A frase acima, título deste post, é a última do artigo do jornalista Augusto Nunes publicado na Revista Oeste deste final de semana, e que está anunciado em sua própria capa.
De leitura obrigatória, o texto do Augusto Nunes reproduz o diálogo feito entre o então senador Romero Jucá e o ex-senador Sergio Machado, na época exercendo o cargo de presidente da Transpetro, subsidiária da Petrobrás, um dos ramais da corrupção investigada pela Lava Jato. O diálogo revela parte dos "políticos"envolvidos e a previsão de um pacto, incluindo o judiciário, que acabou acontecendo. O Brasil e o seu povo que f... .
Confira abaixo parte do artigo cuja versão completa está acessível neste link.
. . .
"Impressionado com o ritmo da operação, o país mal notou o aparecimento da senha para o começo da contraofensiva: “Estancar essa sangria”. A expressão foi recitada por Romero Jucá, líder no Senado de todos os governos, durante uma conversa com o ex-senador Sérgio Machado, então homiziado no comando da Transpetro, um dos braços da Petrobras mais castigados pela gangrena da corrupção. Poucos tiveram paciência para a leitura do diálogo grampeado da Polícia Federal. Como atesta a transcrição dos melhores momentos, a maioria dos brasileiros não sabe o que perdeu. Confira:
Sérgio Machado: Mas viu, Romero, então eu acho a situação gravíssima.
Romero Jucá: Eu só acho o seguinte: com Dilma não dá (…). Não adianta esse projeto de mandar o Lula para cá ser ministro, para tocar um gabinete, isso termina por jogar no chão a expectativa da economia. Porque se o Lula entrar ele vai falar para a CUT, para o MST, é só quem ouve ele mais, quem dá algum crédito, o resto ninguém dá mais crédito a ele para porra nenhuma. Concorda comigo? O Lula vai reunir ali com os setores empresariais?
SM: Tem que ter um impeachment.
RJ: Tem que ter impeachment. Não tem saída.
SM: Acontece o seguinte, objetivamente falando. Com o negócio que o Supremo fez, isso de autorizar prisões logo após decisões de segunda instância, vai todo mundo delatar.
RJ: Exatamente, e vai sobrar muito. O Marcelo e a Odebrecht vão fazer. Seletiva, mas vão fazer.
SM: Eu estou muito preocupado porque eu acho que o Janot está a fim de pegar vocês. E acha que eu sou o caminho.
[Rodrigo Janot era o procurador-geral da República]
RJ: Tem que resolver essa porra… Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria.
SM: Rapaz, a solução mais fácil era botar o Michel Temer.
RJ: Só o Renan que está contra essa porra, porque o Michel é Eduardo Cunha. Gente, esquece o Eduardo Cunha, o Eduardo Cunha está morto, porra.
SM: É um acordo, botar o Michel num grande acordo nacional.
RJ: Com o Supremo, com tudo.
SM: A situação é grave. Porque, Romero, eles querem pegar todos os políticos.
RJ: Acabar com a classe política para ressurgir, construir uma nova casta, pura.
SM: Isso, e pegar todo mundo. E o PSDB, não sei se caiu a ficha já.
RM: Caiu. Todos eles. Aloysio, Serra, Aécio…
SM: Caiu a ficha. Tasso também caiu?
RJ: Também. Todo mundo na bandeja para ser comido.
SM: O primeiro a ser comido vai ser o Aécio. [Baixa o tom de voz] O que que a gente fez junto, Romero, naquela eleição, para ele ser presidente da Câmara? [Muda de assunto] Amigo, eu preciso da sua inteligência.
RJ: Estou à disposição, você sabe disso. Veja a hora que você quer falar.
SM: Preciso ter uma conversa emergencial com vocês.
RJ: Acho que a gente não pode juntar todo mundo para conversar, viu? Você deve procurar o Sarney, deve falar com o Renan. Depois que você falar com os dois, colhe as coisas todas, e aí vamos falar nós dois do que você achou e o que eles ponderaram pra gente conversar.
SM: Não pode ter reunião a três?
RJ: Não pode. Isso de ficar juntando para combinar coisa que não tem nada a ver. Os caras já enxergam outra coisa que não é… Depois a gente conversa os três sem você.
SM: Se não houver uma solução a curto prazo, o nosso risco é grande.
RJ: [Em voz baixa] Conversei ontem com alguns ministros do Supremo. Os caras dizem “ó, só tem condições sem Dilma. Enquanto ela estiver ali, a imprensa, os caras querem tirar ela, essa porra não vai parar nunca”. Entendeu? Então… Estou conversando com os generais, comandantes militares. Está tudo tranquilo, os caras dizem que vão garantir. Estão monitorando o MST, não sei o quê, para não perturbar.
SM: Eu acho o seguinte: a saída para Dilma é ou licença ou renúncia. A licença é mais suave. O Michel forma um governo de união nacional, faz um grande acordo, protege o Lula, protege todo mundo. Esse país volta à calma, ninguém aguenta mais. Tem que ter uma paz, um…
RJ: Eu acho que tem que ter um pacto.
Parece conversa de pátio de cadeia. E é. Parece que foi ontem. Foi mesmo, se medido pelo tempo histórico. O parto demorou mais que o previsto e foi complicado, mas o pacto dos morubixabas em perigo está em vigor. Todos os punidos pela Lava Jato estão em liberdade, o Supremo faz o que quer e o Congresso capricha na cara de paisagem. A corrupção deixou de ser um problema a combater.
Tecnicamente, a Lava Jato não morreu. O ex-presidente Fernando Collor foi condenado pelo STF com base em revelações obtidas pela operação. E a juíza Gabriela Hardt, que considerou Lula culpado no caso do sítio em Atibaia, acaba de assumir o posto que foi de Moro e pertenceu por algumas semanas a um caso de polícia fantasiado de juiz. Mas é possível que Collor fosse absolvido se tivesse apoiado Lula. E ninguém sabe quantas semanas (ou quantos minutos) Gabriela permanecerá no cargo.
De todo modo, parecem tão remotos quanto a Primeira Missa os anos em que milhões de brasileiros puderam acreditar que enfim entrara em vigor a norma segundo a qual todos são iguais perante a lei, e que havia lugar na cadeia para qualquer vivente que incorresse em pecados graves, mesmo que fosse o presidente da República. A corrupção recobrou o viço e esbanja saúde."
Meu Deus, uma gravação dessas e ainda tem gente do povo repetindo, gritando e bricando que não teve corrupção.
ResponderExcluirEsses diálogos são de que novela? É filme? Que enredo! Palmas!!! Digno de "oscar". Ah, é real? É sério? Isso não é ficção? Foi gravado aqui no Brasil? Meu Deus...
ResponderExcluir