02 fevereiro 2019

TRILHOS NO BRASIL ILUSTRAM HERANÇAS MALDITAS - O PT NÃO ESTEVE SOZINHO

Há quase três décadas de seu início, a construção da ferrovia Norte-Sul ainda está incompleta, mas escândalos surgiram logo na fase de licitação, em 1987, durante o governo Sarney (MDB). A obra se converteu em símbolo de corrupção, incompetência e desfaçatez do governo federal.

De lá para cá, outras "viagens" similares. É o caso, por exemplo,  das ferrovias que ligariam a Norte-Sul a Goiás e ao litoral da Bahia, durante o governo Lula, do PT.

Posteriormente, a presidente Dilma Rousseff passou a ampliar esse enredo ao "viajar" na ideia do trem-bala, aquele que estaria pronto para ligar São Paulo ao Rio já na Copa de 2014.

No mesmo embalo, a presidente surgiu com a história do trem do Peru, que ligaria o centro do Brasil ao Pacífico passando em parte pela Amazônia e pelos Andes, "corredor da exportação agropecuário" por onde nem os agropecuaristas querem correr. 

Hoje (01/02/2019), em seu artigo "O monotrilho", publicado no Estadão, o ex-ministro do trabalho, Almir Pazzianotto, nos relata a herança deixada pelo ex-governador Geraldo Alckmin, do PSDB, do qual copio, literalmente, o trecho a seguir. 

"Uma das obras mais discutíveis, entravadas e onerosas do governo paulista é o conhecido monotrilho. Construído sobre a Avenida Jornalista Roberto Marinho, também conhecida como Avenida das Águas Espraiadas, ligará o Aeroporto de Congonhas e o Jabaquara à região do Morumbi. 

Projetado para entrar em funcionamento na Copa do Mundo de 2014, por erro de planejamento, incompetência dos construtores, falta de dinheiro ou perversa conspiração dos três fatores, ignora-se quando será inaugurado. Para os moradores da região o monotrilho deixou de ser o sonho do transporte rápido e eficiente para se converter em terrível fonte de problemas e de aborrecimentos.

Sob a construção, às margens de pestilento córrego, verdadeiro esgoto a céu aberto, abrigam-se famílias de moradores de rua, marginais e drogados, em permanente abandono. É comum encontrá-los revolvendo caçambas e sacos de lixo à procura de algo aproveitável. Alguns assumem atitude agressiva, para amedrontar quem caminha pelas imediações. O que fazer? Ninguém responde. São fotografias em branco e preto da infinita miséria que assola os subterrâneos ocultos da sociedade."

O ex-ministro Pazzianotto conclui o seu artigo afirmando que:  "Durante décadas vivemos sob falsa República, gerida pela bandalheira e pelo abuso de poder. Como diria Machado de Assis, a vulgaridade tornara-se título e a mediocridade, brasão. As eleições de outubro foram decididas pela indignação e pelo desejo de restauração da moralidade (grifo meu). Ao presidente Jair Bolsonaro e ao governador João Doria cabe, agora, corresponder à confiança do eleitorado."

Dá para apostar ? À conferir !


3 comentários:

  1. Em seu Twitter, de 30/01/2019, o ministro da Infraestrutra, Tarciso Gomes, destacou que em março deverá ser realizado o leilão de trechos da ferrovia norte-sul. O ministro ainda falou que antes do balanço dos 100 dias de governo devem ser realizados 23 leilões de concessão. Estamos aguardando essa boa notícia.

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  2. Tão necessário em nosso país de dimensões continentais os trilhos para transporte de cargas e também de passageiros deveria ser alvo de PPP, ou até mesmo de iniciativa privada puramente.

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  3. Bom sinal na liquidação da estatal Valec. O Ministério da Infraestrutura anunciou a intenção de deflagrar em março a liquidação da Valec, companhia estatal criada há 48 anos com foco no planejamento e na administração de engenharia de ferrovias. A Valec é um caso exemplar de estatal com histórico de manipulação política, corrupção e desperdícios. Hoje consome cerca de R$ 1,3 milhão a cada dia útil. Gasta R$ 300 milhões por ano para manter abertas as portas dos seus escritórios, onde trabalham 800 pessoas. Ela possui um acervo de obras caras e inacabadas, periodicamente “reinauguradas” a custos crescentes. Um desses projetos é o da ferrovia planejada para dar ao agronegócio do Centro-Oeste uma saída atlântica no litoral sul da Bahia.

    São 1.527 quilômetros desde os campos de Figueirópolis, no Tocantins, até o mar em Ilhéus. Essa integração foi celebrada por Lula na campanha de reeleição, em 2006, e festejada por Dilma, nas temporadas eleitorais de 2010 e 2014. A ferrovia mal saiu do papel, mas nela já foram dissipados mais de R$ 4 bilhões em dinheiro público.

    Nesse empreendimento tem-se um estuário das singularidades que caracterizam o gigantismo do Estado na economia. O plano da estrada de ferro estabelece a ligação de uma vila de cinco mil habitantes no sul do Tocantins a lugar nenhum.

    Literalmente, pois “não prevê o exato ponto final de destino” do trem — como registrou o Tribunal de Contas da União, depois de analisar a documentação produzida durante uma década pelo antigo Ministério dos Transportes e pela Valec, sob supervisão da Agência Nacional de Transportes Terrestres. Ao mesmo tempo, o governo da Bahia iniciou obras orçadas em R$ 3 bilhões para um complexo portuário em Ilhéus “sem o devido acesso ferroviário”. Mais de uma década e meia depois, materiais comprados se deterioram, como é o caso das milhares de toneladas de trilhos importadas da China e da Espanha.

    A Valec é consequência de um dos mitos da política nacional — o da “razão estratégica” de Estado, que fomenta a proliferação de estatais desde a ditadura Vargas. Não há justificativa racional para que um núcleo burocrático ferroviário custe ao Tesouro, anualmente, 76% mais do que uma operadora de transporte sobre trilhos, como é o caso da estatal Trensurb, de Porto Alegre, que serve a 200 mil pessoas por dia útil.

    Na perpetuação desses anacronismos está a gênese das maracutaias expostas na Lava-Jato e nas perdas bilionárias de empresas como Petrobras e Caixa Econômica Federal.

    A retomada do programa de desestatização é uma boa sinalização. A Valec é um símbolo daquilo que o Estado brasileiro não precisa, não pode e não deve continuar a fazer. https://glo.bo/2EaxYvP

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