15 novembro 2024

A Esquerda corre o risco de ser cancelada e extinta


Por Stephen Kanitz


O fenômeno Trump não é apenas uma guinada para a direita, como muitos interpretam. Ele representa algo muito mais profundo e inquietante: uma revolta explícita contra os abusos da esquerda nas últimas décadas, tanto no Brasil quanto no cenário internacional. Nos últimos 10 anos, a esquerda ultrapassou limites enquanto esteve no poder. No Brasil, o fim da Lava Jato, o desmantelamento do combate à corrupção, a devolução de bilhões a políticos flagrados, o aparelhamento do STF e a repressão violenta aos protestos de 8 de janeiro deixaram a direita acuada. Nos Estados Unidos, o impeachment de Trump e as políticas polarizadoras de Obama e Biden seguiram um roteiro semelhante. Até recentemente, a direita brasileira e americana aceitava a alternância de poder pacificamente. No Brasil, toleraram lideranças como Fernando Henrique, Lula e até Dilma Rousseff, que, apesar de sua incompetência, foi removida dentro do jogo democrático. Mas a esquerda, mesmo fora do poder, continuava seus ataques: demonizando empresários, administradores, a burguesia e os ricos. A retórica de destruir o capitalismo, taxar os mais ricos até o limite e minar a família tradicional brasileira inflamou ânimos como nunca antes. Esse discurso de ódio, perpetuado ao longo de 50 anos, alimentou figuras como Olavo de Carvalho, General Heleno e Jair Bolsonaro. Em vez de um debate de ideias, consolidou-se a narrativa de "nós contra eles". Pela primeira vez, ouvimos um discurso de vingança vindo da direita, algo que não existia há três décadas. O atentado a Bolsonaro e o cerco político contra Trump foram o estopim. A imagem de Trump erguendo o punho fechado, em um gesto que ecoa Che Guevara, simboliza um chamado à luta direta. Caminhamos para uma guerra civil ideológica, onde a direita dos EUA já ameaça perseguir a esquerda de forma implacável, ecoando o mccarthismo. No Brasil, a polarização está em níveis tóxicos: famílias destruídas, amizades rompidas e uma sociedade profundamente dividida. Ninguém hoje, nem de direita nem de esquerda, sabe o que seria uma direita moderada. Não temos gurus de direita expondo ideias. Não consegui convencer os jornalistas de esquerda com quem convivi, como Rui Falcão, da Exame, sobre comunitarismo ou da administração socialmente responsável – dois movimentos à esquerda da direita que já seriam um bom começo. Não, todos queriam a violência, a Ditadura do Proletariado. A esquerda usou a violência como arma política ao longo da história. Greves que ameaçam trabalhadores, violência tributária, Intentona Comunista, guerrilhas, facadas e tiros contra adversários mostram que o discurso de "paz e democracia" é apenas fachada. Agora, a direita está disposta a responder na mesma moeda – não com armas, mas cancelando, marginalizando e expulsando a esquerda da vida pública. Se você votou no Lula, reflita. Não demonstre ódio por Trump, especialmente se você faz parte da elite. Você pode se sentir bem "sinalizando virtude" com discursos de esquerda enquanto mantém um padrão de vida que critica. Em vez disso, doe metade do seu patrimônio para os pobres, evitando assim os 50% do futuro imposto sobre herança. Vá viver algum tempo em Cuba ou Venezuela e encare a realidade que defende. A esquerda perdeu a oportunidade de liderar com ética e integridade. Mas lembre-se: não foi a direita que começou com essa violência. Teremos tempos sombrios, muito sombrios pela frente, porque, além de José Dirceu, a maioria da esquerda não percebeu.

2 comentários:

  1. Fantástico... gosto muito dos textos do Stephen Kanitz... fazia tempo que não via uma publicação dele. Obrigado por compartilhar.

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  2. Que Trump bote pra quebrar nesses esquerdopatas. Será que existe algum que não seja ladrão, corrupto, desonesto, ou seja, bandido? Toda a cúpula do PT foi condenada e foi pra cadeia.

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