15 janeiro 2020

A PROFISSÃO DE PROFESSOR ESTÁ SITIADA

A profissão de professor está sitiada. O horário de trabalho dos professores está aumentando à medida que as necessidades dos alunos se tornam mais complexas e os encargos administrativos e burocráticos aumentam. De acordo com a pesquisa recente -  McKinsey Global Teacher and Student Survey - realizada em parceria com a Microsoft, os professores trabalham em média 50 h/semana - um número que vem aumentando cerca de 3% a cada ano. 

Enquanto muitos professores dizem gostar de seu trabalho, eles não relatam que apreciam ficarem tarde da noite marcando papéis, preparando planos de aula ou preenchendo papelada sem fim. Nas escolas mais carentes dos Estados Unidos, por exemplo, a rotatividade de professores supera 16% ao ano. No Reino Unido, a situação é ainda pior, com 81% dos professores que consideram deixar o ensino por causa de sua carga de trabalho. Mais desanimador para os professores é a notícia de que alguns professores de educação chegaram a sugerir que os professores possam ser substituídos por robôs, computadores e inteligência artificial.

Entretanto, a pesquisa oferece um vislumbre de esperança em uma paisagem sombria. O relatório de 2018 do McKinsey Global Institute sobre o futuro do trabalho sugere que, apesar das terríveis previsões, os professores não vão embora tão cedo. A pesquisa estima que os professores crescerão de 5 a 24% nos Estados Unidos entre 2016 e 2030 e na China e na Índia, o crescimento estimado será de mais de 100%.

Uma outra boa notícia também é que a pesquisa sugere que, em vez de substituir os professores, as tecnologias existentes e emergentes os ajudarão a fazer seu trabalho melhor e com mais eficiência, ajudando-os a redirecionar o seu tempo para o aprendizado do aluno, como ilustra a figura ao lado. Há, portanto, muito espaço para as EdTechs.

No Brasil já são 748 startups, segundo a Associação Brasileira de Startups (ABStartups), atuando desde o ensino básico ao superior. O maior desafio de algumas delas é penetrar no ensino público, cujos números de alunos são desafiadores.  Segundo o INEP, são mais de 48,5 milhões de estudantes que frequentam o ensino básico no Brasil.

Por outro lado, existem no País outras questões, talvez até de maior gravidade, a serem enfrentadas. Elas dizem respeito a remuneração adequada do professor, a formação de novos professores, a reciclagem dos atuais e ao fornecimento dos instrumentos didáticos para motivarem os seus alunos a frequentarem as escolas.

A todas essas questões se aplica integralmente o que afirmou recentemente Andreas Schleicher, guru educacional da OCDE: "Nenhum sistema educacional pode ser melhor do que a qualidade de seus professores".

2 comentários:

  1. Há 60 anos, a Coreia do Sul tinha um dos piores índices de analfabetismo do mundo. Hoje ocupa uma posição invejável. A sua classificação no Pisa demonstra isto e se sabe que ela é resultante de um planejamento de longo prazo, com coerência e continuidade de suas politicas públicas para o setor educacional.

    Aqui no Brasil temos caminhado em sentido inverso. A educação, apesar de reconhecida, há mais de 50 anos, como uma das principais necessidades do País para a promoção de seu desenvolvimento, nunca conseguiu implementar um planejamento com as características do formulado pelo país asiático.

    O ensino brasileiro sofre de inúmeros problemas, e não faltam estatísticas para medi-los. Segundo os números divulgados recentemente na Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Continua (Pnad), nossos adolescentes estão atrasados nos estudos e sem capacidade de obter um emprego que lhes dê segurança financeira. São, aproximadamente, 25 milhões de jovens, 52% do total, ausentes da economia.....

    ResponderExcluir
  2. Neste vídeo, o ministro da Educação, Abraham Weintraub explica a situação atual do MEC, o que encontrou após 8 anos de governos FHC e 16 do PT: orçamento, número de funcionários, parte deles para criar uma estrutura aparelhada ideologicamente. Há também malversação do dinheiro público. corrupção. Metade das crianças, no terceiro ano escolar do nível básico não sabem ler/escrever resultado do modelo de educação Paulo Freire, ... https://youtu.be/23wnzDykTRY

    ResponderExcluir