Em entrevista à CNN nesta sexta-feira (6), o ex-procurador e deputado federal eleito Deltan Dallagnol rebateu críticas à Operação Lava Jato feitas pelo ministro Gilmar Mendes, do STF.
Mendes havia afirmado em entrevista à Rádio Gaúcha que a Lava Jato foi um “projeto político”. Ouça essa entrevista através deste link.
Dallagnol respondeu: “Hoje quem precisa dar explicações, não sou eu, é o ministro Gilmar Mendes e o Procurador-Geral da República, Augusto Aras, e explicar o que aconteceu com os grandes investigados da Lava Jato, com os grandes políticos que tinham foro privilegiado e que praticaram os grandes esquemas de corrupção revelados no Petrolão.”
“Fico em dúvida se o ministro Gilmar Mendes está agindo com ignorância, por não saber o que aconteceu, por não ter se informado adequadamente, o que pode ter acontecido, porque ele tem inúmeras funções como ministro do Supremo, ou se está agindo com má-fé, dentro de um contexto em que ele xinga a Lava Jato, busca atacar procuradores, juízes da Lava Jato e até mesmo já foi condenado judicialmente a indenizar pessoas que atuaram no combate à corrupção", disse Dallagnol.
“A resposta que você deve dar quando políticos praticam crimes é a mesma quando qualquer cidadão pratica crimes. O que a Lava Jato fez foi trazer e balizar de acordo com a mesma régua todos, inclusive os políticos. Então essa crítica é absolutamente infundada”, avaliou.
Os fatos
No dia 17 de março de 2014, o Brasil acordou com a notícia de que a Polícia Federal tinha prendido 17 pessoas em sete estados. Foram confiscados mais de cinco milhões de reais em dinheiro vivo e 25 automóveis de luxo, além de jóias e obras de arte. Entre os presos, um nome bem conhecido, o doleiro Alberto Youssef. Tinha inicio a Operação Lava Jato.
A operação, até 17/04/2020, teve 79 fases, descritas aqui e condenou nada mais nada menos que 278 pessoas.
Com ela veio à tona um avançado esquema de corrupção que, por um lado, fortalecia um cartel formado pelas maiores construtoras do País, rodeado por doleiros, pequenos bancos, agências de publicidade, ONGs e outros satélites.
Do outro lado do balcão, ficou claro o funcionamento de uma sistema que tinha como objetivo financiar um projeto de poder totalitário, capitaneado pelo PT e apoiado por uma série de outros partidos, fundos de pensão e agentes públicos nomeados especificamente para essa função (Ivo Patarra, Petroladrões - a história do saque a Petrobras) ...
... Sem esquecer um terrível agravante: as operações envolviam financiamentos a ditaduras alinhadas na América Latina, África e Oriente Médio, além de parcerias com entidades criminosas com FARC e Hamas.
A Operação Lava Jato, portanto, escancarou, além da corrupção, um plano político gigantesco e meticuloso que visava financiar um projeto de poder, com ramificações internacionais.
Não é difícil concluir, entre os contendores, quem está falando a verdade.
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