Entre as coisas menos controversas da saúde está a de que a prevenção e o tratamento precoce de doenças são mais eficazes e mais baratos do que o tratamento dos seus sintomas em estágios avançados. Estudos, realizados em todo o mundo, evidenciam que as mortalidades provocadas por todas as doenças despencaram desde que se passou a utilizar tais procedimentos.
Esse tema, especialmente o tratamento precoce, ganhou manchetes com a chegada do Covid-19 e se tornou uma verdadeira guerra entre os componentes de diversos segmentos da sociedade, notadamente na mídia e no político. No âmbito dos profissionais de saúde, onde, aliás, nem deveria haver discussões ou dúvidas a seu respeito, o clima também esquentou, provocando rachas entre entidades médicas e médicos, inclusive sendo acionado o Ministério Público contra o Conselho Federal de Medicina que recomendou o tratamento precoce com o denominado kit covid.
Prevenção e tratamento precoce não são assuntos novos e se tornaram bastante conhecidos desde o início do século XX, inclusive aqui no Brasil. Tais procedimentos começam por medidas de higiene individuais, familiares e nos aglomerados habitacionais sejam eles de pequeno ou grande porte. Educação, renda, condições de moradia e saneamento básico são outras variáveis importantes para obtenção de bons resultados.
Os índices de mortalidade nos países em desenvolvimento tiveram uma queda significativamente grande após a Segunda Guerra Mundial. Campanhas de saúde pública, de vacinação e o tratamento precoce reduziram espetacularmente as doenças e a mortalidade infantil. Nos países desenvolvidos, esses declínios na mortalidade também levaram séculos para ocorrer.
Hoje se sabe também, que uma rede de cuidados básicos pode não ser a responsável solitária pela melhora das condições de saúde uma população, mas é parte decisiva desses avanços.
O Brasil tem sido ativo nesse sentido - desde os tempos de Oswaldo Cruz e Carlos Chagas - através de campanhas de vacinação em massa, nas chamadas dirigidas ao público para efetuarem exames de prevenção de determinadas doenças e na implantação de redes de saúde, como é o caso do Programa Saúde da Família (PSF). E, em todos eles, tem obtido sucesso. Tanto é que o PSF, por exemplo, é articulado com o sistema privado de planos de saúde, que padece com uma alta de custos pela complexidade dos tratamentos para aquilo que não se preveniu.
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