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13 julho 2024

A Índia precisará de 1 milhão de engenheiros de alta tecnologia à medida que a economia se expande

Acabo de ler um artigo sinalizando que o setor de tecnologia da Índia precisará de mais de 1 milhão de engenheiros com habilidades avançadas em inteligência artificial e outras especialidades nos próximos 2 a 3 anos e que essa demanda não será atendida a menos que o governo reforce significativamente a educação e o treinamento em todo o país.

O setor tecnológico da Índia está avaliado em 254 bilhões de dólares, desempenha um papel importante na economia, empregando cerca de 5,4 milhões de pessoas. Os serviços tecnológicos representam cerca de 7,5% do produto interno bruto do país, de mais de 3 trilhões de dólares.

O mesmo artigo traz as advertências de economistas conhecidos que afirmam que a fraca escolaridade da Índia prejudicará as perspectivas de crescimento num país onde mais da metade dos 1,4 bilhão  de habitantes têm menos de 30 anos.

Tal fato me fez lembrar de uma entrevista concedida por Jonh Mayo, presidente do Laboratório Bell,  à revista Veja há exatos trinta anos (1994) (que saudades da Veja daquele tempo) quando respondeu a seguinte pergunta, formulada por Euripedes Alcântara: 

"Que desafios o avanço das tecnologias coloca para as novas gerações? ". 

Mayo respondeu: "O maior desafio é profissional. É preciso descobrir onde estão os empregos do futuro próximo. Nesse cenário, a idéia mais corrente é que a tecnologia está reduzindo o número de empregos numa velocidade nunca vista. É uma idéia errada. A tecnologia está mudando a natureza dos empregos, mas não está destruindo postos de trabalho. Muitas funções básicas, primárias e mal pagas desaparecerão para dar lugar a novos postos de trabalho mais qualificados. A idéia perversa de que as novas tecnologias estão desempregando os engenheiros e os colocando para vender sanduíches não é verdadeira. Ou não é inteiramente verdadeira".

[ ... ] "As novas tecnologias estão criando mais empregos do que aqueles suprimidos por elas. A tendência é cristalina. Hoje em dia a oferta de emprego nos Estados Unidos é maior do que em qualquer outra época de sua História. Isso se deve a tecnologia. Isso nao é nenhuma novidade. Sempre foi assim. A revolução industrial criou mais empregos do que havia antes dela."

 [ ... ]  " Se há um conselho a ser dado aos jovens, é o de que tudo quanto eles aprenderam nos quatro ou cinco anos de universidade é suficiente apenas para o primeiro ano de vida profissional. Para os anos seguintes, o aprendizado terá de ser recomeçado. As chances de fazer uma carreira apenas com o que se aprendeu na universidade hoje em dia é zero. Uma carreira profissional dura em torno de trinta a 35 anos. No ritmo em que pesquisa avança atualmente, isso significa que a pessoa passará por quatro a cinco revoluções tecnológicas. Cada uma significará uma chance de a pessoa se tornar osoleta para o mercado de trabalho. Portanto, o processo de aprendizado tem de ser contínuo."

Artigos como esse acima foram importantes para, em 2006, se formular para o Brasil um plano de formação de recursos humanos para TICs. O plano (FCHS) foi formulado mas sua implementação, por razões políticas - troca dos titulares no Ministério da Ciência e Tecnologia - não saiu do papel. Mas, mesmo assim, ganhou também destaque em uma matéria na imprensa.

O projeto Formação de Capital Humano em Software (FCHS), tinha como base o desenvolvimento simultâneo de módulos de capacitação para reciclagem, reeducação, formação técnica e superior de profissionais. Naquela época o déficit apontado para 2012 era de 230 mil profissionais. Esse quadro na área de Tecnologia da Informação não tem se alterado. Ele é reflexo da acentuada transformação digital ocorrida no mundo, conforme já discorremos aqui.

Bom, o assunto, no mundo inteiro, não sai das manchetes. E parece mais grave devido a maior rapidez do avanço das tecnologias e - de forma inversa - a formação de recursos humanos devidamente qualificados.

As estimativas mais conservadoras são de que a lacuna na oferta e procura de talentos digitais deverá aumentar dos atuais 25% para cerca de 29% em 2028. Percentuais esses que nunca diminuíram durante os últimos 30 anos.

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