A Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) apresentou as primeiras imagens obtidas pelo Telescópio Espacial James Webb. De acordo com o órgão, tais imagens revelarão “visões sem precedentes”, ricas em detalhes do Universo.
A primeira imagem, do aglomerado de galáxias conhecido como SMACS 0723, está localizado há 4,6 bilhões de anos luz.
Localizado a 1,5 milhão de quilômetros da Terra, no chamado ponto L2,, o James Webb Space Telescope (JWST) é fruto de uma parceria entre as agências espaciais norte-americana (Nasa) e europeia (ESA). Ele tem como principal característica a captação de radiação infravermelha.
Se tudo der certo, o equipamento permitirá aos pesquisadores observar a formação das primeiras galáxias e estrelas. Além de estudar a evolução das galáxias, eles poderão ainda observar a produção de elementos pelas estrelas e os processos de formação de estrelas e planetas.
O nome escolhido para o novo telescópio espacial é uma homenagem a um antigo administrador da Nasa, James Edwin Webb. Ele liderou o programa Apollo, além de uma série de outras importantes missões espaciais.
Sobre as fotos propriamente ditas, uma ótima explicação foi exposta nas redes sociais pela jovem pesquisadora Roberta Duarte. Veja a seguir o texto e as fotos por ela divulgadas.
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Agora que apreciamos a beleza da foto, vamos falar um pouco do que vemos na foto acima e porquê ela é importante!Vou tentar explicar cada parte da foto!
Essa é a imagem mais detalhada que temos do Universo até agora!
Vamos falar da Ciência da foto? O nome oficial da foto é Webb’s First Deep Field porque é uma deep-field.
Deep Field são imagens feitas por telescópios após eles observarem uma mesma região por um longo tempo.
No caso dessa, foram 12.5 horas de observação.
A região escolhida foi a região do aglomerado de galáxias SMACS 0723 na constelação de Volans.
O aglomerado em si está a cerca de 4.6 bilhões de anos-luz de nós.
Mas o interessante é que ele nos ajuda a observar ainda mais longe.
O aglomerado funciona como uma espécie de lupa que "aumenta" a imagem de galáxias que estão bem atrás e mais distante.
O nome desse efeito é lente gravitacional que distorce a trajetória da luz devido a matéria do aglomerado (escura e bariônica).
Algumas lentes são esses arcos.
Ou seja, é a matéria distorcendo a trajetória da luz porque distorce o espaço-tempo daquela região.
Graças a esse efeito e a capacidade do JWST, é a primeira vez que vemos algumas galáxias extremamente distantes.
Como vocês podem ver aqui:
Sim, a imagem é colorida artificialmente mas sempre respeitando os comprimentos de onda.
Eles consideram a distância e o redshift (distância) para colorir a imagem de forma correta.
Galáxias mais avermelhadas são mais distantes e as galáxias azuis/brancas são mais próximas.
Agora a pergunta que eu mais vi: o que são esses negócios pontudos nas fotos?
São apenas estrelas, da própria Via Láctea, que ficaram na linha de visão quando o Jaiminho - vulgo James Webb - tava observando.
E por que a gente fala que estamos vendo o passado?
Porque a luz que chegou até o JWST foi emitida quando o Universo era jovem, com algumas centenas de milhões de anos.
Os fótons viajaram bilhões de anos até chegar no espelho do telescópio!
E lembre-se: o Universo está em expansão então os fótons viajaram nesse espaço-tempo que tá se esticando.
A expansão faz o comprimento de onda se "esticar", fazendo a luz ser jogada para comprimentos maiores, ou seja, infravermelho.
Qual é o interesse dessa foto?
Nela poderemos estudar a morfologia das galáxias quando elas acabaram de nascer, assim como entender a dinâmica delas e as propriedades - ou seja, que tipo de estrelas elas tem, se possuem buracos negros, etc.
E ai uma comparação entre a mesma região tirada pelo Hubble e pelo JWST!
Olha quantas galáxias novas podemos ver com o JWST!
Gente, aaaa a thread hitou! Obrigada mesmo e fico feliz que todo mundo tá animado com a Deep Field do James Webb.
Roberta Duarte
Física. Doutoranda em Astrofísica no
(PhD Student)
Trabalhando e divulgando black holes e IA (na #AstroThreadBR)
Roteiros no Ciência Todo Dia.
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