Lá se vão quase 40 anos que a Christiane Torloni chorou pelas Diretas Já. Posteriormente, a partir da retomada das eleições diretas no Brasil os brasileiros têm sido fortemente afrontados com negociatas e corrupção entre aqueles que detiveram/detêm poderes no País.
Os mesmos que, por ocuparem funções públicas, têm a obrigação e o dever sagrado de administrar os três poderes da República de forma idônea, transparente e sob a égide do que estabelece a legislação brasileira. Entretanto, nesses últimos, principalmente, tem prevalecido a - NEGOCIATA - encontrada dia a dia nesses três poderes, inclusive com o respaldo de sua Corte Suprema.
AS BOLAS DA VEZ
Vamos começar citando dois casos de maior gravidade. Dois ex-presidentes estão sobrevivendo politicamente sob o manto de decisões vergonhosas do STF. Todos os brasileiros já conhecem mas, mesmo assim, ficam aqui os respectivos registros: a manutenção dos direitos políticos da ex-presidente Dilma Rousseff durante o seu processo de impeachment e a anulação de sentenças condenatórias já proferidas anteriormente em três instâncias ao ex-presidiário Lula.
Agora nos deparamos com as negociatas em várias instâncias para a implantação da CPI da Covid 19. Novamente o STF se envolveu e decidiu ao encontro daqueles que desejam retirar do cargo, desde que foi eleito, o presidente Jair Bolsonaro.
Não bastasse isso, vem a público as negociatas e mais uma afronta ao povo brasileiro na composição dessa CPI. Uma vergonha. A disputa pelo seu comando está centrada nos dois cargos mais relevantes. O de presidente e o de relator da Comissão.
Para o cargo de Presidente, dá-se como certa a escolha do senador Omar Aziz, do Amazonas, que está impedido pela justiça de deixar o País.. Ora, um depoimento prestado dentro de uma investigação do Ministério Público Federal sobre desvios de mais de R$ 260 milhões em recursos da saúde no estado do Amazonas aponta que um empresário investigado no esquema pagou despesas em Brasília do senador.
O depoimento foi prestado no dia 20 de julho de 2019 na Superintendência Regional da Polícia Federal no Amazonas por Nafice Valoz, que foi secretária de Estado de Relações Institucionais e Representações durante todo o período do mandato de Aziz, no período em ele era governador, entre 2011 e 2014.
O senador está com bens bloqueados e com passaporte retido em razão dessas investigações que ocorreram dentro da Operação Maus Caminhos, considerada por muitos o maior escândalo de corrupção do Amazonas. A esposa do senador e seus irmãos chegaram a ser preso.
Já para o cargo de relator, aponta-se que o senador Renan Calheiros pretende ocupar o cargo. Sua vida pregressa é conhecida. Para barrar Calheiros, a Justiça já foi acionada. A deputada Carla Zambelli advertiu em suas redes sociais:
“A presença de alguém com 43 processos e 6 inquéritos no STF evidentemente fere o princípio da moralidade administrativa”.
Portanto, não é difícil se concluir que tanto Aziz, quanto Renan, não possuem condições morais de investigar quem quer que seja. Será uma afronta à sociedade esses dois no comando da CPI.
Atleta
ResponderExcluirEm 1994, às vésperas da decretação do Plano Real, encontrei-me em Brasília com o então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso. Perguntei-lhe a certa altura se estava satisfeito com o cargo. Estava, com uma ressalva: “Aqui não tem muita gente para conversar, não. Tenho muita saudade do Senado “. Fiquei curioso. Com quem conversava com mais frequência no Congresso? “
“Tinha o Roberto Campos, o Darcy Ribeiro, o Afonso Arinos, o Jarbas Passarinho...”, começou o desfile multipartidário de interlocutores que valiam a pena. Pode parar, sorri. Eu também teria saudade de gente assim. O encontro com FHC ocorreu há menos de 30 anos. Não é tanto tempo. O que terá havido com o Senado de lá para cá?
Perto da virada do século, sobravam cardeais de fina linhagem, bons de conversa, que faziam da política uma forma de arte. Hoje, a instituição é controlada por gente que deixa enfastiado em cinco minutos o mais paciente dos ouvintes. Os grandes senadores foram substituídos por tipos medíocres, estrategistas de picadeiro, casos de polícia e perfeitas bestas quadradas, fora o resto.
Como explicar, por exemplo a longevidade de um Renan Calheiros na cúpula do Senado? Neste século, ele já foi presidente várias vezes. Mandou e desmandou enquanto colecionava acusações, denúncias, ações judiciais, inquéritos e processos que continuam a arrastar-se no Supremo Tribunal Federal. Agora, prepara-se para entrar em ação como relator da CPI da Pandemia.
Renan merece o codinome que ganhou do Departamento de Propinas da Odebrecht: Atleta. Faz anos que corre da Justiça — sem sair do lugar.
Texto do AUGUSTO NUNES | Do R7
21/04/2021 - 16H35