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20 setembro 2016

O CRETINISMO PARLAMENTAR

Após a divulgação de um projeto, forjado na calada da noite, para anistiar os políticos envolvidos com o crime do caixa 2 nas campanhas eleitorais e em seguida abortado, o Senador Aloysio Nunes, do PSDB-SP, publicou em sua conta no Twitter: "A Câmara quase sucumbiu à doença identificada por Marx no livro sobre Napoleão III: o cretinismo parlamentar".

O fato mostra que os parlamentares brasileiros não se vacinaram contra essa doença. Muito ao contrário, ela tem se manifestado com frequencia. Os que dela padecem são muitos e estão presentes em praticamente todos os partidos.

Entretanto, o Senador Aloysio Nunes se esqueceu, ou não quis citar, que o Senado não está imune à doença.

Não faz muito tempo, há apenas quinze dias, por ocasião da votação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o Brasil e o mundo foram surpreendidos por uma maracutaia, promovida nos bastidores, tendo como líder o presidente do Senado e a aquiescência do presidente do Supremo Tribunal Federal, resultando na não aplicação da pena prevista na Constituição Federal para presidentes que são condenados por crime de responsabilidade.

De novo, conforme noticiou a Folha de São Paulo, nessa nova maracutaia houve também a participação do presidente do Senado, segundo relato de alguns deputados e senadores, mas negado por ele.


A pergunta que não quer calar é quando os hospedeiros das epidemias políticas brasileiras, do cretinismo parlamentar, deixarão a vida pública e passarão a ver o sol nascendo quadrado ?

18 setembro 2016

PROPINOCRACIA

A fala do ex-presidente Lula, durante a última semana, para rebater as acusações do Ministério Público não é digna de um ex-presidente da República. Coaduna-se, sim, com o que lhe foi apontado pelos procuradores, ou seja, como sendo o "suposto comandante máximo do esquema de corrupção", o  chefão da propinocracia instalada no País nos últimos anos, período em que o Partido dos Trabalhadores esteve no poder sob o seu comando.

Além de repetir clichês para a sua claque composta, pelo menos na principal foto do evento, por comparsas dessa fraude estabelecida no Brasil, desde 2003, em sua maioria investigados pela Polícia Federal, ou com processos já em curso na Justiça Federal, o ex-presidente deixou de apontar respostas contundentes sobre os fatos da denúncia que lhe foi atribuída.

Fatos esses compostos de sete atos de corrupção passiva e de sessenta e quatro de lavagem de dinheiro que, na hipótese de condenação, lhe proporcionarão uma pena mínima de trinta e cinco anos e quatro meses e máxima de 125 anos, nove meses e 10 dias. Além disto, todas as penas incluem multas que somam R$ 87,6 milhões à Petrobras. Portanto, a acusação não se trata de um truque de ilusionismo como querem considerar os seus advogados de defesa.

O ex-presidente ainda se enganou ao afirmar, em seu discurso mentiroso, que os procuradores não estão habituados ao fato de que conquistou o direito de andar de cabeça erguida por todo o País. Alguém já o viu andando nas ruas como qualquer cidadão de bem o faz ? O que se constata, na prática, é que o Chefão não tem cabeça erguida nem para voar em avião de carreira.

No sentido inverso ao do ex-presidente, o que se ver são aplausos da população brasileira dirigidos ao juiz Sergio Moro e aos procuradores da República, ao mesmo tempo em que aguarda, ansiosamente, que as dez propostas do Ministério Público sejam aprovadas pelo Congresso Nacional. São medidas que aumentam a prevenção, dificultando a corrupção ou, em ex-post, fazendo com que as penalidades sejam mais rigorosas e alcancem os delinquentes.

Vivemos um momento histórico. A população espera, isto sim, uma virada de mesa para que o país tenha um governo no qual prevaleçam a honradez, a decência e a dignidade.






01 setembro 2016

PÁGINA - QUASE - VIRADA

Após nove meses de tramitação no Congresso chegou-se ao final do processo de impeachment da Presidente da República iniciado em dezembro de 2015.

Durante todo esse período, o País pode saborear o gosto da democracia ao assistir o cumprimento do estabelecido em sua Carta Magna de 1988, a Constituição Cidadã, e respectiva legislação infraconstitucional, especialmente no que refere ao direito de defesa da acusada por crimes de responsabilidade.

Por 61 votos a 20, o Senado condenou a presidente Dilma Roussef pelos crimes de responsabilidade cometidos em 2015, tendo como consequência imediata a perda de seu mandato. Essa cassação interrompe o ciclo de 13 anos do PT no poder, com suas principais lideranças abaladas e envolvidas em crimes das mais variadas naturezas, especialmente no âmbito da Operação Lava Jato.

Entretanto, as comemorações desse resultado ocorreu sem brilho, pois, na sessão final de votação do impeachment, o Brasil foi surpreendido por uma maracutaia promovida nos bastidores tendo como líder o presidente do Senado e a aquiescência do presidente do Supremo Tribunal Federal. Canalhas, para usar o mesmo termo de como se dirigiu Tancredo Neves ao presidente do Senado Federal, quando o senador Auro Moura Andrade declarou vaga a Presidência da República enquanto Jango ainda se encontrava em território nacional.

Tal manobra (conluio de pilantras) afrontou à Constituição, deixando os brasileiros inseguros no que tange ao cumprimento das leis. Tal tramóia retirou a pena prevista na CF para a presidente impedida de continuar exercendo o cargo maior do executivo federal e, dessa forma, a página virada, aguardada pela maioria dos brasileiros, não aconteceu em sua plenitude.

Em seu lugar uma página negra foi escrita, pasmem, pelos chefes dos poderes legislativo e judiciário de nosso País. Uma grande mancha para a democracia brasileira.