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04 abril 2020

O AMANHÃ SERÁ DIFERENTE

A crise mundial provocada pelo COVID-19, o vírus chinês, trará muitos ensinamentos ao mundo. Isto ocorrerá em diversas áreas e não apenas nas disciplinas diretamente vinculadas com a cura da doença.

Igualmente importantes serão aqueles ensinamentos que guardam estreitas relações com o mundo político, diplomático, de produção, comercial e social. Isto não significará, necessariamente, o isolamento dos países, mas as bases de cooperação e de acordos nesses setores serão bastante modificadas, principalmente entre as nações que possuem respeitáveis poderes econômicos e militares.

Nesse contexto, estão os países que compõem o G-20. Nenhum deles irá querer continuar com dependência da cadeia de produção e/ou distribuição de outro. Por exemplo, para a surpresa de muitos, ninguém imaginaria que os EUA, neste momento, estariam dependentes da cadeia de distribuição global, especialmente de produtos fabricados na China.

Chegou-se a essa situação, ao longo dos últimos anos, após a transferência da produção de produtos básicos e essenciais de um país para outro, dizimando, como consequência, sua indústria local. Os EUA tornaram-se exemplo mundial desta política em praticamente todos os setores com exceção do militar. Não é à toa, então, sua dependência de equipamentos e medicamentos neste momento da crise COVID-19.

Como os EUA, o Brasil não está fora desse grupo. Nosso país também está dependente dos produtos made in China e, mais recentemente, daqueles "created in China". Mas quiçá isto fosse apenas num momento atípico como este provocado pelo vírus chinês.

No caso do Brasil, pelo menos, não é. E isto foi dito, há quase 10 anos, por pelo menos um economista de renome, que alertou os dirigentes do País de que o Brasil teria que se reinventar para tratar com a China.

"O Brasil tem de se reinventar para ser bem-sucedido em uma economia mundial radicalmente mudada pela China.
Diante da competição chinesa não adianta proteger setores industriais para que eles fiquem um pouco mais sofisticados, como se fez no passado, porque os asiáticos fazem o mesmo com maior velocidade.
Mesmo se o câmbio e o custo Brasil forem neutros, boa parte da indústria brasileira não é competitiva porque o sistema industrial chinês é mais eficiente.
O Brasil deve aproveitar a "trégua" oferecida pelo boom de matérias-primas para desenvolver produtos originais.
Só faz sentido reforçar aquilo em que temos chance de correr mais rápido do que eles. O resto tem que ser redirecionado ou desaparecer.
Hoje temos três bons problemas: segurar o balanço de pagamentos por 10 ou 15 anos com petróleo, outras matérias-primas e produtos agrícolas; manter a expansão do mercado interno colocando areia para limitar a sua ocupação por importações; e desenvolver o potencial industrial visando não otimizações, mas mudanças.
Não tem que melhorar, tem que mudar. Otimização a China faz melhor."
Economista Antonio Barros de Castro,  11/04/2011.

Seguindo as proposições do Barros de Castro ou outras que as sucederam, o certo é que não fizemos o dever de casa. Embora tenhamos com a China uma balança comercial superavitária, nossa dependência deste país é crescente, como acontece com outras nações do mundo. Não somos exceção.

Olhando agora para a China, especialmente para as decisões do 19o Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC), em outubro/2017, no momento atual, com o surgimento da pandemia COVID-19, perguntamos se o dever de casa vem sendo cumprido. Nelas se assume posição de defesa de uma comunidade global com o futuro compartilhado, pregando a cooperação, fim dos conflitos, onde a segurança virá com integração e cooperação; proteção do meio ambiente, reconhecendo que o planeta é nosso lar comum e com nações soberanas, onde suas decisões internas serão respeitadas, repudiando toda prática colonizadora e dominadora. 

A propagação do COVID-19, vírus de origem chinesa, está levando o mundo a dizer que as decisões do 19o Congresso do PCC, não estão sendo cumpridas.  Entre aqueles que assim estão se manifestando, encontramos uma declaração assinada por professores, da Madeleine Albright ao Francis Fukuyama, todos pertencentes as maiores instituições do mundo, líderes à esquerda e à direita que assumem que a China deve respostas ao mundo pela forma como lidou com o COVID-19. 


"Apesar dos recentes progressos contra a doença, a China tem muito a responder em sua resposta ao coronavírus: seu encobrimento inicial, sua contínua falta de transparência, seu fracasso em cooperar totalmente com as autoridades médicas dos EUA e internacionais e sua flagrante campanha de propaganda para transferir a culpa pela crise para os Estados Unidos. É possível que revelações futuras levantem mais questões. Não obstante, nós, os abaixo-assinados, acreditamos que a lógica da cooperação é convincente."


No mundo político, diplomático, de produção, comercial e social, O AMANHÃ SERÁ DIFERENTE, especialmente na China.

4 comentários:

  1. Antonio de Barros teve visão.
    Excelente.

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  2. Na força tarefa da Lava Jato, o número de manifestações extrajudiciais (por exemplo, em apurações que tocamos em procedimentos de investigação criminal) na semana passada foi de 394, quase uma centena a mais do que a média antes do teletrabalho. http://www.mpf.mp.br/pgr/noticias-pgr/em-teletrabalho-mpf-mantem-produtividade-durante-periodo-de-quarentena

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  3. Levantamento realizado pelo instituto Ideia Big Data mostra que 59% dos brasileiros acreditam que o home office vai aumentar significativamente após a pandemia do novo coronavírus. Além disso, segundo a pesquisa, 61% dos entrevistados concordam que a telemedicina deve ser facilitada no País mesmo após a pandemia. A pesquisa foi feita por telefone com 1.581 pessoas entre os dias 31 de março a 1 de abril.

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  4. Regulamentada às pressas no País por causa do surto de coronavírus, a telemedicina teve nas duas últimas semanas uma explosão em número de atendimentos. O total de profissionais que passaram a oferecer o serviço também cresceu e consultas a distância entraram na rotina de hospitais, operadoras e clínicas. Em alguns casos, a demanda pela teleconsulta aumentou sete vezes em 15 dias, segundo levantamento feito pelo Estado com empresas que oferecem a modalidade. https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,regulamentada-as-pressas-por-causa-do-coronavirus-consulta-medica-a-distancia-explode-no-brasil,70003261453?utm_source=estadao:ibope&utm_medium=newsletter&utm_campaign=manchetes::e&utm_content=link:::&utm_term=::::

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