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31 julho 2015

FIM DE CAMPEONATO

Após a divulgação das novas metas fiscais definidas pelo governo para 0,15% do PIB neste ano; 0,7% em 2016; 1,3% em 2017; e 2% em 2018 e da agência de classificação de risco Standard & Poor’s alterar para negativa a perspectiva da nota de crédito do país, a situação descrita aqui é de que em vez de melhorar, os indicadores fiscais do país vão piorar, e muito. Entre eles a de que a dívida bruta saltará de 62% para 70% do PIB. Corroboram tal expectativa, os dados sobre as contas do governo divulgados ontem, que registraram déficit de R$ 1,59 bilhões no primeiro semestre deste ano, o primeiro da série história iniciada em 1997. Para completar, mesmo em tempos de recessão, o BC elevou a SELIC em mais 0,5%, atingindo o valor de 14,25%. As estimativas para o emprego são tenebrosas: fechamento de vagas e queda nos salários. Ficou mais difícil sair do atoleiro.

Também foram detalhados os novos cortes orçamentários visando o cumprimento da nova meta fiscal para 2015 (0,15% do PIB). A educação que inspirou o lema, ops, slogan, deste novo mandato da presidente Dilma Roussef, "Pátria Educadora", sofreu mais uma tesourada, desta vez de R$ 1 bilhão. Já tinha perdido no início do ano R$ 9,2 bilhões. Como consequência, várias instituições de ensino federais suspenderam suas atividades e algumas já anunciaram o adiamento do início das aulas do segundo semestre letivo.

Com esse quadro como pano de fundo, a presidente Dilma antecipou o final da semana convocando todos os governadores de estado para um encontro no Palácio da Alvorada. A ninguém deixou dúvida de que se tratava de uma tentativa de angariar apoio para aprovação de medidas que estão em curso no Congresso, mas, essencialmente, estava buscando apoio político que lhe sirva de sustentação de seu próprio mandato, vis-à-vis os próximos embates que surgirão a partir da próxima semana, quando retornarem as suas atividades os deputados federais, senadores e os ministros do TCU, TSE e STF.

Em seu discurso de abertura da reunião, a presidente Dilma repetiu bordões antigos, como os de que a situação econômica tinha piorado em decorrência da crise internacional e pela implacável seca, talvez a pior dos últimos 100 anos, no nordeste e no sudeste, com impacto no preço da energia elétrica. Afirmou também que hoje o Brasil está mais forte do que em crises passadas e que acredita que o País voltará a ter uma situação normal rapidamente. "Vamos estar entrando num novo ciclo de desenvolvimento". Apontou para isto: 1) controle da inflação; 2) reequilíbrio fiscal; 3) expansão das exportações de commodities e manufaturados; 4) incentivo aos investimentos através de concessões em infraestrutura. Também mencionou que ações nas áreas de segurança, saúde e Pronatec/Jovem Aprendiz seriam abordadas pelos ministros das pastas correspondentes.

Contudo, a presidente não transmitiu firmeza, convicção ou esperança. E, mais uma vez, deixou de admitir seus erros no Dilma-1 e não se desculpou pelo seu estelionato eleitoral praticado logo após vencer as eleições. Para um torcedor por um Brasil melhor, a impressão que ficou foi a de que a presidente apenas cumpriu mais um jogo em fim de campeonato.

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