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04 fevereiro 2023

«La Troisième Guerre mondiale a commencé»

Em 24 de fevereiro de 2022, Putin anunciou uma "operação militar especial", supostamente para "desmilitarizar" e "desnazificar" a Ucrânia. Minutos depois, mísseis atingiram locais em todo o território ucraniano, incluindo Kiev, a capital. A Guarda de Fronteira Ucraniana relatou ataques a postos fronteiriços com a Rússia e a Bielorrússia. Pouco depois, as forças terrestres russas entraram na Ucrânia. O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky promulgou a lei marcial e clamou por uma mobilização geral no país para combater os invasores.

"É óbvio que o conflito, que começou como uma guerra territorial limitada e agora está se transformando em um confronto econômico abrangente entre todo o Ocidente, por um lado, e a Rússia e a China, por outro, tornou-se uma guerra mundial", disse o pensador francês, Emmanuel Todd ao jornal francês Le Figaro em 12/01/2023, em uma matéria cujo título é o mesmo deste artigo.

Por sua vez, a Ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, disse que os países da União Europeia estão em guerra contra a Rússia, enquanto autoridades dos EUA e da UE se esforçam para convencer que não são parte do conflito na Ucrânia.

"Eu já disse nos últimos dias – sim, temos que fazer mais para defender a Ucrânia. Sim, temos que fazer mais também em tanques", disse Baerbock durante um debate na Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (PACE) na terça-feira (24). "Mas a parte mais importante e crucial é que fazemos isso juntos e que não fazemos o jogo da culpa na Europa, porque estamos lutando uma guerra contra a Rússia e não uns contra os outros".

Enquanto o chanceler alemão Olaf Scholz insistiu que a Alemanha deveria apoiar a Ucrânia, mas evitar o confronto direto com a Rússia, Baerbock assumiu uma posição mais agressiva.

Em seguida, a Coreia do Norte condenou os EUA e potências ocidentais por fornecerem tanques de batalha às forças ucranianas, dizendo que a "guerra por procuração" de Washington contra a Rússia representa uma ameaça à paz mundial. O envolvimento dos EUA na Ucrânia "expôs todo o continente europeu ao grave perigo de guerra". É o que disse Kim Yo-jong, irmã do líder norte-coreano Kim Jong-un, à Agência Central de Notícias da Coreia (KCNA) na sexta-feira (27/01/2023).

Na mesma sexta-feira (27), o presidente da Ucrânia criticou a falta de rapidez dos EUA no envio de tanques Abrams à Ucrânia e ressaltou que Kiev não ficará satisfeita com um pequeno número.

Os comentários vieram depois que os EUA prometeram na quarta-feira (25) fornecer a Kiev 31 tanques M1 Abrams, mas alertaram que a entrega poderá levar anos. A Casa Branca explicou que espera adquirir os tanques do fabricante, em vez de retirá-los de seus arsenais. A configuração vendida não será a mesma usada pelos EUA.

No início desta semana, a Alemanha aprovou o fornecimento a Kiev de 14 tanques Leopard 2A6 de seus próprios estoques e também deu permissão a outros países para venda de seus tanques de fabricação alemã ao exército ucraniano.

Estados Unidos e OTAN não estão preparados para guerra com a Rússia, avalia especialista militar dos EUA

Douglas Macgregor, coronel reformado do Exército americano, ex-conselheiro do Secretário de Defesa do governo Trump, avalia no artigo This Time It’s Different que os EUA e a OTAN não estão preparados para lutar uma guerra total com a Rússia, regional ou globalmente.

"Ao contrário das primeiras esperanças e expectativas do Beltway [cúpula do governo federal, seus fornecedores e lobistas, e jornalistas que cobrem Washington, DC] a Rússia não entrou em colapso interno nem capitulou às demandas coletivas do Ocidente por mudança de regime em Moscou", observa Macgregor.

"Washington subestimou a coesão social da Rússia, seu potencial militar latente e sua relativa imunidade às sanções econômicas ocidentais", aponta o coronel. "Como resultado, a guerra por procuração de Washington contra a Rússia está falhando". 

Macgregor nota que "os membros da OTAN nunca estiveram fortemente unidos por trás da cruzada de Washington para enfraquecer fatalmente a Rússia". 

"Embora simpatizante do povo ucraniano, Berlim não apoiou uma guerra total com a Rússia em nome da Ucrânia. Agora, os alemães também estão desconfortáveis com a condição catastrófica das forças armadas alemãs", ressalta Macgregor.

A apenas 20 dias de se completar um ano de guerra, nenhuma das matérias encontradas em todas as mídias noticiam indicativos de negociações em busca da paz. Ao contrário, as notícias são de um crescente avanço na direção da continuidade da guerra. Será mesmo que estamos diante do que disse Todd, o pensador francês?  «La Troisième Guerre mondiale a commencé».

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