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23 março 2019

NOVA PREVIDÊNCIA: OS AGRACIADOS

Nova Previdência. A contribuição de todos (?), uma nova economia (?). Bom, até o momento, não está em discussão a maior despesa do orçamento público: juros e amortização da dívida (~R$ 4 trilhões), mesmo representando quase a metade do orçamento da União. O setor financeiro, como sempre, se dando bem!

Vamos lá. Um dos capítulos (e aqui ficaremos apenas neste) da proposta da reforma da Previdência prever a substituição do sistema atual pelo sistema de capitalização, no qual cada trabalhador passaria a ter uma conta individual, onde é depositada uma percentagem de seus rendimentos.

Mas pra onde irá toda essa grana? Para fundo(s) que serão administrados por gestores financeiros e que funcionará como uma poupança compulsória a ser sacada após a aposentadoria. E quem serão esses gestores ? Ora, os agraciados de sempre, conhecidos popularmente, em seu conjunto, por sistema financeiro. Não é à toa que a proposta apresentada tem forte apoio desse sistema.

E que contribuição darão os componentes desse sistema? Não dividirão nada, mas ganharão uma boa soma de dinheiro. Argumento inverso ao que tem sido propalado pelo governo no sentido de que algumas (?) classes irão dividir o que recebem para que todos ganhem. Habilmente, seus componentes não se incluem como parte do problema.

E na outra ponta, o que acontecerá? Aumento da contribuição previdenciária por acréscimo de seu valor e/ou aumento do número de contribuições ao longo do tempo. Tudo isso poderá gerar superendividamento em massa de trabalhadores que estão, por exemplo, no teto do crédito consignado.

A conclusão acima é óbvia, pois a reforma elevará a contribuição previdenciária para ativos e aposentados. No contracheque de um trabalhador que está no limite do consignado, a nova alíquota efetiva irá reduzir o salário disponível para 37% do valor bruto. Caso o trabalhador também utilize os 5% do consignado para o cartão de crédito, o salário líquido será então de apenas 32%.

A situação do trabalhador se agravará se incidirem outras prestações voluntárias e/ou obrigatórias como aluguéis, planos de saúde e prestações de imóveis. E ficará ainda mais complicada se o trabalhador paga pensão alimentícia.

Hipocrisia. Em seu discurso, a federação dos bancos diz estar preocupada com a recuperação da economia, que depende da capacidade de consumo das famílias. Discurso hipócrita, pois ninguém mais do que ela sabe, como já demonstrado acima, que a capacidade de consumo dos trabalhadores irá ser reduzida.




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