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21 setembro 2020

O BRASIL PODERÁ UM DIA SE TORNAR UMA REPÚBLICA DIGITAL?

No início da década de 1990, a China era em grande parte uma economia em planejamento e a União Soviética ainda existia. Poucas pessoas tinham ouvido falar da Internet e o e-mail parecia mais próximo da ficção científica do que da realidade. No Brasil estávamos dando início a implantação da Internet.


Neste final de semana li um artigo na Revista Oeste sob o título: "E-STÔNIA, O PAÍS NA NUVEM O que podemos aprender com a Estônia, o país que se livrou do comunismo para tornar-se uma república digital”, cujo backup da república digital é mantido em servidores em Luxemburgo. Lá a presença física só é exigida em apenas três ocasiões: no casamento, no divórcio e na compra de um imóvel. Lá, também, um “Juiz-robô” resolve causas que envolvam valores abaixo de sete mil euros.


Tal estágio nos remete as seguintes perguntas: Que outros países seguirão a Estônia? É possível se pensar em um e-Brasil e mesmo em um e-Terra no futuro?


Obviamente uma resposta afirmativa nesse sentido será meramente especulativa, pois a Estônia é um país pequeno com uma população de apenas 1,3 milhão de habitantes.


Entretanto, esse questionamento nos remete a observar o que ocorreu desde a dissolução da União Soviética (1991), especialmente nos últimos anos e que contribuiu para termos um país digitalizado como a e-estônia.


Ora, é de fácil percepção que os últimos 15 anos trouxeram fortes mudanças na forma da economia mundial, no panorama das principais indústrias, no funcionamento das empresas e no comportamento da sociedade.


A Ásia redistribuiu o poder econômico no mundo. Especialmente a China e a Índia, passaram a ter uma fatia maior da economia mundial. Os processos de produção com mão de obra intensiva mudaram para suas economias de custo mais baixo, em razão da vantagem salarial massiva sobre os mercados desenvolvidos. Isto provocou um impacto mundial significativo nas economias, empresas e clientes.


A globalização e as tecnologias de rede permitiram às empresas usar o mundo como sua base de fornecimento de talentos e materiais. Processos, empresas, clientes e cadeias de suprimentos se fragmentaram à medida que as empresas se expandiram no exterior, à medida que o trabalho fluiu para onde é melhor executado e à medida que as informações foram digitalizadas. Como resultado, a colaboração efetiva se tornou mais importante. As fronteiras entre diferentes funções, organizações e até mesmo setores ficaram confusas. Os formatos e tecnologias de dados foram padronizados.


Preço e qualidade se tornaram mais importantes do que nunca, e os clientes em mercados desenvolvidos e em desenvolvimento passaram a dar mais ênfase à personalização. Os produtos e serviços se tornaram personalizados, levando as empresas a projetarem produtos de forma modular e, no caso dos fabricantes, montá-los em resposta a pedidos específicos de clientes. Clientes e fornecedores passaram a ser tratados de maneiras diferentes, dependendo de suas preferências pessoais e de sua importância para o negócio.


Com a automação de processos cada vez mais difundida, o foco da atenção da administração se voltou para as áreas do negócio, da inovação ao atendimento ao cliente, onde a química pessoal ou o insight criativo são mais importantes do que regras e processos.


Foi esse contexto que o pequeno país, a Estônia, de forma inteligente, entendeu rapidamente e se sobressaiu, de forma exemplar, de seus anteriores 51 anos de subserviência a Moscou.


Segundo a Endeavor, uma empresa demora em média 117 dias para ser aberta no Brasil. A média mundial é 79,5 dias. Na Estônia, a demora é de apenas três horas.


De acordo com a matéria da Revista Oeste, qualquer pessoa no mundo pode abrir uma empresa naquele País. Para isto basta o interessado, previamente, obter o kit e-Resident. Já existem 70 mil pessoas e-residentes, de 170 países, que podem administrar a sua empresa de qualquer lugar do planeta.


Pra frente Brasil !


O autor do artigo - Dagomir Marquezi - é otimista com relação ao Brasil e, nesse clima de otimismo, copio a seguir um de seus parágrafos para concluir este post. 


O Brasil poderá um dia se tornar uma república digital? Bem, o Brasil não é a Estônia. Nossa população é 161 vezes maior; nossa realidade, muito mais complexa. Mas temos uma população que se adapta bem a novas tecnologias, mesmo em seus estratos mais pobres. E a necessidade empurra o país para a frente. Manchete do Estadão no domingo dia 13 de setembro: “Com pandemia, digitalização nas empresas [brasileiras] avança cinco anos em cinco meses”. Claro que o aparelho estatal, refém de setores privilegiados, é muito mais lento que o setor privado. Mas também vai ter de mudar. E já está mudando.

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