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18 abril 2021

A CHINA ESTÁ FAZENDO O SEU DEVER DE CASA (?)

Nesta sexta-feira (16), o governo da China anunciou  que o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu 18,3% no primeiro trimestre de 2021, o mais rápido em três décadas desde que os dados foram divulgados. No mesmo período do ano passado, houve uma contração de 6,8%, dado que a economia enfrentou graves problemas em razão da pandemia do coronavírus. 

Há 25 anos o PIB brasileiro era superior ao da China em US$ 102 bilhões  (462 x 360). Ao longo desse período, vimos aquele país nos igualar e, rapidamente, nos ultrapassar. O país pobre dos anos 1970 virou esse jogo nesse curto espaço de tempo.

Veja nos gráficos abaixo as previsões de crescimento do PIB da China e dos EUA em paridade de poder de compra. 





Produção de alimentos

Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a China produziu na safra 2016/17, 546 milhões de toneladas (Mt) de cereais (219 Mt de milho, 205 Mt de arroz e 122 Mt de trigo), além de 167 Mt de batatas (inglesa e doce), 162 Mt de vegetais, 146 Mt de melancia e de pepino, 129 Mt de cana de açúcar, totalizando cerca de 1,2 bilhões de toneladas de alimento.

A China lidera a produção mundial de carnes com mais de 130 Mt e destaque para a carne suína (56,5 Mt) e a de peixes/crustáceos (55 Mt). O consumo de carne na China cresceu de forma exponencial a partir da década de 1990, quando teve início um agressivo programa de importação de soja, principalmente dos EUA e do Brasil.

O desenvolvimento agrícola chinês avançou em 4 décadas o mesmo que o ocidente em 150 anos. Em 1990, quando teve início a grande virada chinesa, cerca de 25% da população era urbana. Hoje a população urbana é de 57% e continua crescendo. O consumo de carnes triplicou e o de produtos lácteos quadruplicou, aproximando a dieta dos chineses à dos ocidentais.

Não custa lembrar que a China passou muita fome nos anos 1950 e início dos anos 1960, quando Mao Tse Tung comandava o país e o governo era dono das terras e também da produção. Muitos chineses passaram fome. Mas isto é coisa do passado. As terras ainda pertencem ao governo, mas a produção é do agricultor, que se sente estimulado a produzir mais, porque tem a possibilidade de ganhar dinheiro com a comercialização da safra. O sistema de propriedades coletivas acabou em 1981, porque, igual que outros sistemas comunistas, fracassou.

Com a terra agrícola escassa, a produção chinesa é eficiente e suficiente para abastecer o mercado local e, ainda, exportar alguns produtos processados, mesmo importando a matéria prima para produzi-los, como a carne de bovinos e de peixes, parcialmente exportada para países vizinhos.

Na aviação comercial, a ambição chinesa vai longe 

A China entrou em definitivo no seleto grupo de nações que possuem uma indústria aeronáutica consolidada e capaz de projetar e construir aviões de passageiros. Sustentadas pelo Estado e com um orçamento praticamente ilimitado, as fabricantes chinesas estão presentes (ou prestes a entrar) em quase todas as categorias da aviação comercial, oferecendo desde pequenas aeronaves para o segmento sub-regional até jatos de grande porte e longo alcance.

Embora ainda esteja longe de voar e chegar ao mercado (o que deve acontecer em 2025 e 2028, respectivamente, segundo a previsão dos fabricantes), o desenvolvimento do CR929 (capacidade para 280 passageiros e autonomia de 12 mil km, números comparáveis aos do Airbus A330 e Boeing 767) deixa claro a ambição dos chineses em ter um representante na categoria dos widebodies. O objetivo primordial da indústria local é abastecer o mercado doméstico, que vem crescendo em ritmo vertiginoso e, até o fim desta década, deve se tonar o maior do mundo, superando o movimento de passageiros nos Estados Unidos.

A conquista do espaço

Nos últimos diversas notícias relacionadas com a crescente transformação do espaço em um local de disputa bélica foram tornadas públicas.

 Elas apontam para um documento produzido pela espionagem dos Estados Unidos acusando a China de estar desenvolvendo armas que podem prejudicar satélites americanos e de seus aliados. O documento aponta que Pequim já tem mísseis antissatélite baseados na Terra, capazes de destruir satélites que estiverem em órbita terrestre baixa, ou seja, abaixo de 2.000 km.

Além disso, indica que os chineses têm lasers antissatélite, também baseados na Terra, que "provavelmente têm como objetivo cegar ou causar dano sensível a sensores óticos" de satélites americanos. 

A diretora de inteligência nacional dos EUA, Avril Haines, falou no Senado e confirmou que a China está "focada em alcançar a liderança no espaço". De acordo com ela, o atual presidente Joe Biden procura convencer outros líderes mundiais da importância da Força Espacial americana, criada pelo seu antecessor, Donald Trump.

O vírus chinês e a pandemia Covid-19

Estamos vivendo, há mais de um ano, uma verdadeira guerra biológica mundial. Até o momento já se sabe que o vírus teve origem na China e que se questiona muito se o seu espalhamento pelo planeta, provocando graves consequências sanitárias e econômicas, também faz parte do dever de casa que aquele país vem fielmente executando desde que os EUA - Richard Nixon/Henry Kissinger - em 1972, lhes abriram as portas para o resto do mundo. 

Recentemente o diplomata disse esperar que a ameaça dessa pandemia proporcione uma abertura para discussões políticas entre os dois países. 

U.S. needs new understanding with China or it risks conflict, Kissinger says

"A menos que haja base para alguma ação cooperativa, o mundo cairá em uma catástrofe comparável à Primeira Guerra Mundial”. Ele disse que as tecnologias militares disponíveis atualmente tornariam essa crise “ainda mais difícil de controlar” do que as de épocas anteriores. 

“Os Estados Unidos e a China caminham cada vez mais para o conflito e conduzem sua diplomacia de forma confrontadora”. “O perigo é que ocorra alguma crise que vá além da retórica para um conflito militar real.”

“Se você puder, olhe para a Covid-19 como um alerta, no sentido de que na prática ela é tratada por cada país de forma amplamente autônoma, mas sua solução de longo prazo deve ser numa base global”, disse Kissinger, “deve ser tratada com uma lição”.

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