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26 março 2023

TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL EMITE ORDEM DE PRISÃO CONTRA PUTIN

O Tribunal Penal Internacional de Haia emitiu uma ordem de prisão contra Putin por supostos crimes de guerra na Ucrânia, marcando o ponto mais baixo da relação entre a Rússia e o Ocidente.

Desde que Putin resolveu invadir a Ucrânia, a resposta do Ocidente foi basicamente isolar a Rússia, chegando ao ponto de bloquear recursos financeiros e retirar o acesso do país aos sistemas de negociação internacionais. A venda de energia russa à Europa diminuiu sensivelmente, fazendo os preços multiplicarem por até 10 vezes. Um inverno ameno e um rearranjo na cadeia de fornecimento europeu evitaram o pior, mas a situação está longe de estar normalizada. No front militar, a guerra na Ucrânia fez seu primeiro aniversário, produzindo até aqui a perda massiva de vidas e a destruição do país, além de milhões de refugiados. Do lado russo, as perdas também são muito pesadas. A OTAN oferece cada vez mais armas aos ucranianos, além de ajuda financeira que já ultrapassa os US$ 100 bilhões, bancada principalmente pelo pagador de impostos americano.

As repercussões dessa decisão estão se refletindo no relacionamento entre os países em todo o mundo, especialmente no fortalecimento das ditaduras comunistas e ao encontro do projeto chinês de, até o ano 2050, ter o domínio mundial. 

Durante a semana que se passou, Xi Jinping visitou Putin em Moscou. No encontro, os dois ditadores assinaram acordos de cooperação. A Rússia venderá energia e produtos agrícolas para a China, que, em contrapartida, substituirá o Ocidente como principal provedor de produtos e serviços de maior valor agregado, de alta tecnologia.







É obvio que há muitos interesses por trás em tudo o que ocorre no mundo das relações entre as nações. Sempre foi assim. A China já preparou seus próximos 50 anos, e procura intensificar sua influência no Brasil, que se intensificou durante o governo Lula. Eles têm uma estratégia de longo prazo, e a aplicam com interesses densos de cooptação.

A maioria dos especialistas em China avalia que o sharp power não tem o propósito de criar um cenário em que sejam viabilizadas ações de interferência política direta — esse é o jogo da Rússia, que até financia grupos de mercenários na região do Báltico para influenciar eleições e ameaçar militarmente a vizinha Ucrânia. 

A ditadura chinesa, que precisa tirar da extrema pobreza mais de 100 milhões de pessoas, estaria na verdade em busca de vantagens comerciais para a expansão de negócios e de segurança alimentar a longo prazo. O continente africano tem testemunhado a execução dessa estratégia. Quase todos os setores estratégicos na África são atualmente controlados pela China, de logística a telefonia, de energia a exploração mineral. Para contar com áreas cultiváveis no futuro, o PCC concede empréstimos a juros camaradas até a países inviáveis como Serra Leoa e República Democrática do Congo.

Nesse contexto, o Brasil aparece como alvo importante. Trata-se, afinal, do único país do mundo com potencial de dobrar rapidamente a produção do agronegócio sem causar danos ao meio ambiente. A China precisará consumir cada vez mais alimentos. E usará o sharp power para assegurar a elevação dos níveis de qualidade de vida de sua população. Cabe ao Ocidente jogar com inteligência para calibrar o poder dos chineses. E o Brasil terá de avaliar bem sua atuação e quanto estará disposto a ceder, o que, infelizmente, não está na pauta do governo atual.

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