Omicron versus Xi
A escolha dos nomes das variantes do SARS-CoV-2, o vírus causador da COVID-19, utilizando letras do alfabeto grego, tem sido objeto de discussão nas redes sociais. Nos últimos dias o fato esteve nos trends topics pela não utilização das letras Nu e Xi.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) surpreendeu a comunidade científica ao batizar a variante sul-africana do coronavírus como Ômicron.
Antes da reunião que sacramentou o nome da nova cepa, na sexta-feira 26, a expectativa era que a nomenclatura seria “Nu” — seguindo a ordem que vinha sendo adotada pela entidade, tendo como base o alfabeto grego.
Depois da descoberta da Delta, três outras variantes foram classificadas como de interesse (VoI): Lambda, Épsilon e Mu. A sequência natural, portanto, seria a letra “Nu” do alfabeto grego, mas a OMS decidiu subverter a ordem. Não só a “Nu” foi “pulada”, como também a “Xi”, próxima da lista.
“‘Nu’ soa muito como a palavra ‘new’, que em inglês quer dizer ‘novo’. Os países anglófonos teriam se encontrado na situação de ouvir dois sons extremamente semelhantes em uma frase em que falava da nova variante”, explicou a porta-voz da OMS, Margaret Harris. Isso, possivelmente, causaria uma confusão — muitas pessoas poderiam imaginar que se tratava apenas de uma variante “nova” (The new Nu variant, em inglês), e não do próprio nome da cepa.
Já o uso de “Xi” foi banido justamente por ser um nome muito difundido na China — país que ocupa o centro de grandes disputas geopolíticas e está diretamente ligado à origem do coronavírus. Xi é o nome do chefe de Estado chinês, o presidente Xi Jinping. Segundo a OMS, chamar a nova variante de “Xi” poderia levar a novas reações contra o país asiático.
O modelo atual foi definido pela OMS em maio de 2021
Essa nomenclatura foi escolhida após ampla consulta e revisão dos diversos sistemas de classificação utilizados. Para fazer isso, a OMS reuniu um grupo de especialistas parceiros de todo o mundo, incluindo especialistas que fazem parte dos sistemas de nomenclatura existentes, especialistas em nomenclatura e taxonomia de vírus, cientistas e autoridades nacionais.
Uma das justificativas apresentadas é que embora tenham suas vantagens, os nomes científicos podem ser difíceis de pronunciar e lembrar e estão sujeitos à notificação incorreta. Como resultado, muitas vezes as pessoas chamam as variantes pelos locais de origem onde são detectadas, gerando estigma e discriminação. Para evitar esse cenário e simplificar as comunicações públicas, a OMS incentiva as autoridades nacionais, meios de comunicação e outros a adotarem essas novas nomenclaturas.
A OMS atribuirá nomenclaturas às variantes designadas como Variantes de Interesse (VOI) ou Variantes de Preocupação (VOC), que serão publicadas no site da Organização.
Variantes de Preocupação
Uma variante do SARS-CoV-2 que atende à definição de uma Variantes de Preocupação (veja abaixo) e, por meio de uma avaliação comparativa, demonstrou estar associada a uma ou mais das seguintes alterações em um grau de significância para a saúde pública global:
- Aumento da transmissibilidade ou alteração prejudicial na epidemiologia da COVID-19; ou
- Aumento da virulência ou mudança na apresentação clínica da doença; ou
- Diminuição da eficácia das medidas sociais e de saúde pública ou diagnósticos, vacinas e terapias disponíveis.
Variantes de Interesse
Já a Variante de Interesse é considerada como uma variante de interesse se, em comparação com a variante original, seu genoma contiver mutações que mudem o fenótipo do vírus e se:
- Tiver sido identificada como causadora de transmissão comunitária, de múltiplos casos ou de clusters (agrupamentos de casos) de COVID-19 ou tiver sido detectada em vários países; ou
- Ser de outra forma avaliada como uma VOI pela OMS em consulta com o Grupo de Trabalho de Evolução do Vírus SARS-CoV-2.
Variantes sob monitoramento (VUM)
Um outro grupo sob estudos é o das variantes do SARS-CoV-2 com alterações genéticas suspeitas de afetar as características do vírus com alguma indicação de que pode representar um risco futuro, mas a evidência de impacto fenotípico ou epidemiológico não está clara no momento, exigindo monitoramento aprimorado e avaliação repetida até novas evidências.
PS.: Essa classificação é dinâmica, ou seja, tem mudado ao longo do tempo. Todas as letras gregas anteriores foram usadas. Os quadros/denominações apresentados acima foram os que estavam valendo ontem (29). Ao longo do período, algumas das variantes passaram a ser EX. Ex-VOCs / VOIs / VUMs, incluindo suas linhagens descendentes, que foram reclassificadas com base em pelo menos um dos seguintes critérios: (1) a variante não está mais circulando em níveis de significância para saúde pública global, (2) a variante está circulando por muito tempo sem qualquer impacto na situação epidemiológica geral, ou (3) evidências científicas demonstram que a variante não está associada a nenhuma propriedade preocupante. Veja a seguir um quadro com as denominações em junho. Em seguida, de hoje (30) as EX. A Epsilon, por exemplo, no momento, passou a ser EX. Você só ver isso observando o código científico. A Epsilon (B.1427/B.1.429) passou pelas seguintes classificações: VOI: 5-Mar-2021 / VUM: 6-Jul-2021 / Reclassificada: 9-Nov-2021
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