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27 maio 2023

O uso da desinformação como estratégia política

DESINFORMAÇÃO voltou a ser uma palavra utilizada com bastante frequência e em larga escala em todo o mundo, e por isso, talvez, passando a ser classificada, pelo menos a partir de ontem (26/05), como uma pandemia. 

Foi o que afirmou o médico infectologista Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan, durante a realização da 2ª Conferência FAPESP 2023, que tratou do tema “Vírus, pandemia e vacinas”.  O dr. Kallás nos alertou que devemos estar preparados para combater a “pandemia da desinformação”, fabricada pelos negacionistas da ciência. Certamente não deve ter esquecido daquela televisão que em horário nobre espalhou muitas mentiras sobre a Covid-19.

Tal declaração nos obriga a buscar a origem e/ou do uso dessa palavra nos últimos tempos. Pode(m) ser encontrado(s) em vários contextos, mas o destaque aqui neste artigo é para apenas um deles: o da política

No contexto político, desinformação, segundo registros disponíveis, inclusive em livros, não é nenhuma novidade, especialmente quando se ler sobre ditaduras. Foi/é/continua sendo uma tática muito utilizada pelos governos totalitaristas, especialmente os comunistas. O termo é encontrado, inclusive, na Grande Enciclopédia Soviética (GES) que define desinformação (do russo dezinformatsya) como a disseminação de dados falsos, por qualquer meio de comunicação, com o propósito de manipular a opinião pública e com a intenção de ludibriar o mundo todo para demonstrar suas intenções de "paz e amor".

Trata-se, portanto, do esforço sistemático para disseminar falsa informação e distorcer, ou encobrir, dados autênticos para dissimular a situação real e as políticas do mundo comunista. 

Na desinformação estratégica comunista podem ser encontrados três padrões assim definidos: um para períodos em que se visa a uma política específica e de longo alcance; outro para períodos de crise num regime comunista ou em sua política; e um para períodos de transição.

Lenin (assassino totalitário que ficou no poder sete anos 1917-1924) foi o usuário número um do primeiro padrão (também denominado de "declínio-evolução") a partir de 1921, para salvar a revolução de 1917 conduzida sob sua liderança e que estava em completa decadência.

Lenin reverteu essa decadência formulando um política ideológica e agressiva acreditando que poderia prová-la como eficaz se acompanhada do uso sistemático do embuste e da falsa representação ou seja, - da desinformação - e a denominou de Nova Política Econômica (NEP), para uso interno e externo, visando estreitar relações com seus conterrâneos e com outras nações. 

Para execução dessa estratégia o serviço de segurança soviético foi reorganizado, recebeu o novo nome  de OGPU (em russo,  Объединённое государственное политическое управление - ОГПУ)  e também novas incumbências, destinando-se à montagem de operações políticas e de desinformação.  Entre elas, o "controle social" da mídia e a organização de falsos movimentos secretamente controlados pela OGPU. Tinha como uma de suas finalidades atrair oponentes genuínos do regime para seus quadros, dentro e fora do país. Obteve sucesso.

A NEP foi bem sucedida. Vista por olhos ocidentais, a ameaça do comunismo parecia se tornado difusa. O temor do bolchevismo esmoreceu, tanto internamente como externamente. Os estrategistas comunistas aprenderam bem a lição de que poderia enganar os líderes ocidentais.

A NEP criou condições favoráveis para o sucesso da política interna, da diplomacia ativista e da ação do Comintern, organização internacional fundada por Lenin e pelo PCUS (bolchevique) para reunir os partidos comunistas de diferentes países.

A NEP foi oficialmente encerrada por Stalin em 1929, ao decidir colocar em prática e à luz, o que de fato era o bolchevismo: as concessões a industrias estrangeiras foram canceladas; a iniciativa privada, proibida; a propriedade privada, confiscada; a agricultura, coletivizada; e a repressão à oposição política endurecida.

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