A amarga profecia de James Burnham
Diante do inegável e acelerado declínio cultural da civilização ocidental nas últimas gerações, faz-se inevitável a pergunta: como chegamos a esse ponto? Como passamos do amplo horizonte vital das antigas civilizações a essa espécie de sentimentalismo mesquinho e narcisista?
Em busca das raízes da nossa crise atual, James Burnham analisou as definições antiga e moderna da ideologia progressista, mostra suas características, crenças e mazelas, e conclui que as tendências suicidas ocidentais residem não tanto na falta de recursos ou poderes militares, mas na erosão dos fatores intelectuais, morais e espirituais da sociedade ocidental.
A análise que o autor faz das deformações atuais de ordem moral, existencial e política se prova quase profética, pois não se limita a atacar o comunismo, mas aponta muitas faces do totalitarismo e critica a possível "revolução administrativa", que tem por objetivo banir a liberdade em nome da eficiência e do controle burocráticos.
A imagem é capa do seu livro, escrito há 60 anos. Nele relatou as origens e características da dinâmica desse suicídio em que procurou, em tempos de guerra fria, apontar o declínio cultural e acelerado da civilização ocidental, especialmente a partir da década de 1930, e propor respostas para a importante pergunta: como o Ocidente chegou a esse ponto?
Neste final de semana (23/02/2024), Ubiratan Jorge Iorio nos brindou com um magnífico artigo que nos traz respostas para tais profecias e perguntas. Recomendo fortemente a sua leitura. Começa dizendo que:
"Qualquer análise factual simples é suficiente para identificar com clareza os ataques sistemáticos que o Ocidente está sofrendo, com investidas incessantes — ora dissimuladas, ora abertas, mas cada vez mais ostensivas —, com vistas a destruir todas as suas instituições. As agressões começam com a distorção da própria concepção filosófica da natureza humana e chegam à política, à economia, à religião, à cultura, às artes e à maioria dos costumes, enfim, a tudo o que possa lembrar a nossa tradição. Nada escapa aos detratores em sua ânsia destruidora dos princípios, valores e instituições forjados ao longo de séculos de aprendizado e aperfeiçoamento, que estabeleceram a civilização e aboliram a barbárie." [ ... ] "a profecia de Burnham está prestes a se consumar. Seis décadas depois, o Ocidente subiu ao terraço do arranha-céu e ameaça se atirar lá de cima, aos gritos dos progressistas e globalistas de “Pula! Pula!”.
Ubiratan também nos faz um alerta importante no sentido de não nos deixarmos se iludir pelo “plim plim” do noticiário convencional, pois é provável que passemos a acreditar que, de fato, o Ocidente é o grande responsável pelo que existe de pior no mundo e aponta seus dois maiores inimigos atuais: o progressismo e o globalismo.
E por se falar em globalismo e "plim plim", não há como deixar de se recordar desta imagem de 19/04/1994, reunindo, respectivamente, as suas lideranças.
Segue o artigo do Ubiratan: [ ... ] "A guerra contra a cultura ocidental está em todos os lugares, o tempo inteiro: nos jornais impressos e eletrônicos, nas estações de TVs e rádios, nas escolas e universidades, do maternal ao pós-doutorado, nos estádios e quadras, nos palcos e telas de cinema, em casa, nas ruas, nos escritórios, em muitas igrejas e ONGs, em cima e embaixo, na cidade, na praia, no campo, na chuva e no sol. Todas as instituições culturais do Ocidente, em especial o seu principal fundamento, que é a tradição judaico-cristã, enfrentam enormes pressões para se afastarem de seu passado e, muitas vezes, para simplesmente abandoná-lo".
Não é mais novidade que o mundo do século XXI passou a assistir a um surto megalômano de nerds bilionários conectados a ditadores dissimulados e perfumados por animadores de auditório e subcelebridades em geral, cuja agenda é: "Você não vai ter nada e vai ser feliz".
É um apetitoso convite de mentira - como tudo na cosmética política correta - a um mundo de união, conectado pela inteligência e pela ética. Seria uma espécie de neoromantismo hippie, atualizado pela tecnologia, e que poderia soar até inspirador se não fosse falso. Mas a falsidade é apenas um detalhe.
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