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31 outubro 2025

IA: estamos em uma bolha?

As grandes empresas de tecnologia estão investindo mais do que nunca em IA, e ainda não é o suficiente

    As maiores empresas do Vale do Silício já planejam investir US$ 400 bilhões em inteligência artificial este ano. Todas elas afirmam que isso está longe de ser suficiente. Meta, Alphabet, Microsoft e Amazon aumentarão os investimentos em 2026.

    A Meta Platforms afirma que ainda enfrenta restrições de capacidade enquanto tenta treinar novos modelos de IA e, ao mesmo tempo, manter seus produtos existentes. A Microsoft afirma que está vendo uma demanda tão alta por seus serviços baseados em data centers que planeja dobrar sua infraestrutura de data centers nos próximos dois anos. E a Amazon.com afirma que está correndo para disponibilizar mais capacidade em nuvem o mais rápido possível.

“Estamos com falta de capacidade computacional há vários trimestres. Achei que conseguiríamos recuperar o atraso. Não conseguimos. A demanda está aumentando”, disse Amy Hood, diretora financeira da Microsoft. “Quando vemos esses sinais de demanda e sabemos que estamos atrasados, precisamos investir.”  

    Microsoft e Amazon anunciaram aos investidores nas últimas 48 horas que aumentarão seus investimentos em 2026. Os investidores aprovaram os planos apresentados por Google e Amazon, embora alguns tenham demonstrado preocupação com os planos da Meta e da Microsoft.


The site of a new Meta data center in Holly Ridge, La. 

    As empresas e diversos entusiastas da IA ​​afirmam que os investimentos são necessários para que os sistemas de aprendizado de máquina alcancem a inteligência artificial geral (IAG), um estado em que serão mais inteligentes que os humanos.

“Quem chegar à IAG primeiro terá uma vantagem competitiva incrível sobre todos os outros, e é esse medo de ficar para trás que todos esses participantes estão sentindo”, disse Youssef Squali, analista-chefe de internet da Truist Securities. “É a estratégia certa. O maior risco é investir pouco e ficar em desvantagem competitiva.”

    Mas os céticos questionam se gastar bilhões em modelos de linguagem complexos, os sistemas de IA mais populares, levará a esse objetivo. Eles também apontam para o pequeno número de usuários pagantes da tecnologia existente e para a necessidade de anos de treinamento antes que muitos trabalhadores ao redor do mundo consigam utilizá-la efetivamente.

An Amazon data center in Ashburn, Va. 

    Além da infraestutura: edificação, energia, água e conexões de teleprocessamento via cabos de fibra ótica, há uma desvantagem na incapacidade dos países, exceto EUA,  de fabricarem grandes quantidades de chips avançados.

    A rápida expansão dos data centers traz desafios significativos, especialmente para a infraestrutura pública. Os países/estados/municípios precisarão considerar cuidadosamente o seguinte:
  • Dificuldades no fornecimento de energia
  • Escassez de água. Os data centers precisam de muita água para sua refrigeração, o que pode sobrecarregar o abastecimento local.
  • Gargalos de recursos. A implantação de um data center exige recursos significativos de terra, mão de obra especializada e equipamentos.
  • Custos de oportunidade. Comprometer terras e recursos em projetos de longo prazo e de capital intensivo, como data centers, pode acarretar custos de oportunidade significativos em outros setores.
  • Risco de projetos arquivados. Apesar de todo o investimento, alguns hiperescaladores recuaram ou suspenderam alguns de seus compromissos com a construção de data centers de grande porte.
  • Reação negativa do consumidor. Os desafios listados aqui têm o potencial de gerar objeções dos consumidores ao desenvolvimento de data centers.
Data centers no mundo

30 outubro 2025

O Narco Brasil

     Os brasileiros, em sua maioria, estão repudiando os pronunciamentos de todos aqueles que se solidarizaram com os bandidos mortos na operação desta terça-feira no RJ. Hoje foi a vez do ministro Fachin, presidente do STF. Fachin qualificou o episódio como uma “tragédia” e declarou que a Corte acompanhará o caso “com a discrição e sobriedade necessárias”.... Na quarta-feira, no mesmo tom, a voz foi de Gilmar Mendes.

    Algumas dessas manifestações optaram por atacar a operação do RJ, dizendo “não ser normal” uma ação da polícia que resulte na morte de faccionados que reagiram com alto poderio bélico.

    Normal, para eles, talvez sejam os 4 policiais assassinados; os mais de 100 fuzis, de uso militar, apreendidos nas mãos dos criminosos; os drones-bombas sob posse de traficantes; ou facções oprimindo, extorquindo e matando civis inocentes, num território da federação sequestrado pelo crime organizado.

    Um estado de anormalidade pede por soluções não convencionais, também. A mentalidade por trás dos que assim se manifestaram e de muitos dos nossos políticos, produziu o Narco Brasil em que vivemos hoje. E se não acordarmos, perderemos as rédeas de uma forma irrecuperável.

26 outubro 2025

Marco Rubio sobre a reunião entre Trump e Lula



O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou que o Brasil se beneficiaria mais ao estreitar relações comerciais com Washington do que com Pequim. 

“Achamos que, a longo prazo, é benéfico para o Brasil nos tornar seu parceiro preferencial no comércio, em vez da China —por causa da geografia, da cultura, do alinhamento em muitos aspectos”, disse Rubio. 

“Achamos que, a longo prazo, é benéfico para o Brasil nos tornar seu parceiro preferencial no comércio, em vez da China —por causa da geografia, da cultura, do alinhamento em muitos aspectos”, disse Rubio.

"Obviamente, temos algumas questões com o Brasil, particularmente sobre como alguns de seus juízes têm tratado o setor digital nos EUA, os indivíduos localizados nos Estados Unidos por meio de postagens em redes sociais. Teremos que resolver essas questões também. Mas o Presidente vai explorar se há maneiras de superar tudo isso, porque acreditamos que será benéfico fazê-lo. Vai levar algum tempo”

    Ora, como potência preeminente do mundo, os Estados Unidos definem o ritmo em que outros países ascendem ou caem – e no início do século XXI, esse ritmo era abismal. Em 2001, o país sofreu o ataque mais mortal à sua terra natal. Na década seguinte, travou duas das três guerras mais longas de sua história, custando centenas de milhares de vidas, incluindo milhares de americanos, e gastando US$ 8 trilhões, sem garantir a vitória. Em 2008, sofreu o pior colapso financeiro desde a Grande Depressão.

    Enquanto isso, outras economias diminuíram a diferença. Entre 2000 e 2010, o PIB da China em dólares — o indicador mais claro do poder de compra de um país nos mercados internacionais — saltou de 12% para 41% do PIB dos EUA. A participação da Rússia quadruplicou; a do Brasil e da Índia mais que dobrou; e as principais economias da Europa também obtiveram ganhos significativos.

    Mas a maré logo virou. Na década de 2010, a maioria das grandes economias recuou. As participações do Brasil e do Japão no PIB dos EUA foram reduzidas aproximadamente pela metade. Canadá, França, Itália e Rússia perderam cerca de um terço de seu peso econômico relativo cada, enquanto as participações da Alemanha e do Reino Unido se contraíram em cerca de um quarto. Apenas China e Índia continuaram a subir.

    A década de 2020 foi ainda mais difícil. A Índia é a única grande economia que ainda acompanha o ritmo dos Estados Unidos. De 2020 a 2024, o PIB da China caiu de 70% para 64% do PIB dos EUA. O do Japão caiu de 22% para 14%. As economias da Alemanha, França e Reino Unido caíram ainda mais, enquanto a da Rússia está cambaleando após um breve solavanco durante a guerra. As economias combinadas dos países da África, América Latina, Oriente Médio, Sul da Ásia e Sudeste Asiático também encolheram — de cerca de 90% do PIB dos EUA há uma década para apenas 70% em 2023.

    Na última década, apenas a Índia e os Estados Unidos avançaram em produtividade total dos fatores, que mede a eficiência com que um país converte trabalho, capital e outros insumos em produção econômica. O Japão estagnou, enquanto outros países retrocederam, investindo mais insumos, mas produzindo menos crescimento. Nos setores avançados, a diferença é maior: as empresas americanas capturam mais da metade dos lucros globais de alta tecnologia; A China mal consegue atingir 6%.

    As vantagens dos Estados Unidos vão além. Seu mercado consumidor é maior do que o da China e da zona do euro juntos. É o segundo maior comerciante do mundo, mas está entre os menos dependentes do comércio, com exportações representando apenas 11% do PIB – um terço do qual vai para o Canadá e o México – em comparação com 20% da China e 30% globalmente. No setor de energia, saltou de importador líquido para o maior produtor, desfrutando de preços muito abaixo dos concorrentes. E o dólar continua a dominar as reservas, o setor bancário e o câmbio. A dívida pública e privada total nos Estados Unidos é enorme – cerca de 250% do PIB em 2024 e provavelmente aumentará com os cortes de impostos estendidos aprovados pelo Congresso em julho – mas ainda menor do que a de muitos pares: no Japão, ultrapassa 380%; na ​​França, 320%; e na China, ultrapassa 300%, incluindo os passivos ocultos de governos locais e empresas. Além disso, de 2015 a 2025, a dívida nos Estados Unidos caiu ligeiramente, enquanto aumentou quase 60 pontos percentuais na China, mais de 25 no Japão e no Brasil, e quase 20 na França.

    E apesar de mais de um trilhão de dólares em subsídios na última década, a China ainda depende dos Estados Unidos e de seus aliados para 70% a 100% de cerca de 400 bens e tecnologias essenciais. Chips semicondutores, por exemplo, ultrapassaram o petróleo bruto como a maior importação do país, mas a produção doméstica cobre menos de um quinto da demanda. Na vanguarda, a China depende quase inteiramente de fornecedores estrangeiros. Após os controles de exportação de chips de IA impostos por Washington em 2022, a participação dos EUA no poder global de computação de IA aumentou quase 50%, enquanto a da China foi reduzida pela metade, deixando os Estados Unidos com uma vantagem de cinco vezes maior. Esse episódio ressaltou o que os acadêmicos Stephen Brooks e Benjamin Vagle chamaram de "poder comercial excludente": em setores intensivos em P&D, os Estados Unidos e seus aliados capturam mais de 80% das receitas globais. Em tempos normais, esse domínio gera poder de mercado; em uma crise, torna-se uma arma — a China pode perder de 14% a 21% do PIB em um corte comercial, em comparação com apenas 4% a 7% para os Estados Unidos.

   Essas vulnerabilidades são agravadas pelo sistema político chinês. O Partido Comunista Chinês transformou a autocracia em uma camisa de força econômica, apertando seu controle sobre o setor privado e direcionando capital para empresas com conexões políticas. As startups financiadas por capital de risco caíram de aproximadamente 51.000 em 2018 para apenas 1.200 em 2023, de acordo com reportagem do Financial Times. O investimento estrangeiro caiu para o menor nível em três décadas, enquanto a fuga de capitais aumentou, com dezenas de milhares de milionários e centenas de bilhões de dólares saindo a cada ano. O resultado é uma economia frágil — ativos formidáveis ​​na superfície, mas passivos crescentes por baixo.

    Concluindo, o Marco Rubio parece ter muitos bons motivos e fundamentos para se pronunciar como o exposto no início deste artigo. Será que a turma do Lula compreenderá ou irá continuar acreditando nos discursos ideológicos do Lula e do Celso Amorim? Que Deus salve o Brasil.


25 outubro 2025

Tecto inaugura maior data center de Fortaleza e projeta expansão

 


    Tecto inaugurou nesta quinta-feira, 23/10/2025, um centro de dados (data center) com capacidade de 20 megawatts (MW) na Praia do Futuro, em Fortaleza. O complexo de maior potência da região foi construído em 12 meses e teve investimento de R$ 550 milhões, segundo afirmaram notícias especializadas.

    É o terceiro data center da Tecto no Ceará, e está em terreno de 13 mil m² e conta com dez data halls, cada um com 300 m². A unidade também possui espaço para mil racks armazenadores de chips. Estes são importados. Aqui, no Brasil, todas as empresas que estão instalando data centers, inclusive o governo, só cuidam (adequadamente?) da infraestutura: edificação, energia, água e conexões de teleprocessamento via cabos de fibra ótica.

    De acordo com o CEO da Tecto, "há um problema de energia e de transmissão fora do País". Desse modo, em função "da energia em abundância" no território brasileiro (será mesmo?), a companhia está reforçando a aposta na indústria de data centers.

    No resto do mundo a infraestrutura necessária para os data centers é da falta energia elétrica mas vai além disto. Nos EUA a luz amarela já se encontra acesa há muito tempo.

    Uma análise da Anthropic estimou que os Estados Unidos precisarão produzir 50 gigawatts de nova energia apenas para IA até 2028 — aproximadamente o equivalente ao que toda a Argentina usa hoje. Até lá, os data centers poderão consumir até 12% da produção de eletricidade americana.

Por muito tempo, Washington fez muito pouco para adicionar nova energia à sua rede. De 2005 a 2020, os Estados Unidos adicionaram quase zero de nova energia líquida. Só em 2021 se aprovou uma lei subsidiando a construção de infraestrutura de energia limpa, para adicionar mais de 100 gigawatts em nova capacidade. Trump assinou um decreto para acelerar o licenciamento federal para data centers, mas a implementação ainda é incipiente.

    Também nos EUA, além dos obstáculos federais e das concessionárias de serviços públicos, as políticas estaduais e locais podem ser complexas, especialmente para projetos que abrangem vários estados, como linhas de transmissão.

    A China enfrenta uma desvantagem devastadora nessa competição. Porém sua maior desvantagem está na incapacidade de fabricar grandes quantidades de chips avançados. Contudo no setor energético, Pequim fez investimentos extraordinários em usinas de energia, armazenamento e transmissão de energia. Como resultado o país instalou rapidamente mais de 90 gigawatts de nova capacidade de energia limpa.

    A rápida expansão da capacidade dos data centers traz desafios significativos, especialmente para a infraestrutura pública. Os estados precisarão considerar cuidadosamente o seguinte:
  • Dificuldades no fornecimento de energia
  • Escassez de água. Os data centers precisam de muita água para sua refrigeração, o que pode sobrecarregar o abastecimento local.
  • Gargalos de recursos. A implantação de um data center exige recursos significativos de terra, mão de obra especializada e equipamentos.
  • Custos de oportunidade. Comprometer terras e recursos em projetos de longo prazo e de capital intensivo, como data centers, pode acarretar custos de oportunidade significativos em outros setores.
  • Risco de projetos arquivados. Apesar de todo o investimento, alguns hiperescaladores recuaram ou suspenderam alguns de seus compromissos com a construção de data centers de grande porte.
  • Reação negativa do consumidor. Os desafios listados aqui têm o potencial de gerar objeções dos consumidores ao desenvolvimento de data centers.
Data centers no mundo


Janice-Marie Johnson

    Um ícone internacionalmente celebrado do Pop, Disco, Soul, R&B e Funk, Janice-Marie Johnson (líder e cofundadora da banda A Taste of Honey está comemorando seu 50º aniversário de ouro de “A Taste of Honey Featuring Janice-Marie”. 

    Uma pioneira, entre as primeiras com um dos prêmios mais cobiçados da Recording Academy, Janice-Marie se tornou a primeira baixista feminina, a primeira pessoa de ascendência nativa americana, e seu grupo A Taste of Honey se tornou o primeiro grupo negro a receber o impressionante GRAMMY de “Melhor Novo Artista” em 1978. Conhecida por escrever “Boogie Oogie Oogie”, um dos sucessos mais reconhecidos da Billboard na era disco.

    Janice-Marie recebeu recentemente o Prêmio Presidencial pelo Conjunto da Obra por seu trabalho de caridade e recebeu um Doutorado Honorário em "Letras Humanas" do Instituto e Seminário Bíblico Cristão.

    Janice-Marie, com suas performances apaixonadas e envolventes, continua conquistando o coração do público, fazendo-o dançar até não aguentar mais.



Os sucessos da onda disco na década de 1970. 👇👇👇




22 outubro 2025

A Falha Fatal do Modelo Chinês

O artigo abaixo está publicado na FOREIGN AFFAIRS e nos oferece boas lições de economia, em especial sobre o capitalismo chinês. Revela um pouco de uma face que, desde 1978 com Deng Xiaoping, se contradiz com o seu regime político comunista instalado em 1949 e ainda adotado nos dias atuais.

Na China a carga tributária e contributiva é elevada e desencoraja a tomada de riscos. As empresas chinesas não apenas precisam pagar altos impostos, mas também enfrentam contribuições obrigatórias para pensões, seguro saúde, seguro-desemprego e fundos de moradia. De acordo com dados do Banco Mundial e da PwC, a alíquota total de impostos e contribuições na China para uma empresa de médio porte típica foi de 59,2% dos lucros em 2019. (Nos Estados Unidos, a alíquota foi de 36,6% dos lucros.).

O sistema bancário chinês, dominado pelo Estado, favorece projetos tangíveis e endossados ​​pelo governo em detrimento de empreendimentos privados que buscam retornos de longo prazo ou de alto risco.

O artigo, ao seu final, sugere que para criar um modelo mais sustentável — que incentive a inovação, mas não se transforme em excesso de capacidade — a China terá que passar por um acerto de contas institucional. A lógica da velocidade em detrimento da qualidade, da escala em detrimento da inovação e do volume de investimento em detrimento do retorno está profundamente enraizada no sistema. Reverter essa lógica significa fazer concessões há muito adiadas e superar as estruturas que outrora impulsionaram a incrível ascensão da China.

Boa leitura.

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A Falha Fatal do Modelo Chinês

Por que Pequim Não Consegue Superar o Excesso de Capacidade

O papel da China como fábrica mundial — produzindo e exportando bens para todo o mundo — entrou em uma nova fase. Na última década, a China fez um esforço concentrado para elevar seu setor manufatureiro na cadeia de valor, produzindo uma enxurrada de tecnologia barata e verde no processo, incluindo veículos elétricos, baterias e painéis solares. Atualmente, o país fabrica modelos elétricos que custam menos de US$ 10.000 — a maioria dos modelos de baixo custo nos Estados Unidos começa em torno de US$ 30.000 — e domina cerca de 80% da cadeia global de fornecimento de energia solar.

Mas, em vez de acolher o influxo de produtos de energia renovável, os dois maiores mercados consumidores do mundo criticaram essas importações chinesas como uma ameaça estrutural à concorrência leal. Em maio de 2024, o governo Biden impôs aumentos de tarifas de até 100% sobre uma variedade de produtos chineses, justificados como uma resposta defensiva à "inundação dos mercados globais com exportações artificialmente baixas" por Pequim. A Comissão Europeia seguiu o exemplo, impondo tarifas sobre veículos elétricos chineses em outubro de 2024 e reclamando que os "subsídios governamentais injustos" da China estavam causando "uma ameaça de prejuízo econômico" aos produtores da UE. Independentemente da eficácia de tais medidas comerciais, a mensagem é inequívoca: a China produz mais do que o mundo pode suportar.

Essa tensão, é claro, não é nova. O "excesso de capacidade" da China — a abreviação de produzir mais do que a demanda exige — há muito tempo leva outros governos a reclamar. No passado, a China produzia aço, carvão, cimento e outros bens em excesso, o que excluía concorrentes em outros lugares e levava os preços globais a níveis não rentáveis. A tendência da China ao excesso de capacidade tem sido tradicionalmente atribuída a um descompasso fundamental em sua economia; Os subsídios governamentais e os investimentos em manufatura e infraestrutura são excepcionalmente altos em comparação com os de outras economias avançadas, e o consumo das famílias do país como parcela do PIB é excepcionalmente baixo. Simplificando, a China não tem demanda interna suficiente para absorver o que as fábricas do país produzem, o que, por sua vez, causa um excesso de exportações.

Mas o boom da tecnologia verde na China está expondo um aspecto mais sinistro e sistêmico da economia política do país. Na realidade, o excesso de capacidade chinesa atual não resulta de uma demanda interna que atingiu o pico ou de subsídios excessivos. Considere o setor de energia solar. A China ainda registra uma demanda significativa por instalações solares. Somente em 2024, a China instalou 277 gigawatts de nova capacidade solar — mais que o dobro da capacidade acumulada total já instalada nos Estados Unidos — e 2025 está a caminho de igualar ou superar esse recorde. Ao mesmo tempo, a noção de que os subsídios estão sustentando o crescimento da energia solar na China está ultrapassada; A China encerrou os subsídios do governo central para energia solar em 2021. Enquanto isso, nos setores de veículos elétricos e baterias, a demanda entre os consumidores chineses ainda está crescendo, e os subsídios de compra direta foram eliminados gradualmente.

O verdadeiro desafio, portanto, não reside na fraca demanda interna ou nos excessivos subsídios estatais, mas em um aumento extraordinário e aparentemente incontrolável na oferta — um aumento que Pequim está lutando para controlar. Desde meados de 2024, as autoridades do governo central têm alertado repetidamente sobre a "expansão cega" em energia solar, baterias e veículos elétricos. Neste verão, após uma brutal guerra de preços no setor solar, que viu os preços caírem cerca de 40% em relação ao ano anterior, os líderes chineses orientaram as autoridades a combater o excesso de capacidade e os preços "irracionais" em setores-chave, incluindo o solar. Pouco depois, autoridades de alto escalão se reuniram com líderes do setor para, coletivamente, instar as empresas a conter as guerras de preços e fortalecer as regulamentações do setor.

Mas os esforços de Pequim não farão muita diferença no problema. Ao contrário de episódios anteriores de excesso de capacidade, os principais infratores de hoje são as empresas privadas, não as estatais. Se Pequim interviesse e forçasse consolidações ou fechasse fábricas, correria o risco de gerar desemprego e potencialmente paralisar os motores de crescimento locais que dependem desses setores. Além disso, as exportações tornaram-se um dos poucos pontos positivos restantes no desempenho do PIB, que de outra forma seria lento. Se Pequim restringisse significativamente a produção e as exportações, isso poderia causar danos significativos à economia chinesa como um todo.

O problema fundamental é que, ao recompensar velocidade e escala em detrimento da produtividade e da diferenciação, a estrutura interna da economia política chinesa incentiva as empresas a produzirem em excesso. Embora esse sempre tenha sido o resultado previsível do sistema político e financeiro chinês, a disfunção foi mantida sob controle durante grande parte da ascensão espetacular da China. No entanto, as mudanças na economia chinesa desde 2020, incluindo o mercado imobiliário em crise e a repressão a empresas e investimentos privados, agravaram os incentivos estruturais que levam ao excesso de capacidade.

O resultado não é apenas um dano às relações comerciais da China, mas também a queda nos lucros das empresas, uma pressão deflacionária significativa e restrições à inovação. Com o tempo, guerras de preços acirradas também se espalham para o mercado de trabalho, com empresas congelando salários ou cortando empregos, o que enfraquece os gastos das famílias, aprofunda a desaceleração estrutural da China e torna o crescimento ainda mais difícil de sustentar. Sem reformas significativas, a China corre o risco de repetir erros anteriores ao tentar avançar na cadeia de valor e entrar em áreas avançadas como inteligência artificial e biotecnologia — potencialmente com consequências ainda maiores para sua economia.

O FISCO

A tendência da China à superprodução começa em um lugar improvável: o sistema de desempenho e promoção do Partido Comunista Chinês. Na burocracia do PCC, as autoridades locais são avaliadas principalmente por sua capacidade de gerar crescimento, emprego e receita tributária. Mas o maior imposto individual da China, o Imposto sobre Valor Agregado (IVA), é dividido igualmente entre o governo central e o governo do local onde um bem ou serviço é produzido, não do local onde é consumido. Como o sistema aloca a receita tributária às regiões com base na produção, ele recompensa a decisão de construir bases industriais maiores. As autoridades chinesas locais tentam reter o máximo possível de atividades a montante e a jusante para expandir sua base tributária. (O código tributário dos EUA, por outro lado, distribui grande parte da base tributária corporativa para onde os clientes das empresas estão, em vez de onde as empresas produzem bens, de modo que a base tributária é distribuída de forma mais uniforme entre as jurisdições.) Essa característica do sistema tributário chinês explica a proliferação de clusters industriais "full-stack" na China: as linhas de montagem de veículos elétricos estão localizadas perto das instalações de produção de baterias e as fábricas de painéis solares são integradas a fornecedores de matéria-prima e componentes.

Esse sistema efetivamente incentiva líderes provinciais e municipais a agirem como investidores industriais ou capitalistas de risco. E, em muitos casos, produziu profundas eficiências. Na última década, por exemplo, Hefei, capital da província de Anhui, investiu cerca de US$ 25 bilhões de capital estatal em várias empresas em dificuldades, incluindo a fabricante de veículos elétricos Nio e a fabricante de telas planas BOE, com grande sucesso. Ao atuar como investidor inicial e assumir o risco inicial, Hefei estimulou cerca de US$ 96 bilhões em investimentos subsequentes e gerou cerca de US$ 9 bilhões em receitas fiscais. O modelo de Hefei tem sido amplamente imitado desde então, com outras províncias correndo para montar seus próprios clusters industriais.

Mas o sucesso de Hefei se baseou em condições únicas — ou seja, o fato de a cidade ter investido em empresas que já estavam relativamente maduras. Quando outras províncias tentaram replicar o modelo, especialmente em setores de alta tecnologia aos quais Pequim sinalizou apoio, muitas vezes não contaram com a mesma base; como resultado, muitos dos projetos tiveram desempenho inferior, criando estresse fiscal para os governos locais. Mas as autoridades provinciais continuaram a investir nesses setores porque os subsídios direcionados do governo central efetivamente tornam Pequim um cofinanciador. As províncias contribuem com fundos equivalentes, oferecem terrenos e serviços públicos com desconto e garantem aprovações regulatórias rápidas para garantir o financiamento de Pequim e a elegibilidade para o apoio do governo central. Depois que Pequim divulgou seu 14º Plano Quinquenal, em 2011, que designou veículos elétricos, painéis solares e baterias como "indústrias emergentes estratégicas", os planos quinquenais provinciais começaram a parecer cópias idênticas uns dos outros, cada um prometendo os mesmos clusters nos mesmos setores. Este é o resultado lógico de um sistema de impostos e subsídios que recompensa a escala em detrimento da seletividade.

Durante grande parte das últimas três décadas, no entanto, os incentivos burocráticos que alimentavam esse sistema de copiar e colar foram mitigados pelo papel do mercado imobiliário na economia política chinesa. Como o Estado detém todos os terrenos urbanos na China e os arrenda a incorporadoras, as autoridades locais dependiam da venda de imóveis para cobrir um terço ou mais de seus orçamentos — o que significa que não precisavam se concentrar exclusivamente em atrair investimentos industriais. O desenvolvimento imobiliário era o principal motor da receita e do crescimento locais. Em 2021-22, no entanto, a bolha imobiliária chinesa estourou; a Evergrande, uma das maiores incorporadoras do país, deixou de pagar mais de US$ 300 bilhões em passivos e entrou em processo de liquidação. Os governos locais viram as receitas com a venda de imóveis despencarem de US$ 1,3 trilhão em 2021 para US$ 670 bilhões em 2024.

Ao mesmo tempo, à medida que Pequim reforçava a supervisão dos instrumentos de financiamento que levaram à bolha em primeiro lugar — como títulos de propósito específico e renovações de curto prazo — os governos locais se viram sem nenhuma maneira de preencher suas lacunas de receita. Com o espaço fiscal altamente restrito, a expansão da capacidade industrial tornou-se a última alavanca confiável que as autoridades locais podiam usar para garantir o crescimento, gerar novos empregos e expandir suas bases tributárias. Para burocratas avessos ao risco diante de uma crise fiscal iminente, a aposta mais segura era embarcar na onda.

MOSTRE-ME O DINHEIRO

Assim como a estrutura do código tributário chinês ajuda a explicar por que a capacidade se expandiu tão rapidamente na China, a estrutura do sistema financeiro do país ajuda a explicar por que essa capacidade é frequentemente duplicada e ineficiente. Repetidamente, os fluxos de crédito reforçam o mesmo viés: construir rápido, construir visivelmente e construir com o apoio do Estado.

O sistema bancário chinês, dominado pelo Estado, há muito tempo favorece projetos tangíveis e endossados ​​pelo governo em detrimento de empreendimentos privados que buscam retornos de longo prazo ou de alto risco, como o desenvolvimento de medicamentos e outras atividades de biotecnologia. Os bancos chineses frequentemente enfrentam regulamentações rígidas sobre seus empréstimos e investimentos, por isso preferem conceder empréstimos a projetos de menor risco que possuam ativos físicos que possam servir como garantia e que já possuam licenças regulatórias e patrocínio governamental. Do ponto de vista da gestão de risco, essa preferência é compreensível. Mas o resultado é um sistema que desvia capital escasso para fábricas, linhas de produção e infraestrutura física, que tendem a gerar lucros relativamente baixos.

Esta é uma das razões pelas quais, em uma era anterior, a China dominou a fabricação global de roupas, brinquedos e eletrônicos — e porque, hoje, domina os setores de veículos elétricos, painéis solares e baterias. Mas a consequência é uma economia com velocidade de expansão de classe mundial, mas com lucratividade cronicamente baixa. Quando a demanda diminui ou o mercado fica saturado, as empresas cortam preços e expandem as exportações para manter a produção em andamento, corroendo ainda mais suas margens. As montadoras chinesas, por exemplo, viram suas margens médias de lucro caírem de 5,0% em 2023 para 4,4% em 2024, à medida que buscavam participação de mercado por meio de grandes descontos.

Margens de lucro persistentemente baixas também significam que as empresas têm pouco dinheiro para reinvestir no desenvolvimento de produtos e na contratação de pessoal; isso, por sua vez, deprime o crescimento da renda familiar e a demanda do consumidor. Dessa forma, o excesso de capacidade torna-se mais do que apenas um problema setorial: atua como um entrave à economia chinesa em geral, prendendo-a a um ciclo de lucros baixos, investimento fraco, criação lenta de empregos e demanda consistentemente fraca.

No entanto, as empresas raramente encerram suas operações completamente, porque os bancos apoiados pelo Estado preferem renovar os empréstimos existentes para que pareçam solventes no papel. Dessa forma, mesmo que essas empresas estejam apenas pagando seus juros e não gerando retornos sólidos, os bancos evitam ter que contabilizar prejuízos imediatos — e evitam potencialmente contribuir para o colapso de um grande empregador local. O crédito continua fluindo para esses setores "zumbis" e empresas com produtividade em declínio, mesmo que eles estejam arrastando a economia em geral para baixo no longo prazo.

Empresas privadas que não buscam setores apoiados pelo governo, por sua vez, têm lutado há muito tempo para acessar crédito bancário acessível, o que significa que tendem a buscar capital em canais não bancários caros, como capital de risco, private equity e ofertas públicas iniciais. Esses canais ajudaram a impulsionar grande parte do crescimento recorde da China nas duas primeiras décadas do século XXI: em outubro de 2020, 217 empresas chinesas estavam listadas nas principais bolsas dos EUA, com um valor de mercado combinado de US$ 2,2 trilhões, ilustrando o quão profundamente as empresas privadas exploraram os mercados de ações globais. As principais plataformas de capital de risco também escalaram. O braço chinês da Sequoia (agora HongShan), por exemplo, apoiou centenas de empresas privadas, incluindo algumas das histórias de sucesso mais proeminentes da China, como a empresa de mídia social ByteDance e a plataforma de transporte Didi.

Electric cars at a factory in Ningbo, China, April 2025Nick Carey / Reuters

Mas, nos últimos cinco anos, empresas privadas viram essas opções se esgotarem. A partir do final de 2020, Pequim lançou uma repressão abrangente às plataformas de tecnologia, aulas particulares e outros setores de alto crescimento que anteriormente atraíam enormes quantidades de capital de risco. Isso teve um efeito inibidor. Os investidores perceberam repentinamente que setores inteiros poderiam ser afetados da noite para o dia por decretos regulatórios. Essa incerteza tornou os investidores privados mais cautelosos, e muitos começaram a retirar capital. No primeiro trimestre de 2024, empresas privadas na chamada Grande China, que inclui China continental, Hong Kong, Macau e Taiwan, levantaram apenas US$ 12 bilhões, uma queda de 42% em relação ao trimestre anterior. (O declínio global geral durante esse período foi de apenas 12%). Empresas estrangeiras de capital de risco também recuaram, com o investimento internacional na China caindo de US$ 67 bilhões em 2021 para apenas US$ 19 bilhões em 2023. Investidores americanos, em particular, estiveram ausentes dos maiores negócios.

O PCC tentou preencher a lacuna de financiamento, mas ainda não conseguiu. Estatísticas oficiais, por exemplo, sugerem que, de 2023 a 2024, o saldo médio de empréstimos inclusivos para pequenas e microempresas foi de cerca de US$ 67.000, o que mal cobre as necessidades de capital de giro da maioria desses tomadores, muito menos projetos de inovação plurianuais que estão melhor posicionados para gerar retornos sustentados e de alta qualidade. (Em comparação, no ano fiscal de 2024, o principal programa de empréstimos 7(a) da Administração de Pequenas Empresas dos EUA (SBA) forneceu um financiamento médio de US$ 448.400.) As empresas privadas também ainda enfrentam custos de empréstimo significativamente mais altos em comparação com suas contrapartes estatais.

As tentativas de Pequim de preencher a lacuna de capital de risco e private equity com fundos apoiados pelo Estado têm sido igualmente desajeitadas, uma vez que dependem de veículos que exigem garantias, incluem cláusulas onerosas de recompra e concentram capital em poucos setores. As autoridades que administram esses fundos apoiados pelo Estado também relutam em fazer apostas ousadas, pois qualquer fracasso pode ser visto como mau uso do dinheiro público — ou pior, corrupção. Mesmo em setores estratégicos como semicondutores e biotecnologia, as empresas privadas chinesas que buscam inovar enfrentam acesso limitado a capital. Embora o recente esforço de Pequim para promover "novas forças produtivas de qualidade" — setores que a China vê como os próximos motores do crescimento — tenha sido genuíno em termos de ambição política, tem sido insuficiente para financiar o apoio ao setor privado.

FRACASSO

Os incentivos que moldam o comportamento de governos locais e instituições financeiras também se estendem às empresas. Nos setores mais contestados da China, os empreendedores operam dentro de uma estrutura brutalmente racional: copiar rapidamente, escalar ainda mais rápido e precificar agressivamente.

Os empreendedores tendem a copiar uns aos outros, em grande parte porque a carga tributária e contributiva incrivelmente alta da China desencoraja a tomada de riscos. As empresas chinesas não apenas precisam pagar altos impostos, mas também enfrentam contribuições obrigatórias para pensões, seguro saúde, seguro-desemprego e fundos de moradia. De acordo com dados do Banco Mundial e da PwC, a alíquota total de impostos e contribuições na China para uma empresa de médio porte típica foi de 59,2% dos lucros em 2019. (Nos Estados Unidos, a alíquota foi de 36,6% dos lucros.)

Enquanto isso, as empresas tendem a se expandir rapidamente, pois isso lhes dá vantagem nas negociações de preços com fornecedores e lhes garante visibilidade junto aos credores, que tendem a equiparar grande escala a baixos riscos. Ao se expandirem rapidamente, as empresas também esperam obter tratamento preferencial de autoridades locais, ansiosas por exibir grandes campeões industriais.

Por fim, muitas empresas acabam cortando preços porque ficam presas em uma espiral mortal: assim que uma empresa corta preços, outras precisam seguir o exemplo para defender sua participação de mercado, mesmo que isso corroa as margens de lucro de todas. Veja o caso da indústria de veículos elétricos. Em 2022, as montadoras chinesas cortaram os preços de 95 modelos de veículos de passeio. Em 2023, esse número subiu para 148 e, no final de 2024, era de 227. Mesmo com o crescimento contínuo das vendas da BYD no exterior, o lucro líquido da empresa no segundo trimestre de 2025 caiu 29,9% em relação ao ano anterior.

Esses cálculos em nível de empresa são reforçados pelas mesmas pressões estruturais que moldam o pensamento das autoridades locais. Os governos locais relutam em permitir que empresas duplicadas ou não lucrativas saiam do mercado, especialmente com o declínio das receitas imobiliárias. Afinal, mesmo as empresas não lucrativas contribuem para os cofres locais por meio do IVA, dos impostos sobre a folha de pagamento e das contribuições previdenciárias obrigatórias. Isso ajuda a explicar por que os governos locais sustentam empresas que perdem dinheiro, pelo menos no papel: uma fábrica em dificuldades ainda emprega trabalhadores, pagando, assim, impostos trabalhistas e contribuições sociais; ainda compra insumos, que geram IVA; e ainda contribui para as estatísticas de produção industrial que importam para a avaliação de quadros. Em outras palavras, as empresas não lucrativas permanecem fiscalmente valiosas não porque geram lucros, mas porque geram impostos.

ÀS MARGENS

Se empresas, financiadores e autoridades locais estiverem se comportando racionalmente dentro do sistema e o resultado for excesso de capacidade, a única maneira de mudar o curso seria mudar o sistema. Até agora, porém, Pequim está apenas fazendo ajustes. Recentemente, por exemplo, autoridades apresentaram um projeto de lei que proibiria empresas de usar algoritmos para ajustar preços dinamicamente com base na demanda, custos ou concorrentes. Pequim também introduziu novas regulamentações que exigem que grandes empresas liquidem pagamentos com fornecedores de pequeno e médio porte em até 60 dias — uma resposta à guerra de preços de veículos elétricos, que fez com que as empresas financiassem seus descontos estendendo os pagamentos a seus fornecedores. E em julho, o PCC publicou um projeto de emenda a uma lei de preços de 1998 — a primeira grande revisão da lei — que, entre outras coisas, proibiria preços abaixo do custo que visam eliminar rivais, esclareceria penalidades para preços injustos e proibiria pacotes forçados ou descontos baseados em dados.

Mas as guerras de preços são um mero sintoma do problema do excesso de capacidade. Pequim não pode esperar fazer progressos significativos sem reestruturar a estrutura de incentivos subjacente que está causando o excesso de capacidade. Considere, por exemplo, como o PCC avalia as autoridades locais. Atualmente, os quadros são promovidos em grande parte com base no crescimento que proporcionam; isso significa julgá-los com base na quantidade de novas fábricas que constroem e no número de estradas ou parques industriais que pavimentam. Tais medidas privilegiam a escala em detrimento da qualidade. Se a China quisesse desmantelar as barreiras e redundâncias que desperdiçam capital e minam a produtividade, usaria métricas que avaliam as autoridades com base em metas concretas para a formação de novos negócios, bem como em sua sobrevivência; não apenas quantas empresas privadas são registradas a cada ano, por exemplo, mas também quantas permanecem operacionais por um longo período.

Mas novas métricas por si só não seriam suficientes. O sistema tributário chinês também precisaria ser reformulado. Algumas reformas foram debatidas em Pequim, como a transferência de mais receita tributária do governo central para as províncias ou a reestruturação da dívida dos governos locais, mas até o momento, o PCC não fez nenhuma mudança que alterasse o comportamento das autoridades locais. Enquanto terras e fábricas mantiverem os governos locais solventes, o excesso de capacidade continuará sendo uma alternativa atraente.

Producing copper wire in Ganzhou, China, August 2025Florence Lo / Reuters

Se o PCC quiser cumprir seu slogan frequentemente repetido "Invista cedo, invista pequeno, invista a longo prazo e invista em tecnologia pesada", também precisará reformular significativamente o sistema financeiro. Os reguladores teriam que exigir, por exemplo, que os grandes bancos dedicassem carteiras de empréstimos de longo prazo a empresas de tecnologia. Os mercados de ações e títulos da China, por sua vez, precisariam amadurecer rapidamente para se tornarem alternativas genuínas aos empréstimos bancários com garantias pesadas. Isso significa acelerar as lentas filas de aprovação e fortalecer as regras contábeis e as proteções aos investidores, para que empreendedores e investidores vejam os mercados públicos como confiáveis. Atualmente, títulos e ações representam apenas 31% de todos os fundos disponíveis de fontes bancárias e não bancárias na China — menos da metade do disponível de fontes equivalentes nos Estados Unidos.

Para liberar mais financiamento, a China teria que desenvolver ferramentas financeiras para levantar e reciclar capital. Ferramentas comuns nos Estados Unidos — como títulos conversíveis, empréstimos que podem se transformar em ações se uma empresa for bem-sucedida ou dívida de risco (crédito para startups sem garantia real) — são praticamente inexistentes na segunda maior economia do mundo. E, no entanto, a China está sentada sobre um vasto conjunto de poupança interna; os depósitos das famílias e a poupança bruta estão entre os mais altos do mundo, totalizando colossais 43% do PIB em 2023. Construir um mercado secundário mais ativo para participações em private equity, incentivar aquisições corporativas de startups e restaurar a confiança nas listagens públicas garantiria que o capital continuasse circulando de volta para a próxima onda de empresas jovens.

Finalmente, se Pequim quiser ver a inovação em oposição à mera imitação, teria que elaborar e aplicar uma política de concorrência que recompense a originalidade. O projeto de reformas na lei de precificação da China e as novas regras sobre desconto algorítmico são passos na direção certa, mas sem uma aplicação mais robusta dos direitos de propriedade intelectual e das leis de concorrência leal, os imitadores continuarão a proliferar. A fiscalização da propriedade intelectual na China é fraca: a Câmara de Comércio dos EUA classificou a China em 24º lugar entre 55 economias em seu Índice Internacional de Propriedade Intelectual de 2024. Coibir preços predatórios e táticas coercitivas de plataforma ajudará empresas com pouco capital, mas proteger a propriedade intelectual aumenta o retorno da inovação genuína.

DESAFIANDO AS PROBABILIDADES

O sistema chinês produziu algumas inovações extraordinárias. Mas os avanços na China frequentemente vêm de pura engenhosidade técnica e determinação. A DeepSeek, por exemplo, a empresa de IA que surpreendeu observadores globais com seus avanços em modelos de linguagem de grande porte, construiu grande parte de seu impulso devido à engenhosidade interna e a uma cultura de engenharia altamente disciplinada. O fato de não depender de canais de financiamento tradicionais ressalta as fragilidades do sistema, em vez de seus pontos fortes.

O mesmo padrão é visível em outros setores. Os novos concorrentes chineses no setor de semicondutores, por exemplo, estão se opondo ao domínio da empresa de tecnologia norte-americana Nvidia, explorando estreitas vantagens técnicas, explorando o profundo ecossistema de engenharia do país e reagindo à demanda urgente do mercado por alternativas domésticas. As startups de robótica, da mesma forma, estão avançando por meio de operações enxutas, prototipagem rápida e estreita integração com as cadeias de suprimentos locais. Alguns observadores veem esses desenvolvimentos sob uma perspectiva positiva e concluíram que o ecossistema tecnológico da China é eficiente e competitivo. Mas as empresas chinesas que estão tendo sucesso são aquelas que conseguem perseverar em um ambiente manipulado contra elas. No setor de robôs industriais, por exemplo, já há sinais de que o excesso de capacidade prejudicará o progresso: alguns preços de venda são relatados como sendo ainda mais baixos do que o custo dos materiais, corroendo as margens antes mesmo que as empresas obtenham lucro.

Para criar um modelo mais sustentável — que incentive a inovação, mas não se transforme em excesso de capacidade — a China terá que passar por um acerto de contas institucional. A lógica da velocidade em detrimento da qualidade, da escala em detrimento da inovação e do volume de investimento em detrimento do retorno está profundamente enraizada no sistema. Reverter essa lógica significa fazer concessões há muito adiadas e superar as estruturas que outrora impulsionaram a incrível ascensão da China.

Nesse sentido, a eliminação do excesso de capacidade não é apenas um ajuste econômico. É o teste definitivo da capacidade de autocorreção de Pequim — e de saber se o modelo chinês atingiu um platô ou se pode novamente atingir novos patamares.

19 outubro 2025

O Brasil invadiu a proteção de fronteira dos EUA? (The Wall Street Journal)

Em artigo de hoje, o WSJ relata que Alexandre de Moraes usou um registro falso da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA para justificar a prisão de um oponente político, o assessor de Jair Bolsonaro Filipe Martins, a fim de pressioná-lo a cooperar contra Bolsonaro.

O CBP finalmente conseguiu confirmar que o registro era falso, mas por mais de um ano Moraes confiou nele para manter Martins preso, grande parte dele em confinamento solitário, e um total de 183 dias detido sem acusações, com base em uma entrada falsificada em um banco de dados federal dos EUA. Isso levanta uma questão assustadora: como um regime estrangeiro plantou ou explorou dados falsificados dentro de um banco de dados do CBP para promover um processo político no exterior?

Leia abaixo o artigo completo (tradução).

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A Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA não é conhecida por sua humildade. Admitir que errou é um grande problema. No entanto, tomou essa medida incomum, em um comunicado à imprensa de 10 de outubro, finalmente reconhecendo que estava errada ao afirmar que o brasileiro Filipe Martins entrou nos EUA no final de dezembro de 2022.

A correção do CBP ocorre mais de 18 meses depois de Filipe Martins provar às autoridades americanas que não havia deixado o Brasil naquele momento. Por que o CBP alegou que ele havia deixado o Brasil e se recusou, até agora, a admitir que tal registro não existe? É duvidoso que tenha sido um mero problema burocrático. Os registros eletrônicos falsos do CBP foram usados ​​para promover um processo politicamente motivado contra ele no Brasil, e é difícil acreditar que tenha sido coincidência.

O Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) — ferrenho oponente de Bolsonaro e sua equipe — conseguiu usar, nas palavras da CBP, o "histórico errôneo para justificar a prisão de meses do Sr. Martins". Essa prisão foi parte de um esforço de Moraes para pressionar membros do círculo íntimo do ex-presidente a condená-lo e seus assessores por planejar um golpe de Estado contra seu sucessor, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Alguém na CBP ou no Departamento de Segurança Interna dos EUA, que supervisiona a agência, merece crédito extra por expor essa farsa. A CBP afirma que a investigação continua, e isso é bom porque o trabalho ainda não está concluído. O caso tem todas as características de penetração estrangeira na CBP. Mas o público não saberá até descobrir quem entrou no sistema da agência e colocou o nome do Sr. Martins com uma data de entrada falsa na página de "histórico de viagens" do site, e posteriormente criou o registro legal falso, conhecido como I-94. E por quê? Além disso, por que demorou tanto para corrigir o registro I-94 e por que a página de "histórico de viagens" ainda não foi corrigida?

Bolsonaro perdeu a tentativa de reeleição em outubro de 2022. Antes e depois da votação, ele reclamou amargamente da falta de um processo de auditoria do sistema de votação eletrônica. Mas ele voou para os EUA no final de dezembro de 2022 e, assim, renunciou ao cargo voluntariamente. Ele não compareceu à posse de Lula em 1º de janeiro de 2023.

Em 8 de janeiro de 2023, durante um protesto pró-Bolsonaro em Brasília, vândalos invadiram o Supremo Tribunal Federal e o prédio do Congresso. Era domingo; os prédios estavam vazios. Mesmo assim, o Ministro de Moraes usou a invasão para acusar Bolsonaro de estar por trás de uma tentativa de derrubar Lula.

Para construir seu caso, o ministro procurou colocar pessoas de dentro do governo contra seu ex-chefe. A maioria era leal. Era improvável que incentivos funcionassem. Mas o CBP deu uma surra no Ministro de Moraes.

Em 8 de fevereiro de 2024, o Sr. Martins foi detido no Brasil. Nenhuma acusação havia sido apresentada contra ele. Para prendê-lo, o Ministro de Moraes apontou o nome do Sr. Martins na página de histórico de viagens do CBP, indicando sua entrada em Orlando, Flórida, em 30 de dezembro de 2022. Ele disse que, como não havia registro oficial da saída do Sr. Martins do Brasil, conforme exigido por lei, isso provava que ele representava um risco de fuga.

O Sr. Martins alegou que o Ministro de Moraes precisava de um motivo para mantê-lo atrás das grades porque o ministro estava tentando coagir uma confissão sobre o suposto complô de Bolsonaro. O Sr. Martins afirmou ter sido mantido em confinamento solitário em uma cela sem janelas e sem luz por 10 dias, de 23 de fevereiro a 4 de março. Ele foi liberado para prisão domiciliar após 183 dias e está sob sigilo da imprensa desde então. Ele foi indiciado em 22 de abril de 2025 por seu papel na suposta conspiração de golpe.

A página com histórico de viagens não é um documento legal. Assim, em abril de 2024, a advogada do Sr. Martins na Flórida, Ana Bárbara Schaffert, contatou o CBP para solicitar uma cópia do I-94 registrado para todo estrangeiro não residente ao entrar nos EUA. Uma autoridade em Orlando respondeu por e-mail que não havia nenhum I-94 para o Sr. Martins em dezembro de 2022.

Um mês depois, um apareceu de repente. Era obviamente falso. O primeiro nome do Sr. Martins estava escrito incorretamente, o passaporte utilizado havia sido cancelado em 2021 e o tipo de visto estava incorreto. A Sra. Schaffert contestou novamente o CBP de Orlando e forneceu documentação de apoio — incluindo a resposta original de Orlando a ela de que não havia um I-94 para uma entrada de Martins em dezembro de 2022. O CBP tentou encobrir seus rastros: corrigiu o erro de ortografia, o número do passaporte e o tipo de visto. Ela afirma que todos os esforços posteriores para corrigir as coisas resultaram em um impasse.

Os advogados do Sr. Martins entraram com uma ação na justiça federal para acessar os registros do CBP que mostrariam quem colocou o nome do Sr. Martins na página de histórico de viagens do site e, posteriormente, criou o I-94 fraudulento. O CBP os entregou, mas omitiu os nomes dos funcionários envolvidos e as datas das entradas.

O caso está em fase de descoberta. Enquanto isso, os americanos estão certos em perguntar o que o CBP está tentando esconder.

Como Maduro se tornou à prova de golpes


Armored vehicles on a highway in Caracas 
during a Venezuelan military deployment last month. 
FEDERICO PARRA/AFP/GETTY IMAGES

    O ditador prevaleceu nos esforços para derrubá-lo — expurgando, espionando e subornando oficiais para que as forças armadas permanecessem leais.

    Durante anos, os venezuelanos que lutam para depor o presidente Nicolás Maduro esperavam que as Forças Armadas do país fizessem o trabalho por eles. Mas mesmo com o aumento ameaçador da Marinha dos EUA atualmente no exterior, o ditador é praticamente à prova de golpes.

    O líder de esquerda expurgou oficiais acusados ​​de conspirar contra ele, prendendo-os e enviando-os para o exílio. O aclamado serviço de inteligência de seu aliado próximo, Cuba, trabalhou para identificar conspirações e renegados, com oficiais de inteligência alocados em todas as unidades.

    E a cúpula do exército garantiu que oficiais e soldados de todo o exército venezuelano soubessem que tortura, prisão e até mesmo a morte os aguardam caso se rebelem.

    “O que ele não fez? Ele fez tudo o que era possível e capaz de fazer para neutralizar qualquer tipo de ação de dentro das Forças Armadas”, disse Carlos Guillén, ex-soldado venezuelano preso por conspirar contra o regime e agora exilado. “Hoje, no exército, há um terror incalculável. Esse medo está tão arraigado que os oficiais das Forças Armadas nem ousam pensar em se rebelar.”

    Em seu mandato, Maduro fraudou duas eleições presidenciais, afirmam monitores eleitorais e grupos de direitos humanos, enquanto prendia críticos e supervisionava um colapso econômico que levou oito milhões de venezuelanos a emigrarem.

    Mas, de certa forma, Maduro está mais seguro do que nunca, com a maioria dos líderes da oposição no exílio e os venezuelanos com medo demais para protestar como antes.

    O problema para aqueles que veem a esperança nas Forças Armadas em ascensão é que Maduro se cercou de uma fortaleza de tenentes cujas fortunas e futuro estão ligados aos seus, desde o Ministro da Defesa até generais, almirantes, coronéis e capitães de todas as Forças Armadas.

    Maduro promoveu oficiais em um ritmo vertiginoso, principalmente com base na lealdade, e não na competência, afirmam ex-oficiais militares e pesquisadores que estudaram as Forças Armadas venezuelanas. Ele permitiu que eles enriquecessem, seja com dinheiro pago por grupos de narcotraficantes para permitir que cargas de cocaína transitassem pela Venezuela, seja administrando inúmeras empresas estatais. Isso os tornou cúmplices da corrupção generalizada do regime.

    Maduro também se esforçou para tornar quase impossível que oficiais descontentes coordenassem um golpe, semeando oficiais de contrainteligência cubanos altamente competentes, bem como espiões venezuelanos, entre os oficiais e a base.

    Operadores de inteligência que trabalham com agentes de contrainteligência cubanos recompensam aqueles que traem conspiradores com empregos, dinheiro, carros e até casas, disse Edward Rodríguez, ex-coronel do Exército que fugiu da Venezuela e vive no exílio. Soldados e oficiais também sabem que, se forem acusados ​​de conspiração, não serão os únicos a sofrer. “Eles podem sequestrar sua esposa, seus filhos, seus pais”, disse Rodríguez. 

    O presidente Trump levantou implicitamente a questão de um golpe apoiado pelos EUA na última quarta-feira (15/10/2025), quando disse ter autorizado a Agência Central de Inteligência (CIA) a conduzir operações secretas na Venezuela. Questionado por um repórter na Casa Branca se planejava derrubar Maduro, Trump se recusou a responder.





15 outubro 2025

Câmara suspende ação penal contra o deputado Gustavo Gayer

 


    Hoje, a Câmara dos Deputados aprovou um pedido do PL para suspender ação penal contra o deputado Gustavo Gayer (PL-GO) no Supremo Tribunal Federal (STF).

    O pedido de suspensão de ação penal foi relatado pelo deputado Zé Haroldo Cathedral (PSD-RR).

    Gayer é acusado de injúria, calúnia e difamação em ação movida pelo senador Vanderlan Cardoso (GO), atualmente licenciado do mandato, após vídeo publicado pelo deputado federal no Instagram em fevereiro de 2023.

    Inconformado com o resultado da eleição da Mesa do Senado, Gayer fez diversas críticas (consideradas ofensivas) a Vanderlan e ao STF.

    Com esse resultado o plenário da Câmara dos Deputados honrou o artigo 53 da Constituição Federal, que garante a inviolabilidade dos parlamentares por suas opiniões, palavras e votos.     Ao aprovar a sustação da ação penal a Casa reafirmou um princípio basilar da democracia: a sumpremacia da liberdade de expressão no exercício do mandato.

    Essa decisão reafirma o princípio da separação dos Poderes e a imunidade parlamentar, garantias que protegem o mandato popular e o direito de representação.

Mais uma vitória de Trump. A Suprema Corte dos EUA confirma poder do Presidente



    Com uma votação de 6 a 3, a Suprema Corte dos Estados Unidos detonou o alicerce da imunidade burocrática. A Corte restaurou o poder constitucional do presidente Donald Trump para remover comissários rebeldes de agências federais. Pela primeira vez em noventa anos, o presidente pode “limpar a casa”. As muralhas da tirania burocrática começaram a rachar.

    Desde 1935, a Presidência americana vivia sob cativeiro, após a criação de um escudo jurídico em torno de burocratas não eleitos que se escondiam dentro das chamadas “agências independentes”. Eles não podiam ser demitidos. Nem pelo Congresso. Nem pelo povo. Nem pelo próprio Comandante em Chefe. Eram os castelos do Estado profundo dentro do governo: protegidos, intocáveis, escrevendo regras com força de lei, sem prestar contas a ninguém.

    Essa era terminou nesta semana. Em uma decisão inesperada, mas que entrará para a história, a Suprema Corte confirmou que Donald Trump possui autoridade constitucional plena para demitir os comissários democratas Mary Boyle, Richard Trumka Jr. e Alexander Hoehn-Saric da Comissão de Segurança de Produtos de Consumo (Consumer Product Safety Commission).

    O tribunal lembrou à nação que o poder executivo pertence somente ao presidente — não às agências, não aos conselhos, nem a advogados anônimos entrincheirados no sistema que vinham agindo como impérios particulares.

    Durante décadas, essas estruturas não precisavam vencer eleições — bastava controlar quem permanecia nos bastidores. Com lealdades pessoais incrustadas em cargos intocáveis, garantiram que sua agenda sobrevivesse a qualquer presidência.

    O golpe silencioso iniciado há noventa anos foi finalmente revertido. O Estado não eleito já não se sobrepõe ao Estado eleito. Se Trump usar esse poder — e ele usará — toda a arquitetura da governança paralela desmoronará. Agências que armaram políticas por ideologia serão destituídas. Infiltrados políticos serão removidos. O exército invisível do Estado Profundo está, pela primeira vez, ao alcance. O Partido das Sombras que uniu as forças de extrema esquerda e "progressista" sob o comando de George Soros  não sobreviverá.

    Trump agora segura o machado.

O recado de Trump


 
    Na lógica americana, liberdade não é retórica. É critério econômico. Quem censura e persegue adversários passa a pagar mais para negociar.

   Questionado sobre a tarifa de 50% contra o Brasil, Jamieson Greer disse que apenas 10% são tarifa-base. Os outros 40% foram aplicados por censura judicial, perseguição à oposição e violações ao Estado de Direito, citando juízes brasileiros que atuam contra empresas americanas e adversários políticos. O alvo tácito é o STF sob Alexandre de Moraes.

    Scott Bessent, do Tesouro, citou ainda pedido de prisão ilegal de cidadãos americanos no país. Segundo eles, esse comportamento tem custo.
    A IEEPA, lei usada pelos EUA para punir regimes que atacam liberdades civis, autoriza restrições comerciais e bloqueio de transações contra governos vistos como ameaça à liberdade. Ao ser citada nesse contexto, o Brasil passa a ser tratado como economia sob suspeita.