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24 fevereiro 2017

COM A FORÇA DO GALO DA MADRUGADA

O carnaval de 2017 se inicia pior do que o de 2016. Refiro-me ao lado ético encontrado nos dois poderes da República: o executivo e o legislativo. A semana pré-carnavalesca foi pródiga em fatos que atestam essa afirmação e que estão impulsionando um rearranjo espacial para muita gente citada.

Há muitos motivos para isso, especialmente aqueles provenientes do pronunciamento do procurador regional da República Carlos Fernando de Lima, um dos principais nomes da Lava Jato, quando comparou as delações da Odebrecht, já processadas, a um verdadeiro tsunami.

Para completar a semana pré-carnavalesca, a esse tsunami foi adicionado algo - entrevista do José Yunes à Veja -  com a força do Galo da Madrugada do Recife. Tudo o que está a sua frente é arrastado e, para os foliões da Lava Jato, as fantasias caíram antes mesmo do desfile terminar.

Em particular as desses três personagens: Temer, Padilha e Yunes. O amigo pessoal e ex-assessor do presidente Temer, José Yunes, afirmou em depoimento à Procuradoria Geral da República no último dia 14, em Brasília e em entrevista à Veja disse que foi usado em 2014 como "mula" por Eliseu Padilha e que Michel Temer desde então sabia de tudo.

- Estava no escritório quando foi avisado pela secretária de que um homem de nome Lúcio viera deixar um envelope. Era Lúcio Funaro, o operador de Eduardo Cunha, preso desde o ano passado pela Lava-Jato.
— Essa pessoa foi lá deixar o documento e se apresentou como Lúcio Funaro, falou um pouco sobre política e deixou o documento. Fui almoçar, depois a secretária disse que uma pessoa havia passado para buscar o pacote. E havia levado o pacote.
Segundo Yunes, Funaro afirmou que estava em curso uma estratégia para eleger uma bancada fiel a Cunha, para conduzi-lo à presidência da Câmara.
— Ele me disse: "A gente está fazendo uma bancada de 140 deputados, para o Eduardo ser presidente". Perguntei: "Que Eduardo?". Ele respondeu: "Eduardo Cunha".
Após o episódio, Yunes foi pesquisar quem era Funaro. Ao ver que se tratava de um ex-doleiro, já preso no mensalão e envolvido em diferentes episódios de corrupção, procurou Temer.
— Contei tudo ao presidente em 2014. O meu amigo (Temer) sabe que é verdade isso. Ele não foi falar com o Padilha. O meu amigo reagiu com aquela serenidade de sempre (risos). Eu decidi contar tudo a ele porque, em 2014, quando aconteceu o episódio e eu entrei no Google e vi quem era o Funaro, fiquei espantado com o "currículo" dele. Nunca havia conhecido o Funaro — afirmou Yunes.
Em delação, Cláudio Melo, ex-executivo da Odebrecht, afirmou que Yunes recebeu em seu escritório, em dinheiro vivo, R$ 4 milhões que seriam parte de um repasse de R$ 10 milhões. Yunes pediu demissão do cargo de assessor especial da Presidência em dezembro, após a delação vir à tona.
O estrago que esse depoimento e a entrevista à Veja causará ao governo será muito grande. Quando as cabeças desses foliões rolarão após a queda de suas fantasias ?

Muito bem. A quarta-feira de cinzas se aproxima, os tambores se calam, mas que isto não seja impedimento para que o arrastão e/ou tsunami continue(m) a passar o Brasil a limpo.

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