11 setembro 2015

UM DIA APÓS A PERDA DO GRAU DE INVESTIMENTO

Um dia após a perda do grau de investimento decretada pela agência Standard & Poor's, em entrevista ao blog do Josias de Souza, o Senador Cristovam Buarque (PDT-DF) defendeu a saída do ministro da fazenda, Joaquim Levy. Em parte concordo com o Senador, mas é preciso também se chamar à atenção que o problema não está apenas no executivo. Hoje podemos enxergá-lo nos três Poderes, sendo o sistema político o alicerce de todos eles.
O que hoje estamos vivendo é resultante de um lastimável sistema político existente no País, há décadas, do qual o Senador Cristovam faz parte como parlamentar. É preciso mudar esse sistema sem o que, com apenas a simples troca de pessoas, não irá destruir os grandes incêndios que, periodicamente, surgem no Brasil. Pode-se até apagar as suas labaredas, mas o fogo de monturo persistirá.
Essa mudança do sistema é de responsabilidade do Congresso Nacional que, atualmente, como também o Planalto, não possuem credibilidade, usando a mesma palavra dita pelo Senador, em um de seus últimos artigos
As Casas Legislativas de todo o País precisam dar o exemplo e iniciarem esse processo de mudança, a começar pelo padrão ético, altamente necessário para se ter credibilidade. Isto porque, por diversas vezes, de tempos em tempos, as manchetes na imprensa e, mais recentemente, nas redes sociais, sobre os seus funcionamentos são de páginas policiais. Adicionalmente, só se fala, por exemplo, que está vindo mais um "trem da alegria" por conta de mais um embarque de milhares de assessores para parlamentares. Estes, por sua vez, em número muito elevado, têm seus salários multiplicados por quatro ou cinco vezes, via artifícios como as verbas indenizatórias e por ai vai. 
Ainda nesse sentido, é também do conhecimento de todos, que não haverá uma democracia de alto nível com um sistema político que possui dezenas de siglas de aluguel, e que, a cada ano suga dos cofres públicos quantias de valores consideráveis. Este ano sugarão quase R$ 1 bilhão, via Fundo Partidário, aprovado, no apagar das luzes, através de emendas de últimas hora, por parte do Congresso que aí está. Uma verdadeira aberração. 
Não há dúvida de que uma democracia precisa de partidos sim, mas com letras maiúsculas e que estes sobrevivam financeiramente apenas das contribuições de seus filiados - pessoas físicas - e não de "doações" de pessoas jurídicas e, muito menos, de recursos públicos. 
Com mudanças dessa natureza, o Brasil estará dando um grande passo em direção aos anseios de sua sociedade e até uma lição para o resto do mundo. 
Sem elas, iremos sempre ser comandados pelo sistema financeiro, e como bem disse o Prof. Javier Elzo, em seu artigo ?Por qué se rebelan los jóvenes?  
"En definitiva, es intolerable que el capital financiero esté al mando del mundo porque hemos convertido al Dinero en nuestro dios, las Bolsas, particularmente Wall Street, en sus iglesias y las Agencias de Rating en la nueva inquisición. Si esto sigue así, y todo apunta a que seguirá así, quizás estemos en los estertores de una civilización." San Sebastián 11 de agosto de 2011 Javier Elzo - Catedrático Emérito en Deusto

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