima coluna do J. R. Guzzo, com refinada ironia, publicada na revista Oeste (123), neste final de semana.
Boa leitura.
* * *
Inflação
"O último boletim do Banco Central, que hoje é independente do governo, informa que a inflação vai fechar 2022, de ponta a ponta, em 7,15% (*) — são os cálculos do IPCA, ou Índice dos Preços ao Consumidor.
É isso mesmo: são 7,15%, no ano inteiro. Este é um dos números mais ilegais e mais odiados de todos. Ele desmancha, sozinho, a sentença de morte sem apelação que o “consórcio de órgãos de imprensa” e os seus analistas de mesa-redonda já tinham passado para a economia brasileira.
Até outro dia, os jornalistas davam como certo que a inflação estava “fora de controle”. Quando escreviam isso, com a certeza de quem anuncia um fato científico, estava acontecendo justamente o oposto no mundo das coisas reais. A inflação, naquele preciso momento, não apenas estava sob controle; estava caindo.
A se confirmarem as estimativas do Banco Central, que não costuma errar nesses casos, o Brasil terá, na verdade, uma das menores taxas de inflação do mundo.
Vale a pena, aí, pensar um ou dois minutos nesses 7,15%. Isso é menos do que a inflação prevista para este ano nos Estados Unidos, que está rolando na beira dos 8,5% para os últimos 12 meses, e pode subir ainda mais; é a pior dos últimos 40 anos.
Muito bem. A pergunta a fazer, no caso, é a seguinte: você se lembra, alguma vez na sua vida, de ter visto a inflação no Brasil ser menor que a dos Estados Unidos? Está acontecendo agora; como, então, a economia brasileira poderia estar “destruída”? "
(*) Atualizado em 01/08/2022, às 15:33 h
Continua ...
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