No post anterior, escrevemos que após as "eleições" presidenciais de outubro de 2022, o Brasil voltou a conviver com números e manchetes negativas. Aqui, teceremos alguns comentários sobre alguns temas que estão fazendo o Brasil caminhar para trás antes mesmo do governo Lula completar seus primeiros cem dias de governo. Porém, deixaremos de abordar os acontecimentos ocorridos no último dia 8 de janeiro.
SEM TERRA E SEM LEI
Da série de pesadelos possíveis para um produtor rural no Brasil, nenhum é mais perturbador do que acordar com um bando armado cruzando a sua cerca — o arame está ali para ser respeitado, diz a Constituição. Os grupos de sem-terra estão de volta, desta vez sem medo de andar à margem da lei. Um retrocesso de duas décadas no setor fundiário.
Oficialmente, foram registradas 11 invasões neste ano, metade do que foi contabilizado durante todo o mandato de Jair Bolsonaro (24). A progressão aritmética revela que a onda pode superar as 2 mil invasões para cada mandato na era petista de Lula e Dilma Rousseff. Mas, desta vez, há uma diferença: a escolha das fazendas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e por novas siglas, ainda mais agressivas. (Matéria de capa da Revista Oeste, edição 156).
DESTRUIÇÃO DAS REFORMAS INICIADAS EM 2016
A desconstrução das reformas iniciadas em 2016, após o impeachment de Dilma, vai criando insegurança jurídica e regulatória e pode afastar investidores privados.
A lista de mudanças é extensa: TLP no BNDES; Lei das Estatais; reforma da Previdência; política de preços de combustíveis; desinvestimentos da Petrobras; desprivatização da Eletrobrás; fim da limitação de despesas do governo e agências regulatórias.
Outra vítima é o novo marco do saneamento, mesmo tendo, em apenas dois anos, comprometido R$ 50 bilhões em investimentos mais R$ 30 bilhões em outorgas. As estatais, por sua vez, não conseguiram demonstrar capacidade financeira para cumprir metas de universalização impostas nos contratos.
Lula e sua troupe afirmam que é o Estado que tudo deve fazer. E, se a consequência for inflação ou crescimento medíocre, isso será mais uma vez atribuído a um inimigo externo, que já foi até escolhido - o Banco Central. Mas pode virar o Congresso Nacional e Lira.
É PERMITDO ROUBAR
O ministro das Comunicações foi pego em flagrante num dos vícios mais infames a que gente como ele costuma se entregar quando ganha um cargo no governo, ou, melhor dizendo, em governos que não têm sistemas mínimos de controle moral: usou um jato da FAB, com o combustível e demais despesas pagas integralmente pelo contribuinte, para ir a uma exposição de cavalos de raça em São Paulo.
O recado de Lula ao ministro foi muito claro: “Fica frio. Não vai acontecer nada com você; não vai acontecer nada com ninguém, no meu governo. Pode continuar tocando a sua vida, do seu jeito, de boa. Vão ficar saindo umas notícias aí, mas é tudo bobagem. Daqui a pouco esquecem do seu caso e a coisa volta ao normal. Vai em frente”.
“Aconteceu igualzinho comigo. Tamo junto”. O que ele poderia falar que não fosse exatamente isso? O STF iria chegar à conclusão imediata de que o ministro não fez nada de mais, que a acusação não tem provas, mesmo que houvesse a confissão dos corruptores e evidência física da corrupção — e que, de qualquer jeito, o CEP do processo está errado.
Os donos do governo têm carta branca do STF para fazerem o que bem entendem, sem qualquer risco de serem processados por alguma coisa algum dia — e, se por acaso forem, o punido vai ser o juiz.
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