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27 junho 2020

LIBERDADE DE EXPRESSÃO NO BRASIL CORRE PERIGO

Apesar de ser assegurada em sua Carta Maior, a Constituição Federal promulgada em 1988, a liberdade de expressão no Brasil está correndo perigo.

E esse perigo é decorrente de decisões que estão sendo tomadas nas duas Casas que estão diretamente ligadas ao assunto: a primeira, o Congresso Nacional que produz as leis e a segunda, o  Supremo Tribunal Federal guardião da leis aprovadas no Congresso.

É nesse contexto que se encontra em fase de votação o absurdo Projeto de Lei n º 2630, conhecido como a "lei das fakenews", articulado por políticos oportunistas, ideologicamente ativos.

No caso das fakenews, por exemplo, a conceituação do que é verdade é bastante ampla, é elástica, dependendo dos interesses envolvidos e da ideologia de quem decide.

A proposta pretende delegar a “mediadores” contratados por plataformas digitais, como Facebook, Twitter e similares, o poder de excluir informações e postagens consideradas inverídicas ou ofensivas, configurando-se como um ato de censura.

Facebook, Google, Twitter e WhatsApp assinaram nota conjunta na qual criticam o projeto de lei, afirmando que "o projeto, após as novas modificações realizadas,  insiste em concepções equivocadas e aprofunda muitos problemas, trazendo ainda problemas adicionais, como a exclusão digital, exigência de localização de dados, abrindo espaço para um duro golpe na privacidade e segurança dos cidadãos, e na economia do país. 

Tudo isso agravado pelo contexto atual de pandemia, em que as pessoas cada vez mais dependem da internet e do uso de plataformas digitais, como redes sociais e mensageira, para se manterem conectadas com família e amigos, para se informar, trabalhar e empreender." 

Entidades da sociedade civil ligadas à infância e juventude e à universalização do acesso à internet também criticaram o projeto.

Em nota, afirmam que "É de fundamental importância a instauração de um debate aprofundado da matéria, de maneira a preservar direitos garantidos de crianças e adolescentes e assegurar avanços já constituídos em matéria de remoção de conteúdo nocivo e criminoso contra crianças e adolescentes. 

Em função disso, pedimos que o Projeto de Lei 2630/2020, que Institui a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet, seja retirado da pauta do Senado a fim de que seja amplamente debatido, e que um novo relatório, mais consensual e equilibrado, seja proposto.”

A tentativa de sua aprovação a toque de caixa visa impedir um debate amplo e qualificado sobre um tema controverso em todas as democracias do mundo. 

Na França, projeto similar aprovado no Parlamento foi rejeitado por sua Corte Constitucional. Para os constitucionalistas franceses a lei legalizaria a censura.

No Brasil, corre-se o risco, caso o Projeto de Lei seja aprovado no Congresso, de não lograrmos o mesmo resultado obtido na França. 

Aqui, o nosso STF já sinalizou neste sentido ao dar seguimento ao inquérito denominado de fakenews, exorbitando em aspectos constitucionais, como bem expressou um de seus integrantes no julgamento da legitimidade do referido inquérito.

"Estamos diante de um inquérito natimorto", afirmou Marco Aurélio destacando ainda que ele é "uma afronta ao sistema acusátorio do Brasil" e que "magistrados não devem instaurar [inquéritos] sem previa percepção dos órgãos de execução penal.”


PS.:  plenário do Senado aprovou na 3ª feira (30.jun.2020) projeto que pretende endurecer o combate às notícias falsas. O texto estabelece o recadastramento de chips de celulares pré-pagos, a proibição de disparos em massa de mensagens e o uso de robôs não identificados para postar comentários em redes sociais. Eis um resumo do conteúdo do texto, elabora pelo Poder360.


7 comentários:

  1. Não podemos usar o combate às Fake News como pretexto para acabar com a liberdade de expressão nas redes sociais, como pretende o PL 2630. CPMI das Fake News, inquérito das Fake News, agora PL das Fake News. Estranho e muito preocupante. Esclareçam seus parlamentares. Em Paz.

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  2. Projeto que basicamente acaba com a liberdade de expressão, pensamento e principalmente, a privacidade de qualquer brasileiro que utilize a internet para se comunicar. Claramente um projeto que se baseia nos mesmos mecanismos de controle e censura usados na China para impedir que os cidadãos se manifestem livremente, um país completamente totalitário dominado pelo comunismo.

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  3. Senado aprovou nesta terça-feira (30/06) o referido projeto. Veja a seguir os senadores que votaram a favor:
    Alessandro Vieira (SE), Eliziane Gama (MA), Chico Rodrigues (RR), Jayme Campos (MT), Maria do Carmo Alves (SE), Confúcio Moura (RO), Dario Berger (SC), Eduardo Braga (AM), Jader Barbalho (PA), Jarbas Vasconcelos (PE), José Maranhão (PB), Marcelo Castro (PI), Simone Tebet (MS), Cid Gomes (CE), Acir Gurgacz (RO), Weverton (MA), Wellington Fagundes (MT), Rose de Freitas (ES), Ciro Nogueira (PI), Daniela Ribeiro (PB), Katia Abreu (TO), Telmário Mota (RR), Veneziano Vital (PB), Tasso Jereissati (CE), Angelo Coronel (BA), Antônio Anastasia (MG), Carlos Fávaro (MT), Irajá (TO), Lucas Barreto (AP), Nelsinho Trad (MS), Omar Aziz (AM), Otto Alencar (BA), Sérgio Petecão (AC), Humberto Costa (PE), Jaques Wagner (BA), Jean Paul Prates (RN), Paulo Paim (RS), Paulo Rocha (PA), Rogério Carvalho (SE), Randolfe Rodrigues (AP), Fabiano Contarato (ES) e Messias de Jesus (RR).
    Senadores que votaram contra:
    Alvaro Dis (PR), Eduardo Girão (CE),Elmano Ferrer (PI), Lasier Martins (RS), Marcos do Val (ES), Oriovisto Guimarães (PR), Reguffe (DF), Romário (RJ), Styvenson Valentim (RN), Arolde de Oliveira (RJ), Carlos Viana (MG), Eduardo Gomes (TO), Esperidião Amin (SC), Fernando Coelho (PE), Fernando Collor (AL), Flávio Bolsonaro (RJ), Izalci Lucas (DF), Jorge Kajuru (GO), Leila Barros (DF), Luiz Carlos Henze (RS), Luiz do Carmo (GO), Mailza Gomes (AC), Major Olimpio (SP), Marcio Bittar (AC), Plínio Valério (AM), Roberto Rocha (MA), Rodrigo Cunha (AL), Soraya Thronicke (MT), Vanderlan Cardoso (GO), Zenaide Maia (RN), Zequinha Marinho (PA).

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  4. O erro velho que o Congresso vai repetir com a ineficaz lei das fake news - Texto desconsidera que web é mundial - Haverá custos e benefício será zero. O texto estabelece o recadastramento de chips de celulares pré-pagos, a proibição de disparos em massa de mensagens e o uso de robôs não identificados para postar comentários em redes sociais. Os senadores erraram. Os deputados, tudo indica, devem corroborar o que está no texto e seguir pelo mesmo caminho. Trata-se de uma derrota para o governo de Jair Bolsonaro, que é contra a lei das fake news, mas é uma derrota maior da sociedade brasileira. A lei não é apenas restritiva. É ruim, ineficaz e desperdiça dinheiro. https://www.poder360.com.br/analise/o-erro-velho-que-o-congresso-vai-repetir-com-a-ineficaz-lei-das-fake-news/

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  5. Facebook, o rei da censura e controle da internet publica nota de repúdio contra a PL das Fake News
    "O projeto de lei aprovado pelo Senado compromete a operação de aplicações de internet no país, no momento em que população brasileira conta com elas para se manter conectada diante da pandemia e milhões de pequenos negócios usam essas plataformas para enfrentar a crise econômica resultante da Covid-19

    O combate à desinformação é prioridade para o Facebook, e acreditamos que qualquer regulação de conteúdo online deve ser resultado de um amplo debate envolvendo toda a sociedade, para que não traga efeitos indesejados sobre a privacidade e a liberdade de expressão".

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  6. A Lei da Mordaça - " ... com a aprovação do “Projeto de Lei das Fake News” no Senado Federal — sem debate público, sem sessão plenária, por “voto eletrônico”, num momento em que o país está arrasado por uma epidemia a caminho de matar 60 mil pessoas e por apenas 44 votos, de um total de 81 senadores. Se não há acordo nem entre os próprios senadores sobre o tema, que respeito se pode esperar de uma lei dessas? A verdade, pela evidência dos fatos, é que o Senado Federal do Brasil tratou um direito fundamental do homem, incluído como “sagrado” nessa bendita Constituição que não sai da boca de políticos, juristas e pensadores brasileiros em geral, com o pouco-caso de quem está trocando um nome de rua em algum fundão perdido do interior.

    Naturalmente, como fazem todas as ditaduras nos momentos em que tentam dar um cheiro de legalidade a ações de banditismo contra os direitos democráticos, os autores da lei disseram que seu objetivo era “aprimorar”, ou até mesmo “proteger”, a liberdade de expressão. É mentira, como se pode verificar pela leitura do que está escrito no texto aprovado pelos 44 senadores. A autoridade pública — também podem chamar de “polícia” — tem a partir de agora o direito de “rastrear” todas as comunicações feitas pelos cidadãos através dos meios eletrônicos. É, para começar, uma violação grosseira do direito à privacidade na comunicação entre as pessoas: pela nova lei, mesmo a sua conversinha num simples grupo de WhatsApp entre os familiares, os amigos ou os vizinhos do prédio pode ser gravada por quem manda nos governos, sem licença da Justiça ou de quem quer que seja. Para continuar, é uma agressão direta à liberdade de manifestação do seu pensamento, pois tudo o que você disser poderá ser utilizado contra você — ou contra as plataformas por intermédio das quais as suas conversas são feitas...

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  7. A molecagem do Senado - ... "nesta semana testemunhamos a molecagem do Senado. A Casa, que parece nunca ter pressa para votar pautas importantes para o país, aprovou a toque de caixa o texto-base do “PL das Fake News” — o Projeto de Lei 2.630/20, que, sob o manto da bondade do Estado paternalista, promete nos proteger de notícias falsas, uma vez que não temos maturidade suficiente para formar opiniões.
    O projeto não é apenas um claro atentado ao livre direito de expressão. Ele mostra a covardia de senadores que parecem estar bastante incomodados com o que muitos brasileiros pensam deles como legisladores. O isolamento em seus gabinetes numa terra longínqua, protegidos por dezenas de assessores e torres de concreto, parece não existir mais. As redes sociais e aplicativos de mensagens derrubaram os muros que os cercavam e protegiam contra os incômodos questionamentos dessa gente chata da vida real que agora deu pra ficar cobrando tudo. Só porque você vota e paga impostos, acha que tem o direito de incomodar os ungidos em Brasília? Que audácia." ...

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