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08 julho 2024

Emmanuel Macron não foi um vencedor

 Os resultados das eleições parlamentares deste domingo, 07/07/2024, na França, mostram resultados interessantes, incluindo o que parece ter sido um tiro no pé dado pelo presidente francês Emmanuel Macron ao tomar a decisão de convocar essas eleições após a sua derrota, em junho, na votação que indicou os representantes franceses para o Parlamento Europeu.

Os eleitores franceses parecem ter entregue uma estreita pluralidade à esquerda política, ao mesmo tempo que produziram uma Assembleia Nacional dividida. Nada disto facilitará a vida do Presidente francês, que foi o principal arquiteto desta confusão política.


Atualizado em 08/07 -14:11 h
A coligação esquerdista Nouveau Front Populaire (NFP) conquistou 180 assentos na Assembleia Nacional de 577 membros, de acordo com o que foi divulgado. A coligação centrista do Presidente Macron menos cadeiras do que o esperado, apenas 159, enquanto o Rally Nacional (RN), de direita, de Marine Le Pen alcançou 143.

Com esses resultados, Macron foi o maior pederdedor, pois esperava que os eleitores abandonassem o RN se o controle do governo nacional estivesse em jogo.

Essa aposta funcionou no sentido de que o RN teve um desempenho menor do que o esperado no segundo turno deste domingo, quando os eleitores na maioria dos distritos enfrentaram uma escolha binária entre o partido de Le Pen e alguém – qualquer um – outro. Mesmo assim, o RN quase que dobrou o seu número de assentos na recém-eleita Assembleia Nacional. Anteriormente tinha apenas 87 assentos, e todos se lembrarão que o RN e os seus aliados lideraram o primeiro turno do fim de semana passado com 33% dos votos e que neste domingo alcançou 37,4%.

Macron não foi um vencedor. Sua estratégia de qualquer um, menos Le Pen, para o segundo turno deste domingo o levou a forjar uma aliança embaraçosa com uma variedade heterogênea de partidos de esquerda (que vão do moderado ao extremismo) que o tornará um pato manco pelo resto de sua presidência.

Segundo os analistas que já se manifestaram, a consequência mais imediata é que a agenda de relançamento econômico de Macron está morta. Os partidos de esquerda opõem-se fervorosamente às suas reformas previdenciárias e do mercado de trabalho, mais do que Le Pen. 

Outro fato interessante desse resultado é uma possível comparação com o que aconteceu com o pessoal da Faria Lima aqui no Brasil. Os investidores que se assustaram com a perspectiva de que o partido de Le Pen iria explodir as finanças públicas estão prestes a descobrir que as coisas podem ser muito piores já a partir desta segunda-feira, até porque o atual primeiro ministro já anunciou a sua renúncia.

Macron e os seus "prováveis"​​ aliados têm três anos até às próximas eleições presidenciais para provar que são melhores do que Le Pen na resolução dos problemas que interessam aos eleitores.

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