07 outubro 2025

Terá sido mesmo uma vitória diplomática?


    Lula e a imprensa estatizada tentaram apresentar um telefonema amistoso como vitória diplomática. Porém, não tardará a descobrir (se é que já não descobriram) que Lula não foi convidado para uma conversa - e sim convocado para um interrogatório.


     A ligação entre Lula e Trump, anunciada em tom de “cordialidade” e “respeito mútuo” nesta segunda-feira, 6 de outubro, rendeu boas manchetes em Brasília - mas o que se desenha nos bastidores é outra história: um reposicionamento direto e duro na relação entre os Estados Unidos e o regime petista. Trump não designou um economista como interlocutor, mas o czar da política externa americana, Marco Rubio - um gesto que, em diplomacia, é visto como advertência.

    Escolher o secretário de Estado, e não os titulares do Tesouro (Scott Bessent) ou do Comércio (Howard Lutnick), é uma jogada calculada. O problema dos EUA com o Brasil não é mais a tarifa - é o regime. Para Washington, as tarifas são a isca e as concessões políticas, o verdadeiro objetivo. 
    Como se sabe, Rubio, filho de exilados cubanos e veterano das batalhas contra o socialismo no continente, conhece cada fio da teia que liga o PT a Cuba, Venezuela, Nicarágua e Pequim. Para ele, Lula não é apenas um presidente, mas um elo ativo entre regimes autoritários.

    O Planalto entra na negociação já de joelhos, sem força política, enquanto a economia enfraquece: as exportações para os EUA caíram quase 20% desde o início do tarifaço. Para compensar, o governo ampliou as vendas à China, como se dissesse a Washington: “Se vocês fecham as portas, eu me viro com Pequim.” Mas, do ponto de vista americano, essa reação apenas confirma o diagnóstico de Trump e Rubio - o Brasil age como satélite de regimes autoritários, trocando influência econômica por submissão política.



Nenhum comentário:

Postar um comentário