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07 maio 2024

AGI - Seu domínio poderá oferecer superioridade a uma nação similar ao ocorrido com a bomba atômica na década de 1940


A ideia ainda está no campo teórico e em alguns aspectos até lembra algo vindo da ficção científica, mas pode virar uma realidade em longo prazo. Trata-se da AGI (Artificial General Intelligence), uma tecnologia mais poderosa do que a inteligência artificial de hoje, comentada neste artigo

Enquanto a IA tradicional é projetada para resolver um problema discreto, a AGI deverá ser capaz de realizar qualquer tarefa mental que um ser humano possa realizar. Dessa forma, consegue agir como uma pessoa para aprender, responder e raciocinar sobre um tema, inclusive com uma capacidade cognitiva similar ou ligeiramente superior a dos humanos.

O advento da AGI ainda está a anos, talvez até décadas de distância, mas qualquer país que saia na frente do desenvolvimento dessa tecnologia terá uma enorme vantagem, uma vez que poderá então usar a AGI para desenvolver versões cada vez mais avançadas, ganhando uma vantagem em todos os outros domínios da ciência e tecnologia. Um avanço neste campo poderia inaugurar uma era de predominância não muito diferente do curto período de superioridade nuclear que os Estados Unidos desfrutaram no final da década de 1940.Conhecimento é poder.

O que falta para chegarmos à AGI?

O caminho para alcançar a AGI ainda envolve muitas evoluções nas áreas de hardware e software. No primeiro caso, é necessário desenvolver uma estrutura de supercomputadores capaz de comportar todo o processamento e treinamento da IA — vale lembrar que os modelos mais modernos da OpenAI, Microsoft e Google já demandam uma grande rede de computadores para funcionarem. Microsoft e OpenAI projetam avançados data centers. Plano supera US$ 100 bilhõesA parte de software envolve a construção de novos algoritmos e modelos de IA para processar novas informações. Isso inclui novas formas para alimentar os LLMs (large language models).

Quando isso poderá acontecer?

As expectativas ainda são mantidas a longo prazo, mas as recentes evoluções do mercado podem acelerar o processo. A OpenAI já estipulou que uma IA superior à mente humana poderia surgir a partir do final dessa década, mas ainda depende da evolução e do treinamento de outras tecnologias.

A OpenAI supostamente já conseguiu desenvolver uma IA superior as tecnologias atuais e com facilidade para resolver problemas matemáticos. O modelo do chamado Projeto Q teria deixado a diretoria do projeto em alerta sobre os riscos à humanidade, mas também representaria um avanço em direção à AGI. O CEO da DeepMind (divisão de IA do Google) Demis Hassabis tem uma opinião parecida.

No seu site oficial, a OpenAI explica que adota os cronogramas mais curtos porque são mais fáceis de serem coordenados e levam a uma sobrecarga computacional menor. O teste mais lento, por sua vez, “dá mais tempo para descobrir empiricamente como resolver o problema de segurança e como nos adaptarmos”, registra a página.

Riscos e benefícios

A AGI poderia potencializar todos os aspectos da IA generativa — o problema é que isso inclui pontos positivos e negativos.

Uma IA com o mesmo nível de cognição do cérebro humano traria inúmeras vantagens para o desenvolvimento da sociedade como um todo. A ferramenta poderia ser usada para promover insights, tomar decisões, simplificar cálculos e processos, oferecer mais soluções criativas para problemas, e por aí vai. Isso poderia ser integrado em sistemas empresariais, ações governamentais e até em dispositivos pessoais para ajudar durante o cotidiano.

Por outro lado, uma IA mais poderosa pode colocar a humanidade em risco: não dá para prever como a ferramenta será usada e quais interesses seriam defendidos pela máquina. Um dos cenários apocalípticos envolve o desenvolvimento acelerado da AGI a ponto dela ficar mais inteligente do que os humanos — assim, não seria mais possível controlar os computadores, num cenário quase apocalíptico digno de filmes como Matrix e Exterminador do Futuro.

Porém, todo o processo ainda esbarra em alguns obstáculos atuais que envolvem a IA, como a regulamentação da tecnologia e as medidas adotadas para evitar alucinações ou respostas enviesadas. Pesquisadores reforçam a importância da atuação humana no treinamento para um desfecho positivo e citam como exemplo o ChatGPT que no seu início, se pedido, ele dava a fórmula da bomba atômica.

Enchentes no Rio Grande do Sul - tragédias anunciadas


Porto Alegre, uma diferença de 83 anos separam essa duas imagens que mostram que o que fizeram não foi suficiente para não acontecer de novo. Também joga por terra a narrativa sobre mudanças climáticas, a não ser que já existisse o tal do aquecimento global em 1941, nos alertou via WhatsApp, o colega José Joaquim de Oliveira.

Joaquim também se referiu a suposta coincidência se olharmos para o calendário. Ambas ocorreram na mesma data mensal.

No grupo do Zap (Poli-74, engenheiros de 1974), outros dois colegas também se manifestaram.

"As ações humanas interferem no clima, mas numa grandeza bem inferior aos fenômenos naturais", disse Cláudio de Andrade Aguiar que recebeu o seguinte comentário de Rubens Torres: "Papo furado de mudanças climáticas. Coisa de Marina Silva Doida, Greta, DiCaprio e outros vigaristas que não têm o que fazer." 

Junto-me aos três, assino embaixo ao que todos afirmaram. E tais afirmações estão de acordo com os resultados de muitos pesquisadores de renome, bem distantes do papo furado dos vigaristas.

Um bom resumo do assunto está em "Águas de maio: a enchente de 1941 em Rio Grande", publicado no periódico Historiæ, em 2012. 

"Foi, em verdade, uma revolução dos elementos da natureza, associados numa empreitada sinistra de destruição e angústia, contra a inteligência e os recursos humanos, impotentes e impassíveis ante a fúria das águas – fonte soberba de vida – transformadas em motivo de desalento, de desespero e de dor."

[ ... ] O evento da Grande Enchente de 1941 é um exemplo de que este convívio faz parte de um processo dinâmico e não imutável. Não podemos esquecer que não é só o homem que modela as paisagens, mas a natureza continua a fazer novas modelagens de acordo com dinâmicas climáticas complexas. Esses eventos extremos, como a Enchente de 1941, fazem questionar a suposta imutabilidade da paisagem e especialmente, refletir sobre os fatores e também as prevenções para acontecimentos climáticos de grande porte que tem se intensificado no Brasil nas últimas décadas.

[ ... ] O ano de 1941 trouxe uma provação difícil para os moradores do município do Rio Grande: a Grande Enchente, um fenômeno de dimensões até então desconhecido nos registros. Os anos de 1940-1941 foram de excesso de chuvas, atuando o El Niño. Em seguida, os anos seguintes foram de seca, associado ao fenômeno La Niña. ... As medições da temperatura do Oceano Pacífico Equatorial somente começaram em 1877, quando da ocorrência deste fenômeno com forte intensidade.

Tais mudanças criam condições para variações climáticas, como chuvas intensas, enchentes e secas. As imagens exemplificam como algumas regiões do planeta são afetadas por esses fenômenos.  

El Niño

La Niña



Tragédia anunciada 

No final de abril o mapa do Rio Grande Sul começou a ser tingido de vermelho no sistema do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) , representando alto nível de ocorrências de inundações graduais e bruscas, alagamentos em áreas rebaixadas e desabamentos em encostas. No dia 29, por exemplo, Estrela, Lajeado e Encantado estavam com muito alto risco de inundações. Na sequência, o fenômeno da tragédia anunciada só se intensificou sobre as cidades do Sul do país.

As informações emitidas eram corretas e oportunas, mas não bastam se as políticas públicas não existem ou não têm efetividade há dezenas de anos.

Segundo os especialistas, duas medidas são fundamentais para salvar e proteger vidas nestes casos: sirenes para alterar a população dos riscos iminentes e retirada dos milhões de pessoas que vivem em áreas ribeirinhas e encostas.

Porém, por parte dos governantes pouco ou nada se fez. Há, por exemplo, um plano nacional desde 2016. Os mesmos especialistas afirmam que o plano é muito bom no papel, e está sempre sendo revisado para poder comunicar e criar metas específicas, focado diretamente em questões para atender as pessoas atingidas por catástrofes naturais, mas não foi efetivado pelos ministérios, vamos assim dizer, na escala federal.


05 maio 2024

Sodoma e Gomorra

O Rio de Janeiro promoveu, com dinheiro público, um show de p..., transmitido ao vivo pela Globo. Nas areias de Copacabana, um espetáculo horrendo ao estilo Sodoma e Gomorra. Inclusive é o que está registrado em manchetes da velha imprensa militante.

"Sexo simulado, beijo gay e seios à mostra: Madonna exala liberdade no Rio", foi a chamada principal no portal UOL. Na Folha, em uma coluna de opinião: "Madonna abriu as portas do gozo e da sacanagem às mulheres de uma geração".



Aparentemente, havia mais servidores públicos trabalhando no show pornográfico no Rio do que assistindo os milhares de gaúchos esperando resgate no telhado das suas casas, cercados pelas águas, na mais sombria das noites. Alguns servidores foram até lembrados pela Madonna.

 A contribuição artística à qual a Marina se referiu:  - pornografia ao povo brasileiro.

                                             


Um espetáculo deprimente - Aliás, supõe-se que Marina deve conhecer a história do dilúvio e da arca de Noé da leitura da Bíblia, apesar de demonstrar que desconhece totalmente a história bíblica de Sodoma e Gomorra…, não é?

Excessos de libertinagem sexual, combinados com decadência econômica e social, levaram grandes sociedades ao colapso desde o fim dos tempos. O Brasil está vivendo isso agora.

*  *  * 

PS.: No vídeo abaixo, o deputado federal Sóstenes Cavalcante mostra evidência de crime premeditado cometido por Madonna, Anitta e Pablo Viittar, juntamente com os organizadores do evento. Em seu X, o Deputado afirma que o vídeo foi formalmente incluído em sua representação ao Ministério Público Federal como Prova de Crime Premeditado.



Atualizado em 06/05/2024, às 06:03 h.

04 maio 2024

Obama viu primeiro

Em seu livro de memórias, “A Promised Land”, Barack Obama aponta o ex-presidiário Lula como um criminoso que recebia “propinas na casa dos bilhões”

A partir daí o mundo inteiro passou a conhecer a verdade, o significado real da frase do Obama, pronunciada na reunião do G20, em Londres, no dia 02 de abril de 2009,  quando disse: “Lula é o cara”. Desde então, tal expressão tinha deixado os petistas ajoelhados, louvando o Obama. Após a publicação do livro (2020), ao tomarem conhecimento da tradução literal do que disse o Obama, a petezada caiu na real, espernearam e passaram a difamar o ex-presidente americano.

No Brasil já não era mais segredo desde as sentenças proferidas no Mensalão. Após deixar a prisão de Curitiba tal entendimento só aumentou e passou a ser demonstrado explicitamente através do "comparecimento" popular aos eventos promovidos pelo PT. Foi assim em 01 de maio de 2022 (ano eleitoral) e se repetiu agora em 2024, durante as comemorações do Dia do Trabalho. Confira nas respectivas imagens.

    

“Mas ele é o Presidente do Brasil,  ele foi eleito com 60 milhões de votos”, dirá a petezada de cabresto. Contudo, as imagens não mentem, pelo contrário, escancaram a ilegitimidade de um governante sem povo, cujo poder judiciário fez das tripas coração para dar uma demão de verniz de legitimidade aos 60 milhões de votos.

Mas não é só a população que está enxergando tais acontecimentos. A velha mídia militante também já sentiu o "clima"e logo após o evento desta última quarta-feira, publicou editorias registrando a temperatura.

Disse a Folha:  "Mostrou-se um fiasco a comemoração do Dia do Trabalho patrocinada pelas centrais sindicais governistas na capital paulista, que contou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

No ato em que afrontou a lei eleitoral e pediu votos para o pré-candidato a prefeito Guiherme Boulos (PSOL), o mandatário mal disfarçou seu incômodo com a meia dúzia de gatos pingados que se dispôs a compor a plateia no feriado ensolarado. Lula reclamou da falta de mobilização do governo para atrair mais público".

O Estadão também não titubeou: "É histórica, desde já, a constrangedora foto do presidente Lula da Silva discursando para um punhado de gatos-pingados em pleno 1.º de Maio. A imagem não deixa margem para dúvida: a agenda política da esquerda – e a do PT, em particular – se desvela hoje tão vazia quanto a minguada plateia reunida anteontem no estacionamento do estádio do Corinthians, em Itaquera, zona leste da capital paulista. Pouca gente se abalou a ouvir o que Lula tinha a dizer no Dia do Trabalho porque o próprio presidente não consegue se conectar com os trabalhadores do século 21".


O poder da inovação ( 3/3 )

Em "O poder da inovação ( II )", dissemos que a capacidade de um país projetar poder na esfera internacional – militar, econômica e cultural – depende da sua capacidade de inovar mais rapidamente e melhor do que os seus concorrentes. Os fatos reias assim o demonstram e foram muito bem capturados pela Netflix em  "O ponto de virada - A bomba e a guerra fria" citada no "O poder da inovação ( I )", série esta que nos tem estimulado a continuar escrevendo mais um pouco sobre esse tema. Feito esse registro, continuemos então.Vamos lá.

A principal razão pela qual a inovação proporciona hoje uma vantagem tão grande é que gera mais inovação. Em parte, isso acontece devido a dependência de trajetória que surge quando grupos de cientistas atraem, ensinam e treinam outros grandes cientistas em universidades,  institutos de pesquisa e em grandes empresas de tecnologia. Mas também ocorre porque a inovação se baseia em si mesma. A inovação depende de um ciclo de invenção, adoção e adaptação – um ciclo de feedback que alimenta ainda mais inovação. Se algum elo da cadeia se romper, o mesmo acontece com a capacidade de um país inovar eficazmente.

Uma liderança em inovação normalmente é construída com base em anos de pesquisas anteriores. Mas o fosso em torno dos países que desfrutam de vantagens estruturais em tecnologia está diminuindo. Graças, em parte, a pesquisa acadêmica mais acessível proporcionada pelo  surgimento da Internet e do software de código aberto, as tecnologias difundem-se agora mais rapidamente em todo o mundo. 

A disponibilidade de novos avanços ajudou os concorrentes a recuperarem o atraso a uma velocidade recorde, como se verifica em países como a India e a China.  Embora parte do recente sucesso tecnológico da China resulte da espionagem e do desrespeito pelas patentes, grande parte dele remonta a esforços inovadores, e não derivados, para adaptar e implementar novas tecnologias. Lá, em 2015, o Partido Comunista Chinês apresentou a sua estratégia “Made in China 2025” para alcançar a autossuficiência em indústrias de alta tecnologia, como as telecomunicações e a IA. Em 2017, Pequim anunciou planos para se tornar líder global em inteligência artificial até 2030. 

Em computação quântica, os Estados Unidos mantêm vantagem. No entanto, durante a última década, a China investiu pelo menos 10 bilhões de dólares em tecnologia quântica, cerca de dez vezes mais que o governo dos EUA. A China está trabalhando para construir computadores quânticos tão poderosos que possam quebrar facilmente a criptografia atual. O país também está  investindo fortemente em redes quânticas – uma forma de transmitir informações sob a forma de bits quânticos – presumivelmente na esperança de que tais redes sejam imunes à monitorização por outras agências de inteligência.

A China também está tentando ativamente alcançar os Estados Unidos em biologia sintética. Os cientistas nesta área estão trabalhando numa série de novos desenvolvimentos biológicos, incluindo substitutos de carne à base de plantas. Nesta última quarta-feira (01/05/2024), o governador da Flórida assinou uma lei que proíbe e criminaliza carne fabricada em laboratório por ainda não ser seguro o suficiente para a sua comercialização.

Quando se trata de semicondutores, a China também tem planos ambiciosos. O governo chinês está financiando esforços sem precedentes para se tornar líder na fabricação de semicondutores até 2030. 

Porém, os Estados Unidos continuam a superar a China no design de semicondutores, assim como Taiwan e a Coreia do Sul, alinhados aos EUA. Em outubro de 2022, a administração Biden tomou a importante medida de impedir que as principais empresas dos EUA que produzem chips de computador de IA vendessem à China como parte de um pacote de restrições divulgado pelo Departamento de Comércio. No entanto, as empresas chinesas controlam 85% do processamento dos minerais de terras raras utilizados nesses chips e noutros produtos eletrônicos críticos, oferecendo um importante ponto de vantagem sobre os seus concorrentes. 

Contudo, a luta é ferrenha. No último dia 26/04/2024, a University of Washington anunciou em um artigo na Nature Sustainability, a produção de circuitos impressos a partir de um material desenvolvido que se transforma em uma espécie de gel ao se degradar, reduzindo os danos ao meio ambiente. A grande problemática ambiental do circuito impresso é que seu fim costuma ser no aterro sanitário, com seus produtos químicos infiltrados no meio ambiente, ou pior ainda: a queima para extração de ouro e cobre. que pode ser tóxica para o ambiente e para as pessoas em si.

Durante muito tempo, o trio governo, indústria e academia foi a principal fonte de inovação americana. Esta colaboração impulsionou muitos avanços tecnológicos, desde o pouso na Lua até a Internet. Mas com o fim da Guerra Fria, o governo dos EUA tornou-se avesso ao financiamento à pesquisa aplicada e até reduziu o montante dedicado à pesquisa fundamental. Contudo, os gastos privados dispararam ao longo do último meio século. A ascensão do capital de risco ajudou a acelerar a adoção e a comercialização, mas pouco fez para resolver problemas científicos de ordem superior. O Silicon Valley juntamente com outros atores críticos nos Estados Unidos continuam incentivando a inovação. A história de sucesso americana baseia-se numa combinação potente de ambição inspiradora, regimes jurídicos e fiscais favoráveis ​​às startups e uma cultura de abertura que permite aos empreendedores e pesquisadores interagirem e melhorarem novas ideias.

A concorrência com a China exige uma reenergização da interação entre o governo, o setor privado e o meio acadêmico. Tal como a Guerra Fria impôs a criação do Conselho de Segurança Nacional, a atual concorrência alimentada pela tecnologia deveria estimular uma reorganização das estruturas políticas existentes. Num sinal promissor, o Congresso americano parece ter reconhecido a necessidade de um apoio decisivo. Em 2022, numa votação bipartidária, aprovou a Lei CHIPS e Ciência, que destina 200 bilhões de dólares em financiamento para P&D científico ao longo dos próximos dez anos e cada nova tecnologia, desde a IA à computação quântica e à biologia sintética, deve ser perseguida com o objetivo claro de comercialização.

Na disputa do século – a rivalidade dos EUA com a China – o fator decisivo será o poder de inovação. Os avanços tecnológicos nos próximos cinco a dez anos determinarão qual país ganhará vantagem nesta competição que moldará o mundo.

O velho mantra de Silicon Valley aplica-se não apenas à indústria, mas também à geopolítica: inove ou morra.

Avança PEC que prevê reforma no STF e no TSE

Luiz Philippe de Orleans Bragança

Por iniciativa do deputado Luiz Philippe de Orleans Bragança, ganha força na Câmara dos Deputados a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que reforma o Judiciário. A PEC já conta com mais de cem assinaturas. São necessárias 171 para que possa ser protocolada. 

O texto propõe mudanças em todas as esferas judiciais. No Supremo Tribunal Federal, há previsão de mandato de 10 anos para os ministros, sem recondução, escolhidos em lista tríplice e aprovados em voto aberto no Senado.

O Supremo, prevê o texto, será composto por cinco membros da Justiça Estadual, cinco da Justiça Federal e um da Justiça Militar. Pela PEC, com dois terços da Câmara e Senado, decisão do STF pode ser anulada. 

A população poderá propor impeachment de ministro. Outra mudança diz respeito a foro privilegiado. Ao Supremo caberia apenas julgar o presidente da República, ninguém mais. 

Na esfera eleitoral, a  “Autoridade Nacional Eleitoral”, autarquia subordinada ao Congresso Nacional, assumiria função do TSE na gestão das eleições.

Nas redes sociais, o deputado pede aos eleitores que façam contato com os deputados, através deste link https://tinyurl.com/bdehfnm5  para assinarem a PEC.



03 maio 2024

A IMAGEM DO FRACASSO (*)

É histórica, desde já, a constrangedora foto do presidente Lula da Silva discursando para um punhado de gatos-pingados em pleno 1.º de Maio. A imagem não deixa margem para dúvida: a agenda política da esquerda – e a do PT, em particular – se desvela hoje tão vazia quanto a minguada plateia reunida anteontem no estacionamento do estádio do Corinthians, em Itaquera, zona leste da capital paulista. Pouca gente se abalou a ouvir o que Lula tinha a dizer no Dia do Trabalho porque o próprio presidente não consegue se conectar com os trabalhadores do século 21.

Em cima do palanque, confrontado por tantas clareiras diante de seus olhos mal-acostumados com aquela cena desoladora, especialmente no Dia do Trabalho, Lula se exasperou. “O ato está mal convocado”, resmungou o petista. “Nós não fizemos o esforço necessário para levar a quantidade de gente que era preciso levar”, reclamou, dirigindo a bronca ao secretário-geral da Presidência, Márcio Macedo, a quem Lula atribuiu a missão de ser o “responsável pelo movimento social brasileiro”, seja lá o que isso signifique.

Não se sabe qual foi a estratégia de comunicação do governo para a celebração do Dia do Trabalho, um marco importante para a construção da persona pública de Lula, por razões óbvias. O fato é que, por mais brilhante que essa estratégia tivesse sido – e ainda por cima contando com recursos dos contribuintes, por meio da Lei Rouanet, de patrocínio da Petrobras e de filmagem da estatal Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) –, o ato não poderia ser diferente do fiasco que foi por uma razão fundamental: o Brasil é governado por um presidente que não viu o tempo passar.

Lula ainda pensa como o sindicalista que eletrizava os trabalhadores com seus discursos na Vila Euclides, São Bernardo do Campo (SP), no fim dos anos 1970. Não apenas o País não é o mesmo no qual Lula ascendeu como uma liderança política popular, como o mundo mudou por completo desde que o petista chegou à Presidência pela primeira vez, há mais de 20 anos. Ao longo desse tempo, houve transformações profundas não só das relações de trabalho – outrora baseadas na oposição entre patrões e empregados –, mas também, e principalmente, na visão que os próprios trabalhadores passaram a ter de seus meios de subsistência.

Fortíssimos durante décadas, até por força de imposição legal, os sindicatos e as centrais sindicais, que tradicionalmente enchiam as ruas no 1.º de Maio, hoje não passam de um decalque esmaecido de uma representação profissional que no auge do sindicalismo já era passível de críticas por suas vinculações partidárias. De uns anos para cá, as guildas estão irremediavelmente desacreditadas por uma massa de trabalhadores que não se sentem representados nem querem sê-lo, muito mais interessados que estão em empreender por conta própria.

Nem Lula nem o PT enxergam isso. Basta dizer que reduziram o fiasco do 1.º de Maio a um problema de “comunicação”. Tanto não compreendem a transformação da realidade que os cerca que, dia sim e outro também, insistem em condenar a reforma trabalhista aprovada pelo Congresso em 2017. Ao contrário de “precarizar” o mercado de trabalho, como acusam esses ditos “progressistas”, a reforma se impôs pela realidade de milhões de trabalhadores autônomos que já eram precarizados e, portanto, precisavam de um marco legal para protegê-los – e proteger, sobretudo, sua liberdade de tomar as rédeas da própria vida.

O mercado de trabalho está aquecido e a renda média aumentou, ainda que pouco. Mas nem assim os trabalhadores, ao que parece, conseguem vincular esse cenário menos adverso à figura do presidente da República. Decerto porque, como ficou claro em seu discurso em Itaquera, Lula não tem qualquer projeção de futuro mais auspiciosa a lhes oferecer. E, ademais, porque o petista insiste em uma agenda econômica fracassada, baseada no intervencionismo e no desbragado gasto estatal, que, ao longo dos governos petistas, prejudicou justamente a chamada classe trabalhadora.

Lula pode não ter visão sobre o novo mundo do trabalho. Mas os trabalhadores têm memória.

(*)  Editorial do Estadão, de 3 de maio de 2024

LULA E OS FÓSSEIS DO SINDICALISMO (*)

Mostrou-se um fiasco a comemoração do Dia do Trabalho patrocinada pelas centrais sindicais governistas na capital paulista, que contou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

No ato em que afrontou a lei eleitoral e pediu votos para o pré-candidato a prefeito Guiherme Boulos (PSOL), o mandatário mal disfarçou seu incômodo com a meia dúzia de gatos pingados que se dispôs a compor a plateia no feriado ensolarado. Lula reclamou da falta de mobilização do governo para atrair mais público.

O desabafo, como num ato falho psicanalítico, revela o mecanismo por trás da ruína do sindicalismo brasileiro. Não cabe teoricamente a governos cooptar associações representativas dos trabalhadores quando elas são o resultado da livre organização da sociedade civil.

Mas no Brasil, desde o varguismo, a simbiose entre Estado e sindicatos tem sido uma regra duradoura.

A Constituição de 1988 estabeleceu monopólios setoriais e territoriais para a atuação de sindicatos. Nos primeiros mandatos, Lula estendeu o imposto sindical para as centrais. Em 2023, o Supremo Tribunal Federal facilitou o desconto de contribuições assistenciais na folha salarial dos trabalhadores.

Ao longo de décadas, o artifício serviu para enriquecer e proteger as oligarquias que se apoderaram dos cartórios de representação oficial dos trabalhadores, mas fracassou, por obsolescência, no objetivo de representar de fato as aspirações de milhões de brasileiros que atuam num mercado de trabalho que passa por intensas transformações desde o final do século 20.

O ato desta quarta-feira (1º) foi um resultado anedótico desse esvaziamento. A bisonha proposta do governo petista de regular o trabalho por aplicativos pelo molde varguista —repelida fortemente pela própria categoria que pretende proteger— atesta a permanência da dissonância cognitiva.

Pesquisas começam a indicar que a reforma trabalhista aprovada na gestão de Michel Temer (MDB), atacada pela retórica ultrapassada do esquerdismo, pode ter contribuído para a queda do desemprego no Brasil. O clamor pelo desembaraço das amarras da burocracia nas relações de trabalho tornou-se uma plataforma popular.

Também por explorar esse flanco dos anseios do eleitorado, a direita se apresenta como a única corrente no Brasil atual capaz de mobilizar multidões espontaneamente em suas manifestações. A esquerda perdeu as ruas, e isso deveria soar como alerta máximo nas hostes do lulismo.

Ou as forças políticas em torno do PT se atualizam, inclusive nos temas relacionados ao trabalho, ou correrão mais riscos de ser derrotadas nas próximas eleições.

 (*) Editorial da Folha de São Paulo de 3 de maio de 2024

02 maio 2024

O poder da inovação ( 2/3 )

Embora muitos dos efeitos mais transformadores, ​ainda estejam distantes, a inovação nos drones já está a virar o campo de batalha. Em 2020, o Azerbaijão empregou drones fabricados na Turquia e em Israel para obter uma vantagem decisiva na sua guerra contra a Armênia na disputada região de Nagorno-Karabakh, acumulando vitórias no campo de batalha após mais de duas décadas de impasse militar. Da mesma forma, a frota de drones da Ucrânia – muitos dos quais são modelos comerciais de baixo custo reaproveitados para reconhecimento atrás das linhas inimigas – desempenhou um papel crítico no seu sucesso.

Os drones oferecem vantagens distintas em relação às armas tradicionais: são menores e mais baratos, oferecem capacidades de vigilância incomparáveis ​​e reduzem a exposição dos soldados ao risco. Soldados em guerra urbana, por exemplo, poderiam ser acompanhados por microdrones que serviriam como olhos e ouvidos. Com o tempo, os países irão melhorar o hardware e o software que alimentam os drones para inovar mais que os seus rivais. 

Eventualmente, os drones autônomos armados – não apenas veículos aéreos não tripulados, mas também os terrestres – substituirão completamente os soldados e a artilharia tripulada. Imagine um submarino autônomo que pudesse transportar rapidamente suprimentos para águas contestadas ou um caminhão autônomo que pudesse encontrar a rota ideal para transportar pequenos lançadores de mísseis em terrenos acidentados. 

Enxames de drones, conectados em rede e coordenados pela IA, poderiam sobrecarregar as formações de tanques e de infantaria no campo. No Mar Negro, a Ucrânia utilizou drones para atacar navios russos e navios de abastecimento, ajudando um país com uma marinha minúscula a restringir a poderosa Frota Russa do Mar Negro. A Ucrânia oferece uma antevisão dos conflitos futuros: guerras que serão travadas e vencidas por humanos e máquinas trabalhando em conjunto.

Como a evolução dos drones deixa claro, o poder da inovação está subjacente ao poder militar. Em primeiro lugar, o domínio tecnológico em domínios cruciais reforça a capacidade de um país para travar a guerra e, assim, fortalece as suas capacidades de dissuasão. Mas a inovação também molda o poder econômico, dando aos estados influência sobre as cadeias de abastecimento e a capacidade de estabelecer regras para outros. Os países que dependem de recursos naturais ou do comércio, especialmente aqueles que devem importar bens raros ou fundamentais, enfrentam vulnerabilidades que outros não enfrentam.

Consideremos o poder que a China pode exercer sobre os países aos quais fornece hardware de comunicações. Não é surpresa que os países dependentes de infraestruturas fornecidas pela China – como muitos países de África, onde os componentes produzidos pela Huawei representam cerca de 70 por cento das redes 4G – tenham sido relutantes em criticar as violações dos direitos humanos na China. 

A primazia de Taiwan na fabricação de semicondutores, da mesma forma, proporciona um poderoso impedimento contra invasões, uma vez que a China tem pouco interesse em destruir a sua maior fonte de microchips.  

Os Estados Unidos, graças ao seu papel na fundação da Internet, têm desfrutado durante décadas de um lugar na mesa que define as regulamentações da Internet. Durante a Primavera Árabe, por exemplo, o fato dos Estados Unidos serem o lar de empresas tecnológicas que forneciam a espinha dorsal da Internet permitiu que essas empresas recusassem os pedidos de censura dos governos árabes.

Menos óbvia, mas também crucial, a inovação tecnológica sustenta o poder brando de um país. Hollywood e empresas tecnológicas como a Netflix e o YouTube criaram um tesouro de conteúdos para uma base de consumidores cada vez mais global – ajudando ao mesmo tempo a difundir os valores americanos. 

Esses serviços de streaming projetam o estilo de vida americano nas salas de estar de todo o mundo. Da mesma forma, o prestígio associado às universidades dos EUA e as oportunidades de criação de riqueza criadas pelas empresas dos EUA atraem empreendedores de todo o mundo. 

Em suma, a capacidade de um país projetar poder na esfera internacional – militar, econômica e cultural – depende da sua capacidade de inovar mais rapidamente e melhor do que os seus concorrentes.

O artigo anterior desta série, "O poder da inovação ( I ), está disponível neste link.

O próximo artigo: O velho mantra de Silicon Valley aplica-se não apenas à indústria, mas também à geopolítica: inove ou morra. 

01 maio 2024

Cem anos de estudos sobre Inteligência Artificial (AI100)


Os avanços contínuos nas capacidades de inteligência artificial (IA) levaram ao projeto denominado "Cem Anos de estudos sobre Inteligência Artificial" da Universidade de Stanford, proposto por Eric Horvitz, com base na investigação de longa data que ele e os seus colegas conduziram na Microsoft Research.

O projeto tem como objetivo  estudar e antecipar como os efeitos da inteligência artificial irão repercutir em todos os aspectos de como as pessoas trabalham, vivem e se divertem. É administrado pela Universidade de Stanford e gerenciado por um Comitê Permanente de especialistas em IA de instituições de todo o mundo.

Antes de se prosseguir é recomendável se esclarecer dois conceitos que estão intrinsecamente vinculados ao desenvolvimento da IA. O de Machine Learning e o de Deep Learning.

Machine Learning (ML) é uma forma de inteligência artificial que pode se adaptar a uma ampla gama de entradas, incluindo grandes conjuntos de dados e instruções humanas. Seus algoritmos podem detectar padrões e aprender como fazer previsões e recomendações processando dados e experiências. Os algoritmos também se adaptam em resposta a novos dados e experiências para melhorar ao longo do tempo. Contudo, o volume e a complexidade dos dados que estão agora a ser gerados, demasiado vastos para serem considerados pelos humanos, aumentaram a necessidade de aprendizagem automática.

Deep Learning (DL) é uma versão mais avançada da aprendizagem automática que é particularmente adequada ao processamento de uma gama mais ampla de recursos de dados (texto e dados não estruturados, incluindo imagens), requer ainda menos intervenção humana e muitas vezes pode produzir resultados mais precisos do que a máquina tradicional. Semelhante a Machine Learning, o Deep Learning usa iteração para autocorreção e para melhorar suas capacidades de previsão. Por exemplo, depois de “aprender” a aparência de um objeto, ele poderá reconhecê-lo em uma nova imagem. 

O conceito de Deep Learning existe desde a década de 1950. A seguir um breve resumo de como ele evoluiu de conceito à realidade e quais as pessoas-chave que fizeram isso acontecer.

Pode se dizer, sem medo de errar, que é demasiado cedo para se escrever uma história completa do Deep Learning, mas já se pode traçar um esboço reconhecidamente incompleto das suas origens e identificar alguns dos pioneiros. Eles incluem Warren McCulloch e Walter Pitts, que já em 1943 propuseram um neurônio artificial, um modelo computacional da “rede nervosa” no cérebro. Bernard Widrow e Ted Hoff, da Universidade de Stanford, desenvolveram uma aplicação de rede neural reduzindo o ruído nas linhas telefônicas no final da década de 1950.

Na mesma época, Frank Rosenblatt, um psicólogo americano, apresentou a ideia de um dispositivo chamado Perceptron, que imitava a estrutura neural do cérebro e mostrava capacidade de aprender. Marvin Minsky e Seymour Papert, do MIT, interromperam essa pesquisa em seu livro Perceptrons, de 1969, mostrando matematicamente que o Perceptron só poderia realizar tarefas muito básicas.

Em 1986, Geoffrey Hinton, da Universidade de Toronto, juntamente com os colegas David Rumelhart e Ronald Williams, resolveram este problema de treinamento com a publicação de um agora famoso algoritmo de treinamento de retropropagação - embora alguns profissionais apontem para um matemático finlandês, Seppo Linnainmaa, como tendo inventado a retropropagação já na década de 1960. 

Yann LeCun, da Universidade de Nova York, foi pioneiro no uso de redes neurais em tarefas de reconhecimento de imagens e seu artigo de 1998 definiu o conceito de redes neurais que imitam o córtex visual humano. 

Paralelamente, John Hopfield popularizou a rede “Hopfield”, que foi a primeira rede neural recorrente. Isto foi posteriormente expandido por Jürgen Schmidhuber e Sepp Hochreiter em 1997 com a introdução da memória de longo prazo (LSTM), melhorando significativamente a eficiência e praticidade das redes neurais recorrentes. Em 2012, Hinton e dois de seus alunos destacaram o poder do Deep Learning quando obtiveram resultados significativos, com base em um conjunto de dados coletado por Fei-Fei Li e outros. Ao mesmo tempo, Jeffrey Dean e Andrew Ng estavam realizando um trabalho inovador em reconhecimento de imagens em grande escala no Google Brain.

Deep Learning também aprimorou o campo existente de aprendizado por reforço, liderado por diversos pesquisadores, levando ao sucesso de jogos de sistemas desenvolvidos pela DeepMind. Em 2014, Ian Goodfellow publicou um artigo sobre o modelo denominado adversarial nets generative, que junto com a aprendizagem por reforço se tornou o foco de muitas das pesquisas recentes na área.

Qual é a relação entre Deep Learning e IA generativa (IAgen)?

O ChatGPT tornou a IA visível – e acessível – ao público em geral pela primeira vez. O ChatGPT e outros modelos de linguagem semelhantes foram treinados em ferramentas de Deep Learning chamadas transformer networks para gerar conteúdo em resposta as solicitações. 

As transformer networks permitem que as ferramentas de IAgen avaliem diferentes partes da sequência de entrada de maneira diferente ao fazer previsões. As transformer networks, compreendendo camadas codificadoras e decodificadoras, permitem que os modelos de IAgen aprendam relações e dependências entre palavras de uma forma mais flexível em comparação com os modelos tradicionais de máquina e de aprendizagem profunda. Isso ocorre porque as transformer networks são treinadas em grandes áreas da Internet (por exemplo, todas as imagens de trânsito já gravadas e carregadas) em vez de um subconjunto específico de dados (certas imagens de um sinal de pare, por exemplo). Os modelos básicos treinados na arquitetura de transformer networks – como o ChatGPT da OpenAI ou o BERT do Google – são capazes de transferir o que aprenderam de uma tarefa específica para um conjunto mais generalizado de tarefas, incluindo a geração de conteúdo.

Quais setores podem se beneficiar do Machine Learning e do Deep Learning?

Segundo os dados de diversas pesquisas já publicadas, todas elas indicaram que praticamente qualquer setor pode se beneficiar de ambos os modelos: (ML e DL). Aqui estão alguns exemplos de casos de uso que abrangem vários setores:

Manutenção preventiva. Atividade crucial para qualquer indústria ou negócio que dependa de equipamentos. Em vez de esperar até que um equipamento quebre, as empresas podem usar a manutenção preventiva para projetar quando a manutenção será necessária, reduzindo assim o potencial tempo de inatividade e diminuindo os custos operacionais.

Tanto a ML como o DL têm a capacidade de analisar grandes quantidades de dados multifacetados, o que pode aumentar a precisão da manutenção preventiva. Por exemplo, os profissionais de IA podem incluir  novas entradas, como dados de áudio e de imagem, o que pode adicionar nuances à análise de uma rede neural.

Otimização logística. Usar a IA para otimizar a logística pode reduzir custos por meio de previsões em tempo real. Por exemplo, a IA pode otimizar o roteamento do tráfego de entrega, melhorando a eficiência do combustível e reduzindo os prazos de entrega.

Atendimento ao Cliente. As técnicas de IA em call centers podem ajudar a permitir uma experiência mais integrada para os clientes e um processamento mais eficiente. A tecnologia vai além da compreensão das palavras do chamador: a análise Deep Learning do áudio pode avaliar o tom do cliente. Se o serviço de chamada automatizado detectar que um chamador está chateado, o sistema poderá redirecioná-lo para outro operador ou um gerente.


A riqueza é resultante do trabalho



Comemora-se hoje, mundialmente, o Dia do Trabalho ou o Dia do Trabalhador. Esta data, criada em Paris, em 1889, está relacionada com eventos, especialmente a greve geral ocorrida na cidade de Chicago, em 1886, que paralisou os parques industriais da cidade e foi acompanhada de forte repressão policial, e se propagando pelos dias seguintes, resultando, após a explosão de uma bomba, em sete mortos e dezenas de pessoas feridas entre policiais e manifestantes.

No Brasil, em 1917, a cidade de São Paulo protagonizou uma das maiores greves gerais já registradas, levando o movimento dos trabalhadores a ganhar força, fazendo com que o então presidente Athur Bernardes, em 1925, seguisse o que vinha ocorrendo em várias partes do mundo e igualmente reservasse o primeiro de maio como o Dia do Trabalho no Brasil.

De lá pra cá, empresas, trabalhadores e profissões se multiplicaram. As greves também. No Brasil e no mundo, as projeções de necessidade de trabalhadores em áreas especificas, que requerem nível de estudos mais elevados, são alvissareiras.

As pessoas trabalhadoras desejam vislumbrar e participar dessas oportunidades, portanto, ocuparem as vagas que irão surgir no mercado de trabalho. Querem condições para construirem suas vidas com autonomia. A riqueza é resultante do trabalho.

Entretanto, não é difícil se concluir que não haverá uma rápida absorção dos atuais desempregados. Isto porque as exigências de qualificação profissional têm crescido substancialmente. Poderemos, então, enfrentar uma situação paradoxal: existirão vagas mas não teremos trabalhadores.

30 abril 2024

O poder da inovação ( 1/3 )

Em meio as disputas políticas se inclui a exibição de eventuais domínios tecnológicos. Na imagem abaixo, a Alemanha Oriental (RDA) exibindo seus computadores em desfile estadual - 4 de julho de 1987.  A RDA não existe mais mas o costume não acabou. As ditaduras comunistas continuam com seus desfiles militares exibindo a última geração de suas armas e homenageando os ditadores do passado (e os de plantão), sem exceção, que  assassinaram (assassinam) milhões de pessoas de sua própria população.


Computadores na Alemanha

A história registra que o primeiro computador digital eletromecânico controlado por programa (software) do mundo foi desenvolvido na Alemanha por Konrad Zuse, o Z3, finalizado em 12 de maio de 1941.

Ele seguiu os passos do Z1 – o primeiro computador digital binário do mundo – que Zuse desenvolveu em 1938.  Zuse se destacou pela máquina de computação S2, considerada o primeiro computador de controle de processo.

Ainda em 1941, ele fundou uma das primeiras empresas de computadores, produzindo o Z4, que se tornou o primeiro computador comercial do mundo. De 1943 a 1945 ele projetou a Plankalkül, a primeira linguagem de programação de alto nível.

Muito de seu trabalho inicial foi financiado por sua família e pelo comércio, mas depois de 1939 ele recebeu recursos do governo alemão nazista. Durante a Segunda Guerra Mundial, o trabalho de Zuse passou despercebido no Reino Unido e nos Estados Unidos.

Muito do trabalho de Zuse foi destruído na Segunda Guerra Mundial, embora o Z4, a mais sofisticada de suas criações, tenha sobrevivido e foi parar na IBM. Possivelmente, sua primeira influência documentada em uma empresa americana foi a opção da IBM por suas patentes em 1946.


O poder da inovação

Ao longo do tempo, reconhecidamente a inovação tem demonstrado poder. Foi assim no passado e continuará sendo no futuro.

Em exemplo mais recente, quando as forças russas marcharam sobre Kiev em fevereiro de 2022, poucos pensaram que a Ucrânia conseguiria sobreviver. A Rússia tinha mais do dobro de soldados que a Ucrânia. O seu orçamento militar era dez vezes maior. A comunidade de inteligência dos EUA estimou que Kiev cairia dentro de uma a duas semanas, no máximo.

Contudo, desarmada e em menor número de homens, a Ucrânia voltou-se para uma área em que detinha uma vantagem sobre o inimigo: a tecnologia. Pouco depois da invasão, o governo ucraniano carregou todos os seus dados críticos para a nuvem, para que pudesse salvaguardar a informação e continuar a funcionar mesmo que os mísseis russos transformassem os seus escritórios ministeriais em escombros. 

O Ministério da Transformação Digital do país, que o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky tinha criado apenas dois anos antes, adaptou o seu App móvel de governo eletrônico, Diia, para recolher informações de seus cidadãos, permitindo que eles pudessem carregar fotos e vídeos de unidades militares inimigas. 

Com a sua infraestrutura de comunicações em perigo, os ucranianos recorreram aos satélites Starlink e às estações terrestres fornecidas pela SpaceX para se manterem ligados. Quando a Rússia enviou drones fabricados no Irã através da fronteira, a Ucrânia desenvolveu os seus próprios drones especialmente concebidos para interceptar os ataques russos – enquanto os seus militares aprendiam a usar armas desconhecidas fornecidas pelos aliados ocidentais. No jogo do gato e do rato da inovação, a Ucrânia revelou-se simplesmente mais ágil. E assim, o que a Rússia imaginou que seria uma invasão rápida e fácil acabou por ser tudo menos isso.

Teste de um drone caseiro em Kiev,
novembro de 2022

O sucesso da Ucrânia pode ser creditado em parte a determinação do povo ucraniano, a fraqueza dos militares russos e a força do apoio ocidental. Mas também se deve a nova força definidora da política internacional: o poder de inovação

Não é segredo que o poder de inovação é a capacidade de inventar, adotar e adaptar novas tecnologias. Contribui tanto para o hard power quanto para o soft power

Os sistemas de armas de alta tecnologia aumentam o poderio militar. Um bom (e atual) exemplo disto está disponível no seriado Netflix "O ponto de virada - A bomba e a guerra fria".

Existe uma longa tradição de que as nações que aproveitam a inovação para projetar poder no estrangeiro, resultante dos progressos científicos. Atualmente estamos diante de mais um. Os dos avanços na inteligência artificial que abrem novas áreas de descoberta científica e que aceleram esse mesmo processo. 

A inteligência artificial aumenta a capacidade dos cientistas e engenheiros para descobrirem tecnologias cada vez mais poderosas, promovendo avanços na própria inteligência artificial, bem como noutros campos – e remodelando o mundo no processo.

A capacidade de inovar mais rapidamente e melhor – a base sobre a qual assenta agora o poder militar, econômico e cultural – determinará o resultado da competição entre grandes potências como os Estados Unidos e a China. 

Por enquanto, os Estados Unidos continuam na liderança. Mas a China está a se recuperar em muitas áreas e já avançou noutras. Para sair vitorioso desta disputa que define o século, os negócios como de costume não servirão. 

Para isso, as nações terão de superar os seus impulsos burocráticos, criar condições favoráveis ​​à inovação e investir nas ferramentas e no talento necessários para iniciar o ciclo virtuoso do avanço tecnológico. 

As nações precisarão também se comprometerem a promover a inovação a serviço do país e a serviço da democracia. Em jogo está nada menos do que o futuro das sociedades livres, dos mercados abertos, dos governos democráticos e da ordem mundial mais ampla e mais democrática.