
Pouco mais de um ano e meio após a posse de Javier Milei, a Argentina colhe resultados econômicos que estão sendo elogiados em todo o mundo.
Diferentemente do que até se divulga, contudo, não existe milagre. Existe apenas conhecimento e bons propósitos de uma gestão já anunciados no período eleitoral. Milei pertence ao grupo de pessoas que se guiam por essa frase - não sei nada sobre isso mas quero aprender. A crise econômica da Argentina na década de 1980 despertou seu interesse pela economia, especialmente após observar o comportamento das pessoas em supermercados durante a hiperinflação. Graduou-se em economia e cursou mestrado e doutorado na área. Atuou como professor universitário e também como economista. Conquistou espaço na mídia argentina, manifestando suas posições libertárias e conservadoras, definindo-se como um capitalista, que defende a troca voluntária de bens e serviços em uma sociedade amplamente regulada pelo mercado e não pelo Estado, marca essa defendida por Ayn Rand, ao escrever seu best-seller "A revolta de Atlas", em 1957, se tornando a musa do liberalismo moderno.
Matthew Lynn, colunista do jornal britânico The Telegraph, publicou em julho um texto que mencionou o país governado pelo presidente libertário como um exemplo de racionalidade em um mundo de incerteza econômica. “Quando o resto do mundo acordará para o milagre argentino?”, escreveu Lynn.
A economia argentina está passando por uma forte recuperação. Este é certamente um desenvolvimento muito bem-vindo”, disse o economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, segundo informações do jornal Clarín.
Allan Gallo, professor de ciências econômicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie e pesquisador do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica (MackLiber), afirmou que os dados econômicos da gestão Milei comprovam que “houve acertos importantes”.
“Na minha visão, o principal deles foi o compromisso com o ajuste fiscal. Milei enfrentou resistências duras, mas conseguiu reorganizar as contas públicas e sinalizar que o país não aceitaria mais conviver com déficits crônicos.”
“Essa virada fiscal devolveu um grau de previsibilidade para a economia argentina. Pela primeira vez em muitos anos, houve superávit, e isso criou uma base mínima para a retomada da confiança geral.”
“Novamente, o que realmente atrai capital estrangeiro é a estabilidade de regras, a previsibilidade e a confiança. Relação pessoal entre presidentes ajuda, mas não substitui fundamentos econômicos”, finalizou Allan Gallo.