24 novembro 2024

O fantasma de Stálin e o inacreditável caso de Filipe Martins

Em mais um brilhante artigo na Gazeta do Povo, Paulo Briguet expôs o que não é segredo para mais ninguém no Brasil ou no Mundo, referindo-se ao indiciamento de Jair Bolsonaro e de mais 36 pessoas pela Stasi(1) alexandrina.

"Esse indiciamento teratológico nada mais é do que a continuidade e a consumação do golpe que as elites políticas deram no povo brasileiro a partir da descondenação de Lula, levando-o da cadeia para a cadeira presidencial."

É preciso, portanto, sempre estar se relembrando que o golpe aplicado no Brasil não foi por acaso. Este sim, foi precedido de planejamento, organização e as decisões sobre as devidas atribuições, cuja execução já teve, pelo menos, três episódios de destaque: a descondenação de Lula, sua eleição para o Planalto e o 8 de janeiro de 2023.

Para ilustrar seu artigo no caso do indiciamento de Filipe Martins, Briguet utiliza um fato que ocorreu em 1936, no auge dos Processos de Moscou — julgamentos farsescos a partir dos quais milhões de vidas foram destruídas na União Soviética —, o ditador Josef Stálin ficou furioso quando descobriram que uma suposta reunião secreta para tramar o assassinato de autoridades comunistas havia ocorrido no Hotel Bristol, na Dinamarca. O único problema, logo notado pelos que acompanhavam os julgamentos, era que o tal hotel havia sido demolido 19 anos antes. Diante da falha de narrativa, Stálin bradou:

— Para que diabos vocês precisam do hotel? Deveriam ter dito estação ferroviária. A estação está sempre lá!

Como se sabe, e usando as palavras do Briguet, "a Stasi do Imperador Calvo agora resolveu mudar a sua versão sobre Filipe Martins. Doravante, ele será acusado de ter “simulado sua viagem aos EUA para se esconder da polícia”.

(1) Stasiorganização de polícia secreta e inteligência da República Democrática Alemã (RDA).

Boa leitura.

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O fantasma de Stálin e o inacreditável caso de Filipe Martins

Por Paulo Briguet 24/11/2024 08:00 

Alexandre de Moraes revogou a prisão preventiva de Filipe Martins, 
preso em 8 de fevereiro de 2024, durante a deflagração da Operação Tempus Veritatis.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil; Arthur Max/MRE

“Ou se prende os comunistas pelos crimes que eles cometeram, ou eles, fortalecidos, irão nos prender por crimes que não cometemos.” (Olavo de Carvalho)

Em 1936, no auge dos Processos de Moscou — julgamentos farsescos a partir dos quais milhões de vidas foram destruídas na União Soviética —, o ditador Josef Stálin ficou furioso quando descobriram que uma suposta reunião secreta para tramar o assassinato de autoridades comunistas havia ocorrido no Hotel Bristol, na Dinamarca. O único problema, logo notado pelos que acompanhavam os julgamentos, era que o tal hotel havia sido demolido 19 anos antes. Diante da falha de narrativa, Stálin bradou:


— Para que diabos vocês precisam do hotel? Deveriam ter dito estação ferroviária. A estação está sempre lá!

Lembrei-me desse episódio quando vi o nome de Filipe Martins entre os indiciados por “atentado violento ao Estado Democrático de Direito”.

Como todos sabem, o ex-assessor internacional da Presidência esteve preso por seis meses sob acusação de fazer uma viagem internacional que ele não fez e que, se tivesse feito, não seria crime. 

Depois de inúmeras provas de que estivera no Brasil todo o tempo, Filipe foi finalmente libertado no último mês de agosto. Libertado, em termos: mesmo não tendo cometido crime algum, ele continua sendo tratado como um bandido perigoso e encontra-se limitado por uma série de restrições absurdas, como a de usar tornozeleira eletrônica, ser impedido de trabalhar e precisar comparecer semanalmente ao Fórum de sua cidade.

Assim como quem diz bom-dia, a Stasi do Imperador Calvo agora resolveu mudar a sua versão sobre Filipe Martins. Doravante, ele será acusado de ter “simulado sua viagem aos EUA para se esconder da polícia”.

Não por acaso, Olavo de Carvalho dizia que os Processos de Moscou representam a forma mentis da esquerda contemporânea.

O problema, no caso de Filipe Martins, é que a estação ferroviária também não existe. O documento I-94 da Customs and Border Protection (agência do Departamento de Segurança Interna dos EUA) informando sobre a suposta de entrada do ex-assessor presidencial em Orlando, no dia 30 de dezembro de 2022, foi emitido com a grafia errada do nome do passageiro (Felipe, em vez de Filipe) e utiliza o número de um passaporte que fora perdido ou roubado em 2021, e cuja perda fora comunicada às autoridades brasileiras pelo próprio Filipe.

Se alguém quisesse levar a sério essa história pessimamente roteirizada, precisaria ignorar o fato de que Filipe Martins realizou, já no dia 31 de dezembro de 2022, um voo comercial para Curitiba e “escondeu-se” na casa dos pais de sua esposa, de onde fez tudo aquilo que um fugitivo da polícia não pode fazer sob pena de ser imediatamente localizado: abriu conta bancária, usou o mesmo celular que usava antes, andou de Uber e pediu iFood.

Ao acusá-lo de “simular” a viagem para os EUA, a Stasi alexandrina acaba por dar um tiro no pé: agora, as autoridades americanas vão querer descobrir quem foi o responsável por forjar esse falso I-94 com o passaporte roubado de Filipe. A pessoa que fez isso, sem nenhuma dúvida, merece ir para o xilindró por muitos anos.

É como disse em seu perfil no X a jornalista americana Mary Anastasia O’Grady, colunista do Wall Street Journal:

“Quem foi o agente da Alfândega e da patrulha de fronteira em Orlando que fez isso acontecer — e com um passaporte perdido ou roubado em 2021, cujo roubo fora registrado pelo próprio Filipe?”

Na mesma linha lógica, o empresário Otávio Fakhoury questionou:

“Como poderia Filipe Martins querer simular sua saída do Brasil para se esconder da PF se no mesmo dia 31 de dezembro ele pegou um voo comercial de Brasília para o Paraná e manteve seu fone o tempo todo ligado e rastreável? Desde quando alguém que deseja sumir do mapa fica aí pegando voos comerciais, andando de Uber e pedindo iFood?”

O caso de Filipe Martins me fez lembrar um conto de Philip K. Dick, depois adaptado para o cinema por Steven Spielberg: Minority Report. Nessa pequena obra-prima, o gênio da ficção científica narra a história de um policial que trabalha no Departamento de Pré-Crimes em uma sociedade do futuro.

Na época em que o policial vivia, os crimes foram totalmente erradicados graças a três seres mutantes — chamados precogs — cujos sonhos preveem a ocorrência de crimes antes que eles sejam consumados. O resultado é que milhares de pessoas estão presas por “pré-crimes” — ou seja, delitos que elas poderiam ter cometido (enfatize-se o uso do verbo no futuro do pretérito). Mas não cometeram.

O espírito de Minority Report baixou na Stasi alexandrina — embora os roteiristas brasileiros não tenham um milésimo do talento de Philip K. Dick. O que se vê no indiciamento de Bolsonaro e mais 36 pessoas é a criminalização do pensamento, da cogitação e da preparação de um golpe que jamais existiu — quando, no ordenamento jurídico brasileiro, essas fases do iter criminis não constituem crime e não podem ser punidas.

Não existe — muito ao contrário do que supõe o governador Tarcísio — a mínima possibilidade de que se realize uma investigação e um julgamento justo com base nesses alicerces podres. 

Esse indiciamento teratológico nada mais é do que a continuidade e a consumação do golpe que as elites políticas deram no povo brasileiro a partir da descondenação de Lula, levando-o da cadeia para a cadeira presidencial.

É necessário, para o atual regime, criar uma narrativa para substituir essa realidade. 

Para tanto, os donos do poder precisam criminalizar toda a verdadeira oposição — ou, em outras palavras, destruir a direita conservadora. Aqui, como na Rússia de Stálin, qualquer crítica sobre as políticas ou o caráter do regime automaticamente será considerada “terrorismo” e “conspiração para assassinato”. 

No entanto, a verdade resistirá a todos esses golpes — e será revelada. Em Minority Report, existe um problema convenientemente ignorado pelas autoridades: os três precogs algumas vezes divergem nas suas previsões de crimes.

No filme de Spielberg, um chefe de polícia corrupto e assassino se aproveita dessas brechas para ocultar os próprios crimes. É exatamente o que o regime PT-STF está fazendo hoje: usando a narrativa do golpe falso para encobrir o golpe real. Outra vez a vida imita a ficção. Mas, no fundo, isso é uma boa notícia — pois, na vida e na arte, a vitória final pertence à Verdade.

Entre os indiciados por “abolição violenta ao Estado Democrático de Direito”, está o Padre José Eduardo de Oliveira, sobre quem já falei numa coluna anterior. Para encerrar esta crônica, nada melhor do que reproduzir o que ele acaba de dizer em suas redes sociais:

“Se você se sente insatisfeito, humilhado, é aí que você dá mais frutos. Aprenda a glorificar a Deus nessa situação, porque é a glória dEle que importa, não a nossa. Nós não podemos buscar a nós mesmos, nós temos que buscar a Deus e esperar com calma os momentos de Deus. Isso é grandioso. Às vezes nós ficamos tão contrariados porque as pessoas fecham a porta na nossa cara, porque talvez nos desprezem ou por algum motivo nos excluem, mas tudo isso está calculado pela providência divina para produzir uma grande eficácia sobrenatural. ‘Não é pela força nem pela violência, mas pelo meu Santo Espírito’, diz o Senhor através do profeta Zacarias”.

23 novembro 2024

O Anão voltou

É de leitura obrigatória - novamente - o artigo do J. R. Guzzo na Revista Oeste deste fim de semana. Nele, Guzzo afirma o que todo brasileiro já sabe, ou seja, que em nenhuma área o Brasil vai tão bem quanto no agronegócio — e é essa, justamente, a área que o governo Lula, a esquerda e o seu universo mais detestam. 

O resto é uma cena de desastre que os brasileiros também já conhece. Contudo, Guzzo dá "nome aos bois" aos segmentos onde o Brasil é visto como um anão, a começar de seu atual presidente, que, inclusive, dá nome ao artigo "O anão sendo anão".

Afirma Guzzo que o Brasil é um anão moral porque para começar:

  • "Nenhum país escapa de ser, se tem um Dias Toffoli no seu supremo tribunal de Justiça, perdoando em massa criminosos confessos que praticaram corrupção ativa." 

  • "É um anão legal, se tem Alexandre de Moraes e suas agressões diárias à Constituição Federal e ao resto da legislação brasileira." 

  • "É um anão democrático, se tem presos políticos e exilados no exterior." 

  • "É um anão militar, que não conseguiria defender seu território de um ataque dos pigmeus de Bandar." 

  • "É um anão tecnológico, que não tem nada a oferecer de útil, ou vendável, para o resto do mundo." 

  • "É um anão econômico, até isso — país que tem um PIB uma vez e meia menor que o valor de mercado da Microsoft, para ficar num caso só, é anão."

Relembrando: o Brasil ganhou dez anos atrás, durante o governo Dilma, um desses apelidos que pegam para o resto da vida: “anão diplomático”. Com a volta de Lula à Presidência da República, segundo eles, os petistas, “O Brasil Voltou”. Mas o lema certo seria “O Anão Voltou”. Mesmo tendo neste momento, ao mesmo tempo, três ministros diplomáticos.

Porém, não há nada como três ministros cuidando de uma coisa só para desandar qualquer maionese. Um ministro oficial, cuja autoridade chega só até o homem do cafezinho, um ministro da vida real, que já passou dos 82 anos e vive no tempo do Sputnik, e Janja, a diplomata aparentemente preferida do presidente da República. 

Janja não para. Na última vez que quis mostrar como é mesmo a sua política exterior, disse a um personagem que pode ter atuação importante nas relações com os Estados Unidos, sempre uma prioridade da diplomacia brasileira: “Fuck you, Elon Musk”. Foi o ponto mais baixo a que o Brasil chegou na sua carreira de anão. "Janja nunca ajudou em nada, e nem poderia ajudar, sendo a analfabeta funcional de pai e mãe que é", lembra Guzzo. 

O senador Gal Hamilton Mourão convoca a sociedade brasileira para se unir e lutar contra os desmandos judiciários que o STF vem cometendo contra a democracia brasileira

 Neste final de semana Silvio Navarro escreveu na matéria de capa da Oeste que eles - o consórcio - o presidente Lula e os ministros do STF não querem que a paz reine na sociedade brasileira.

Para fomentar a guerra, cortinas de fumaça se formam em Brasília e inundam as manchetes da velha imprensa.

Os roteiros contam com a parceria da Polícia Federal para prender supostos envolvidos e apreender dezenas de celulares e computadores. Depois, surgem acusações de que essas pessoas preparavam uma trama cinematográfica, com envenenamento, sequestro, explosões e enforcamento de autoridades em praça pública — o que tampouco aconteceu. 

Silvio também assinala que depois de dois anos, não foi encontrada uma prova de que Jair Bolsonaro estava por trás de uma conspiração para seguir no poder. 

É a primeira vez desde a redemocratização que um presidente eleito enfrenta uma situação desse tipo. 

Seguem as transcrições das falas recentes dos ministros sobre o homem que se suicidou com fogos de artifício em frente ao Supremo. 

1. “É um contexto que se iniciou lá atrás, quando o famoso ‘gabinete do ódio’ começou a destilar discurso de ódio contra as instituições, contra o STF principalmente, contra a autonomia do Judiciário e contra os ministros e familiares de cada um.” (Alexandre de Moraes)

2. “Muito embora o extremismo e a intolerância tenham atingido o paroxismo em 8 de janeiro de 2023, a ideologia rasteira que inspirou a tentativa de golpe de Estado não surgiu subitamente (...) O discurso de ódio, o fanatismo político e a indústria de desinformação foram largamente estimulados pelo governo anterior.” (Gilmar Mendes)

3. “Algumas pessoas foram da indignação à pena, procurando naturalizar o absurdo. Não veem que dão um incentivo para que o mesmo tipo de comportamento ocorra outras vezes. Querem perdoar sem antes sequer condenar.” (Luís Roberto Barroso)

4. “O ataque não é ao edifício do STF. O ataque é contra a legalidade, contra a Constituição. Ontem, um cidadão disse: ‘Minha solidariedade, eu sou de direita’. Eu disse: ‘E daí? O senhor tem mão esquerda e perna esquerda, o senhor é algo a mais do que uma posição política partidária’.” (Flávio Dino)

No mesmo dia, Jair Bolsonaro deu declarações completamente opostas e usou a palavra “pacificação” depois da tragédia. Ele escreveu no X:

“As instituições têm papel fundamental na construção desse diálogo e desse ambiente de união. Por isso, apelo a todas as correntes políticas e aos líderes das instituições nacionais para que, neste momento de tragédia, deem os passos necessários para avançar na pacificação nacional. Quem vai ganhar com isso não será um ou outro partido, líder ou facção política. Vai ser o Brasil". 

Sobre o mesmo tema, o senador Gal Hamilton Mourão, direto da tribuna do Senado, convocou a sociedade brasileira para se unir e lutar contra os desmandos judiciários que o STF vem cometendo contra a democracia brasileira. Confira no vídeo abaixo.





O Estreito de Magalhães

 

O Estreito de Magalhães, com 570 km de extensão, conecta os oceanos Atlântico e Pacífico no extremo sul da América do Sul. Descoberto em 1520 pelo explorador português Fernão de Magalhães, tornou-se uma rota essencial para a navegação antes da construção do Canal do Panamá. É a maior e mais importante passagem natural entre os oceanos Atlântico e Pacífico. Situa-se entre o continente a norte e a Terra do Fogo e cabo Horn a sul. 

Apesar de seus desafios, como o clima rigoroso e as águas imprevisíveis, o estreito continua sendo uma via estratégica na navegação global, destacando sua importância histórica e geográfica.

Dentre as características gerais, a profundidade da água varia de 1.000 m a 4.000 m, e o canal é formado por infinitas enseadas, fiordes, bancos de areias, falsas passagens e baías. A passagem possui de 3 a 32 km de largura, é de difícil circulação, possui um curso cheio de obstáculos, ventos fortes de 55-60 nós, além do clima instável e suscetível a constantes tempestades, por isso o Estreito é tido como uma região de complicada navegação.

Também chamado de Região dos Magalhães, o Estreiro é dividido por águas territoriais do Chile e da Argentina, região situada entre a zona continental e a zona antártica, mais tarde foi rota para famosos pesquisadores e cientistas como Francis Drake e Charles Darwin, a bordo do barco Beagle que percorreu inúmeras regiões por quatro anos e nove meses, estudando variedades geológicas, fósseis e organismos vivos, e que deu origem a Teoria da Evolução das Espécies, utilizada até hoje.




























22 novembro 2024

'Kids Pretos' e Golpe: PF usa especulações para acusar plano contra Moraes

Conforme anunciado pelo próprio David Ágape, jornalista investigativo, agora há pouco foi publicada sua análise detalhada sobre a investigação da Polícia Federal envolvendo os "Kids Pretos" e a tentativa de Golpe de Estado, com detalhes que parecem ter passados despercebidos durante a investigação. Entre eles, Ágape destaca:

"A investigação ocorre no âmbito do Inquérito das Milícias Digitais (INQ 4874), instaurado por Alexandre de Moraes como um desdobramento dos Inquéritos das Fake News e dos Atos Antidemocráticos.

Para manter o controle sobre todas as operações, Moraes reúne questões distintas e desconexas, como a fraude no cartão de vacinação de Bolsonaro, o caso das joias sauditas e os ataques às vacinas contra a Covid-19.

Embora essa estratégia lhe conceda amplos poderes com prazos indefinidos, ela pode acabar sendo a sua ruína. Tudo irá desmoronar como um castelo de cartas assim que a primeira ação for invalidada. E o impacto não se limitará a este inquérito, mas poderá atingir outros processos correlatos.

E já há dezenas, senão centenas, de irregularidades apontadas nessas investigações e operações. Hoje as instituições têm sido lenientes com as ações de Moraes, usando-o como bucha de canhão. Mas, e quando se intensificar a pressão internacional diante de tantas violações dos direitos humanos, especialmente nesta nova era Trump/Musk? O sistema, então, irá cuspí-lo como um caroço de laranja."

O texto completo poderá ser acessado clicando-se neste link.

20 novembro 2024

As atrocidades de uma guerra (cenas fortes)

Vídeo mostra soldados russos assassinando 10 soldados ucranianos que eles fizeram como prisioneiros de guerra na região de Kursk, na Rússia.


A região de Kursk é russa e foi tomada pela Ucrânia em represália a ocupação de área ucraniana ocupada pela invasão russa desde o início da guerra.


Uma nova fase

A guerra na Ucrânia está aumentando rápida e imprevisivelmente. A Ucrânia agora está usando mísseis dos EUA, da Inglaterra e da França para atacar dentro da Rússia, após permissão dos respectivos chefes de Estado neste fim de semana, após a Rússia ter recrutado mais de 10.000 soldados da Coreia do Norte para tentar recuperar Kursk.

Os mísseis específicos, conhecidos como ATACMS, não têm alcance para atingir Moscou. As autoridades americanas não querem ver ATACMS voando no Kremlin. Em vez disso, a Ucrânia pode usar os mísseis para enfraquecer os avanços russos e manter território em Kursk e em outros lugares.

Em reação a Rússia aumentou a ameaça de armas nucleares. Também sacrificou milhares de tropas para tomar mais território no leste da Ucrânia, alcançando seus maiores ganhos em mais de dois anos.

Ao mesmo tempo, comenta-se que o fim da guerra parece mais próximo do que nunca. Donald Trump prometeu negociar uma trégua rapidamente assim que assumir o cargo em janeiro. Dado o quanto a Ucrânia depende dos Estados Unidos, Trump pode forçar a Ucrânia a aceitar um acordo.

Essas coisas — as recentes escaladas e um possível fim da guerra — estão relacionadas. Enquanto a Rússia e a Ucrânia se preparam para um potencial acordo de paz, elas estão trabalhando para melhorar suas posições de negociação. Essa realidade deu início a uma fase perigosa e urgente da guerra, embora possa durar apenas alguns meses.

Dessa forma, os eventos recentes na Ucrânia podem ser resumidos como uma série de escaladas. Depois que a Ucrânia perdeu território em sua frente oriental, ela abriu uma frente norte no verão passado na região russa de Kursk. Ela tomou território russo pela primeira vez na guerra e conseguiu manter a terra.

Trump indicou que não oferecerá o mesmo nível de apoio militar à Ucrânia que Biden ofereceu. Ele quer acabar com a guerra o mais rápido possível. Ele provavelmente tentará forçar ambos os lados a negociar algum tipo de trégua, mesmo que a Ucrânia não recupere todo o seu território no processo.

Isso significa que a Ucrânia está ficando sem tempo para melhorar sua posição de negociação. Se ela puder manter partes de Kursk, talvez possa negociar a área por mais de seu território oriental mantido pela Rússia. Em outras palavras, a força da Ucrânia na mesa de negociações depende de se defender das tropas russas e norte-coreanas nos próximos meses.

A Rússia também está tentando melhorar sua própria mão. Ela avançou mais para o leste da Ucrânia, apesar das perdas impressionantes. (Até o mês passado, a guerra já tinha deixado de 600.000 a 700.000 soldados russos mortos ou feridos, estimam autoridades ocidentais.) A Rússia continua sua campanha brutal sabendo que cada centímetro de terra que reivindica agora pode ser mantido para sempre.

Tudo isso se soma a um paradoxo: a paz pode estar chegando, mas a luta pode ficar mais sangrenta à medida que ambos os lados tentam se posicionar para um acordo de paz mais favorável.

Atualização

21/11/2024 - hoje a Rússia lançou um míssil balístico intercontinental ICBM, não nuclear, contra a Ucrânia. É a primeira vez que uma arma desse tipo é lançada contra outro país em uma guerra. O míssil atingiu a cidade ucraniana de Dnipro.




18 novembro 2024

Barrow, esta cidade do Alasca, ao entrar na noite polar não verá o nascer do sol por 64 dias

Uma figura solitária caminha na luz fraca de uma manhã ainda sem sol
em uma rua em Utqiagvik, Alasca. (Gregory Bull/AP)

A cidade mais ao norte do país — Utqiagvik, Alasca — está prestes a mergulhar em meses de escuridão.

A cidade de Utqiagvik, anteriormente conhecida como Barrow, tem uma população de pouco menos de 5.000 pessoas. Ela está situada ao longo da encosta norte do Alasca no Oceano Ártico e fica a 71,17 graus de latitude norte — cerca de 330 milhas ao norte do Círculo Polar Ártico. Isso significa que, por cerca de dois meses a cada ano, o sol fica abaixo do horizonte, levando a uma prolongada "noite polar".

O sol se põe às 13h27. hora local de hoje, 18 de novembro, e não ressurgirá de seu longo sono até 22 de janeiro de 2025. É quando o sol nascerá às 13h15 no sul e se porá apenas 48 minutos depois. Os dias ficarão mais longos rapidamente depois disso.

Até lá, o céu pode assumir tons de azul ou violeta, parte do crepúsculo astronômico e civil, mas a luz do dia não progredirá além do anoitecer.

Os meses de escuridão contribuem para um clima brutal e implacável

Um quarto de todos os dias em Utqiagvik não passa de zero grau, e as temperaturas quebram o congelamento apenas 37% do tempo. A escuridão também promove o desenvolvimento do vórtice polar estratosférico, um redemoinho de ar frio e descendente sobre o Polo Norte que influencia o clima do hemisfério norte.

No solstício de inverno, que cai às 5:02 da manhã, horário do leste, em 21 de dezembro, o sol ainda estará 4,7 graus abaixo do horizonte ao meio-dia.

Por causa da inclinação da Terra em seu eixo, regiões no Círculo Polar Ártico podem permanecer de costas para o sol por dias, semanas ou até meses entre os equinócios de outono e primavera. O efeito é maior à medida que nos aproximamos dos polos.

Nos polos Norte e Sul, há apenas um nascer do sol e um pôr do sol por ano. O sol nasce no equinócio de primavera e se põe no equinócio de outono. No Polo Norte, isso significa luz do dia entre março e setembro. Durante o outono e o inverno, a escuridão dura seis meses; a única luz vem das estrelas, da lua e do brilho esmeralda da aurora boreal.

Surpreendentemente, todos os locais na Terra veem a mesma duração de luz solar todos os anos, mais ou menos um pouco por causa de montanhas, vales e outras características topográficas. Utqiagvik vê aproximadamente o mesmo número de horas de luz solar que Miami, Sydney e Moscou; tudo se equilibra. No equador, cada dia tem aproximadamente 12 horas de duração, com flutuações sazonais ampliadas quanto mais se dirige para os polos.

A diferença?

O ângulo dessa luz solar e, portanto, a intensidade. A luz solar em locais de alta latitude brilha de um ângulo baixo no céu. Isso significa que a mesma quantidade de luz é espalhada por uma área muito maior e não é tão forte. Isso significa que não tem muito efeito de aquecimento.

Utqiagvik pega seu sol no verão, quando o brilho reina 24 horas por dia na "terra do sol da meia-noite". Utqiagvik, por exemplo, desfrutará de luz do dia infinita entre 11 de maio e 19 de agosto de 2025.

17 novembro 2024

O declínio do Brasil e da América Latina

Agora no final desta tarde, Mary Anastasia O'Grady publicou o artigo abaixo no The Wall Street Journal. Com todas as letras ela afirma que as políticas de Lula, externas e internas, desde que assumiu o cargo em janeiro de 2023, correm o risco de levar o Brasil para um buraco cada vez mais profundo. A maioria dos brasileiros acham que a Mary está otimista.

Mas ela prossegue de forma excepcional: "O dinossauro da Guerra Fria do Brasil está se apegando não tanto a ideais utópicos de socialismo, mas a uma luxúria pelo poder que um modelo corporativo altamente centralizado oferece. Ele prefere aliados que não insistem em governo limitado, como os companheiros do Brasil do grupo Brics — Rússia, Índia, China e África do Sul. O grupo visa reduzir o alcance do dólar e das instituições ocidentais nas finanças internacionais e minar as sanções criando seus próprios mecanismos de empréstimo e moedas alternativas".

A Mary não para por aí. Tem mais .... Continue lendo. Boa leitura.

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O declínio do Brasil e da América Latina

A democracia e a política econômica sólida estão em declínio, e Lula está liderando o caminho.

Lula da Silva during a ceremony in Brazil, Nov 12. 
PHOTO: TON MOLINA/ZUMA PRESS

Quando os líderes do Grupo dos 20 se reunirem no Rio de Janeiro esta semana, eles planejam lançar uma iniciativa para derrotar a fome e a pobreza no mundo até 2030. O presidente do Brasil, Luiz Inácio "Lula" da Silva, é um arquiteto da ideia, o que não é pouca ironia. Suas políticas, externas e internas, desde que assumiu o cargo em janeiro de 2023, correm o risco de levar seu país a um buraco cada vez mais profundo.

O presidente Biden estará na cúpula do Rio, embora não esteja claro qual valor ele trará. No fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico em Lima, Peru, na semana passada, o pato manco americano foi ofuscado pelo ditador chinês Xi Jinping e pelo Porto de Chancay — 60% de propriedade da Cosco Shipping da China, financiado por empréstimos bancários chineses e 50 milhas ao norte da capital peruana — que era o assunto da cidade. Na medida em que os EUA ainda são um jogador na região, os membros da APEC e do G-20 sabem que Donald Trump é o cara com quem eles precisam se relacionar.

Entre as duas confabulações, o Sr. Biden parou na Amazônia para enfatizar o alarmismo climático que definiu sua presidência. Isso poderia ter sido feito de casa por muito menos dinheiro, mas acho que visitar a floresta tropical está na lista de desejos de todos.

A democracia latino-americana está em péssimo estado. A crescente influência da China na região está longe de ser o único problema. O maior desafio é a erosão do capitalismo democrático, que em muitos países está sendo substituído pelo nacionalismo e autoritarismo.

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, que assumiu o cargo em 1º de outubro, já deu os últimos retoques em uma tomada de poder de partido único iniciada por seu antecessor, Andrés Manuel López Obrador. Emendas constitucionais aprovadas por um Congresso controlado pelo partido Morena do presidente eliminaram a independência do judiciário e dos reguladores de fiscalização que deveriam verificar o alcance do executivo. O crime organizado tomou conta de grandes partes do país. A iminente escassez de eletricidade restringiu o boom do near-shoring que antes parecia inevitável. O peso está fraco.

Venezuela, Bolívia, Honduras, Nicarágua e Cuba são paraísos do tráfico de drogas que também anularam a independência institucional. Em El Salvador, a troca pública de democracia por segurança pessoal é racional, mas provavelmente será dolorosa a longo prazo. O estado de direito da Colômbia está mancando, assim como sua economia.

O Brasil há muito anseia por substituir os EUA como hegemonia regional no continente sul-americano. Mas assumir esse papel requer autoridade moral e peso econômico. Lula está desperdiçando ambos.

Veja a proteção retórica que ele deu ao ditador venezuelano Nicolás Maduro, que roubou a eleição presidencial de 28 de julho. A vitória desequilibrada do candidato da oposição Edmundo González Urrutia foi documentada por observadores eleitorais venezuelanos e reconhecida pela comunidade internacional. Mas quando a Organização dos Estados Americanos, que tem a missão de defender a democracia na região, realizou uma votação para reconhecer a vitória do Sr. González Urrutia, o Brasil se uniu à Colômbia e ao México para garantir que não fosse aprovada. Assim como o apoio de Lula à ditadura cubana, isso era antiamericanismo falando, não qualquer crença na legitimidade do Sr. Maduro.

O dinossauro da Guerra Fria do Brasil está se apegando não tanto a ideais utópicos de socialismo, mas a uma luxúria pelo poder que um modelo corporativo altamente centralizado oferece. Ele prefere aliados que não insistem em governo limitado, como os companheiros do Brasil do grupo Brics — Rússia, Índia, China e África do Sul. O grupo visa reduzir o alcance do dólar e das instituições ocidentais nas finanças internacionais e minar as sanções criando seus próprios mecanismos de empréstimo e moedas alternativas.

Lula pode odiar o domínio do dólar, mas ele ama dólares. Sua cúpula no Rio defenderá uma proposta para impor um imposto global sobre a riqueza dos ricos, visando arrecadar cerca de US$ 250 bilhões anualmente de 2.800 bilionários. Os lucros serão usados ​​para combater as mudanças climáticas e a pobreza — sério. Isso vindo de um político cujo Partido dos Trabalhadores supervisionou o maior esquema de corrupção da história da América Latina e que foi condenado — e nunca exonerado — por seu papel nele.

Enquanto isso, a política econômica de Lula está levando o país por um caminho familiar de república das bananas ao abandonar a contenção fiscal. O ex-ministro da Economia Paulo Guedes (2019-22) controlou os gastos cortando a força de trabalho do governo e congelando seus salários nominais. Agora, "o déficit fiscal geral do setor público", informou o Goldman Sachs em 11 de novembro, "está rastreando uma ampla faixa de 9,34% do PIB (de um déficit de 7,5% há um ano)".

Essa imprudência está pressionando o real brasileiro. A inflação está em 4,6% no ano. Para mantê-lo sob controle, o banco central teve que aumentar as taxas de juros overnight para 11,25%. Grandes multinacionais tomam empréstimos a taxas de dólar, mas pequenas e médias empresas brasileiras enfrentam custos locais punitivos para crédito. Isso não é exatamente Lula locuidando do pequeno.

O mandato do respeitado banqueiro central Roberto Campos Neto termina no mês que vem. Lula o substituirá por Gabriel Galípolo. Os mercados estarão observando para ver se a independência do banco central sobreviverá. Se não sobreviver, os pobres sofrerão mais.

EUA: veterano condecorado do Exército é indicado para ser Secretário de Defesa

O primeiro mandato de Trump foi um sucesso em segurança porque ele seguiu uma política de paz pela força. Mas o mundo está mais perigoso agora, e a mistura de seus indicados sugere que seu segundo mandato provavelmente será uma jornada mais "selvagem".

Donald Trump rapidamente preencheu os altos escalões de sua equipe de segurança nacional e, na maioria, são políticos com sólida experiência e compreensão das ameaças de segurança atuais. O principal curinga é Pete Hegseth, veterano condecorado do Exército, indicado para ser Secretário de Defesa.

Pete Hegseth in 2016. ASSOCIATED PRESS

A escolha chocou muitos em Washington, e isso por si só pode ser uma recomendação. Ele dificilmente poderia fazer pior do que os chamados adultos na sala dos últimos anos. As forças armadas não conseguem atingir suas cotas de recrutamento, a base industrial militar dos Estados Unidos foi exposta como inadequada com poucos protestos dos líderes do Pentágono, e ninguém nas fileiras civis ou militares foi responsabilizado pelo desastre no Afeganistão.

Hegseth, de 44 anos, tem experiência de combate no Afeganistão e no Iraque e manteve seus laços militares como oficial da Guarda Nacional. Ele tem sido um defensor dos veteranos, tanto na TV quanto como membro de grupos de veteranos. Ele é inteligente e telegênico (FoxNews).

Trump nomeou a ex-deputada democrata Tulsi Gabbard como diretora de inteligência nacional, o cargo da Casa Branca que coordena as 18 agências de inteligência dos EUA.

O responsável pelos debates sobre segurança da Administração será o Deputado Mike Waltz, o novo conselheiro de segurança nacional. Ele é outro veterano com visões agressivas e liderou um grupo de 70 republicanos e 70 democratas na elaboração de uma estrutura para conter a agressão iraniana. Como o Rubio, ele moderou o apoio à Ucrânia ultimamente. Mas ele escreveu este mês que "Se [Vladimir Putin] se recusar a conversar, Washington pode, como Trump argumentou, fornecer mais armas à Ucrânia com menos restrições ao seu uso".

As outras seleções de Trump provavelmente receberão um tratamento mais bem-vindo do Senado. Marco Rubio, o senador da Flórida escolhido como Secretário de Estado, tem longa experiência em relações exteriores e acredita na liderança global dos EUA. Ele se concentrou na ameaça da China e provavelmente pressionaria para restaurar as sanções dos EUA à Venezuela e faria mais para combater a influência maligna de Cuba no hemisfério ocidental.


Compõem ainda o time já indicado por Trump:

 
 









Blind Justice and the Lipstick of the Republic / Justiça Cega e o Batom da República

O artigo a seguir foi escrito por Hermes Magnus, empreendedor no Canadá, hermesmagnus.com. Está transcrito em inglês, sua forma original e, em seguida, sua tradução automática através do Google.

Em sua conclusão, Hermes afirma que "
No Brasil, pintar uma estátua pode ser mais perigoso do que roubar um país. A república é protegida, não pela justiça, mas pelas máfias que a constituem. E qualquer um que ouse desafiá-las, mesmo com um mero batom, corre o risco de ser condenado como inimigo do Estado. Um Estado que, sejamos claros, é o verdadeiro inimigo do povo".

O artigo é uma análise perfeita sobre a situação do Brasil atual, situação esta que não é mais desconhecida em qualquer parte do mundo e aplaudida pelas ditaduras ainda existentes no globo terrestre.

Hermes também comenta a ingenuidade de alguns brasileiros. "Como não rir de um país onde os cidadãos acham que os quartéis podem salvar a nação, enquanto os generais, elegantemente decorados, saboreiam seus vinhos caros durante acordos políticos de bastidores? É a tragicomédia brasileira no seu melhor".

Boa Leitura.

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Blind Justice and the Lipstick of the Republic 

On a sunny morning in Brasília, as the statue of the goddess Themis received its controversial coat of red lipstick, Brazil etched its name in history as the only country where a cosmetic product could be deemed a weapon of republican destruction. Unsatisfied with merely arresting the perpetrator of this “highly dangerous” crime, the guardians of democracy decided to sentence her to years in prison. Why? Because, apparently, the Brazilian republic is so fragile that its stability can be threatened by a simple tube of lipstick. They say justice is blind, but in Brazil, it appears not only blind but also anomalous, with selective hearing that prevents it from understanding rational arguments. The individualization of conduct, a fundamental principle of any minimally functional legal system, has been thrown onto the fire like a heretic in the Middle Ages. In its place, the judiciary has opted for collective punishment under the premise of “if you’re there, you’re guilty.” It doesn’t matter whether the defendant is 70 or 7, whether they threw a stone or simply believed a lie spread on the internet. What matters is that everyone is punished, and preferably harshly. Ah, the young woman with the lipstick… What an unforgivable offense against the republic of oligarchs and mafias. (This young mother of two painted the statue of Themis with lipstick, an act she admitted was vandalism driven by her outrage at perceived injustices. Yet, she has been accused of a “crime against the republic” and sentenced to harsh prison time, separated from her children as though she had orchestrated an armed coup.) Because, let’s be honest, if something can shake the institutional order in Brazil, it’s not systemic corruption, influence trafficking, or the looting of public companies. No, it’s lipstick applied to a statue. This act of youthful vandalism, which in any moderately balanced country would result in a fine or community service, is here treated as an attempted coup d’état. After all, who needs tanks and armies when you have a Rouge Dior in hand? And the spectacle continues. Among those sentenced en masse are elderly people at the twilight of their lives, young individuals with their heads in the clouds, and innocents who believed in the armed forces as guarantors of morality and order. How naïve! How can one not laugh at a country where citizens think that barracks can save the nation, while generals, elegantly decorated, savor their expensive wines during political backroom deals? It’s Brazilian tragicomedy at its finest. Meanwhile, the true “entrepreneurs of chaos” – those who profited handsomely from PIX (bank quick transfer) donations sent by the desperate – remain free. These masters of rhetoric transformed popular indignation into a revenue stream before disappearing the moment the credulous masses stormed the stage. Some fled to Miami, others vanished altogether, but all share one thing in common: they escaped accountability. And those foolish enough to stay behind? Well, they learned in the harshest way possible that in Brazil, believing in politicians or institutions is a direct ticket to prison.

What do we have left, then?

A republic where justice is applied with criteria so absurd they become laughable. The true criminals, the orchestrators of chaos, walk away unscathed. Meanwhile, the followers – often misinformed, deceived, or simply naïve – pay the price. And they don’t just pay; they pay with interest, monetary correction, and judicial rigor that never seems to apply to those looting public coffers.

And the moral of the story?

In Brazil, painting a statue can be more dangerous than robbing a country. The republic is protected, not by justice, but by the mafias that constitute it. And anyone daring to challenge them, even with a mere lipstick, risks being condemned as an enemy of the state. A state that, let’s be clear, is the true enemy of the people.


Justiça Cega e o Batom da República


Em uma manhã ensolarada em Brasília, enquanto a estátua da deusa Themis recebia sua polêmica camada de batom vermelho, o Brasil gravou seu nome na história como o único país onde um produto cosmético poderia ser considerado uma arma de destruição republicana. Insatisfeitos em apenas prender a autora desse crime “altamente perigoso”, os guardiões da democracia decidiram condená-la a anos de prisão. Por quê? Porque, aparentemente, a república brasileira é tão frágil que sua estabilidade pode ser ameaçada por um simples batom. Dizem que a justiça é cega, mas no Brasil ela parece não só cega como também anômala, com audição seletiva que a impede de entender argumentos racionais. A individualização da conduta, princípio fundamental de qualquer sistema jurídico minimamente funcional, foi jogada na fogueira como um herege na Idade Média. Em seu lugar, o judiciário optou pela punição coletiva sob a premissa de “se você está lá, você é culpado”. Não importa se o réu tem 70 ou 7 anos, se atirou uma pedra ou simplesmente acreditou em uma mentira espalhada na internet. O que importa é que todos sejam punidos, e de preferência com severidade. Ah, a moça do batom… Que ofensa imperdoável à república dos oligarcas e máfias. (Essa jovem mãe de dois filhos pintou a estátua de Themis com batom, um ato que ela admitiu ter sido vandalismo motivado por sua indignação com injustiças percebidas. No entanto, ela foi acusada de um “crime contra a república” e sentenciada a uma dura pena de prisão, separada dos filhos como se tivesse orquestrado um golpe armado.) Porque, sejamos honestos, se algo pode abalar a ordem institucional no Brasil, não é corrupção sistêmica, tráfico de influência ou saques de empresas públicas. Não, é batom aplicado em uma estátua. Esse ato de vandalismo juvenil, que em qualquer país moderadamente equilibrado resultaria em multa ou serviço comunitário, é aqui tratado como uma tentativa de golpe de estado. Afinal, quem precisa de tanques e exércitos quando se tem um Rouge Dior nas mãos? E o espetáculo continua. Entre os condenados em massa estão idosos no crepúsculo de suas vidas, jovens com a cabeça nas nuvens e inocentes que acreditavam nas forças armadas como garantidoras da moralidade e da ordem. Que ingenuidade! Como não rir de um país onde os cidadãos acham que os quartéis podem salvar a nação, enquanto os generais, elegantemente decorados, saboreiam seus vinhos caros durante acordos políticos de bastidores? É a tragicomédia brasileira no seu melhor. Enquanto isso, os verdadeiros “empreendedores do caos” – aqueles que lucraram generosamente com doações de PIX (transferência bancária rápida) enviadas pelos desesperados – continuam livres. Esses mestres da retórica transformaram a indignação popular em uma fonte de renda antes de desaparecerem no momento em que as massas crédulas invadiram o palco. Alguns fugiram para Miami, outros desapareceram completamente, mas todos têm uma coisa em comum: escaparam da responsabilização. E os tolos o suficiente para ficar para trás? Bem, eles aprenderam da maneira mais dura possível que, no Brasil, acreditar em políticos ou instituições é uma passagem direta para a prisão.

O que nos resta então?

Uma república onde a justiça é aplicada com critérios tão absurdos que se tornam risíveis. Os verdadeiros criminosos, os orquestradores do caos, saem ilesos. Enquanto isso, os seguidores — muitas vezes mal informados, enganados ou simplesmente ingênuos — pagam o preço. E eles não pagam apenas; eles pagam com juros, correção monetária e rigor judicial que nunca parecem se aplicar àqueles que saqueiam os cofres públicos.

E a moral da história?

No Brasil, pintar uma estátua pode ser mais perigoso do que roubar um país. A república é protegida, não pela justiça, mas pelas máfias que a constituem. E qualquer um que ouse desafiá-las, mesmo com um mero batom, corre o risco de ser condenado como inimigo do Estado. Um Estado que, sejamos claros, é o verdadeiro inimigo do povo.