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25 novembro 2025

O Golpe da Disney: Brasil transforma justiça em farsa


Se alguém quiser um manual moderno sobre como as democracias se deterioram por dentro, pode ignorar Caracas, Havana e Manágua e olhar diretamente para Brasília, onde Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos de prisão pelo que ficará marcado como a acusação política mais ridícula do século: um suposto "golpe" orquestrado de uma casa alugada em Orlando enquanto planejava uma viagem em família para a Disney World.

Bolsonaro entregou o poder pacificamente. Embarcou para os EUA. Fixou residência por um breve período na Flórida. Enquanto isso, Lula assumiu o cargo com controle total de todas as forças de segurança. No entanto, oito dias depois — com Bolsonaro aposentado no exterior, impotente e a milhares de quilômetros de distância — algumas centenas de manifestantes vandalizaram prédios governamentais vazios em um domingo tranquilo. Sem armas, sem cadeia de comando militar, nada que remotamente lembrasse um golpe. Bolsonaro condenou o ocorrido em tempo real. As únicas pessoas que o chamaram de golpe foram os aliados de Lula e o ministro Alexandre de Moraes, cuja ideia de “devido processo legal” se assemelha cada vez mais a uma perseguição política disfarçada de processo legal. E agora, nessa fantasia, foi condenado a quase três décadas atrás das grades — a principal figura da oposição, o favorito para 2026, preso pelo que a história lembrará como o “golpe da Disney”. Um golpe supostamente orquestrado de um subúrbio de Orlando e executado por ninguém. Um golpe cujo suposto mentor era levar seus netos a parques temáticos.

O absurdo seria cômico se não estivesse sendo usado para neutralizar o rival político mais popular do Brasil. O próprio Lula foi condenado por corrupção — e saiu impune graças a tecnicalidades arquitetadas para trazê-lo de volta ao poder. Bolsonaro, por sua vez, está preso por um crime que existe apenas na imaginação de um judiciário que trava abertamente uma guerra política. A escolha do momento não foi acidental. Um dia depois de os Estados Unidos terem suavizado as medidas comerciais num gesto de boa vontade, Alexandre de Moraes recorreu ao uso mais severo do poder judicial até então — provando exatamente por que essas sanções existiam em primeiro lugar. Bolsonaro agora se junta às fileiras de dissidentes presos não por violência ou corrupção, mas porque suas ideias aterrorizam a classe dominante: Václav Havel, Nelson Mandela, Lech Wałęsa — líderes encarcerados porque as elites temiam as urnas. As instituições se revelam pela forma como tratam seus oponentes. Quando os tribunais orquestram a eliminação do adversário mais forte antes de uma eleição, não se trata de justiça — é a manutenção do regime disfarçado de juiz. A vergonha do Brasil agora está estampada em negrito: 27 anos por um golpe que nunca aconteceu, supostamente liderado por um homem que comia churrasco em Orlando. A história não esquecerá a covardia por trás dessa sentença. O golpe da Disney será lembrado não como o crime de Bolsonaro, mas como a vergonha do Supremo Tribunal Federal.

Por Vicky Richter - Jornalista, Florida USA


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