O texto a seguir está na reportagem publicada por David Agape, sob o título " PF usa teoria da “Bruxa da Vaza Toga” para embasar Relatório do Golpe. O texto completo está acessível através deste link. Recomendamos a sua leitura.
Aqui se destaca o conceito de Firehosing, relativamente novo (criado em 2016) e, portanto, bastante desconhecido da maioria da população. O texto também revela quem mais o utiliza nas conspirações atualmente existentes no Brasil.
Boa leitura.
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O conceito de firehosing tem sido amplamente disseminado no Brasil por Letícia Sallorenzo, jornalista de Brasília e figura já citada em A Investigaçãocomo a "Bruxa" mencionada nas reportagens da Folha de S.Paulo sobre o uso informal da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) do TSE, expostas por Glenn Greenwald na série da “Vaza Toga. Letícia Sallorenzo, conforme registrado em seu currículo Lattes, se define como “colaboradora informal” do TSE. Fontes indicam que ela foi responsável por enviar dossiês de críticos de Alexandre de Moraes e pressionar assessores do ministro para que contas desses indivíduos fossem removidas das redes sociais. As mesmas fontes afirmam que Letícia também tem acesso privilegiado a eventos fechados com Moraes e ataca qualquer um que critique o ministro..
Na sua tese de doutorado em andamento na Universidade de Brasília (UnB), Letícia argumenta que o firehosing estaria diretamente relacionado aos ataques ao ministro Moraes, apresentando-o como alvo de uma “estratégia coordenada” para desestabilizar o Judiciário e desacreditar suas ações. No resumo do projeto, Letícia afirma que a teoria do firehosing serviu “como base para toda a argumentação jurídica que levou ao pedido de prisão do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos.” Ela também sustenta que o firehosing é descrito em documentos do Supremo Tribunal Federal nos inquéritos das Fake News e dos Atos Antidemocráticos, além de ter sido citado no relatório final da CPI do 8 de Janeiro, demonstrando sua aplicação crescente em investigações brasileiras.
Originalmente desenvolvido para monitorar estratégias de desinformação russas, o conceito de firehosing é relativamente novo, introduzido em 2016 pela RAND Corporation, um think tank americano especializado em pesquisa e análise de políticas públicas, com forte histórico de colaboração com o governo dos EUA, especialmente o Departamento de Defesa. Fundada em 1948, a RAND recebe a maior parte de seu financiamento de agências governamentais, incluindo US$ 320 milhões em 2023, provenientes de contratos com o governo americano.
A RAND é criticada por seu viés e proximidade com o governo dos EUA, especialmente nas áreas de defesa e segurança. Críticos afirmam que essa relação influencia suas pesquisas e torna suas recomendações alinhadas aos interesses governamentais e militares americanos. Em 2023, o Comitê de Ciência da Câmara dos EUA questionou a confiabilidade de estudos usados para fundamentar políticas públicas, apontando falta de revisão por pares.
Segundo o site Le Monde Diplomatique, conhecido por sua orientação à esquerda, o cientista social Christopher Paul, coautor do estudo que cunhou o termo firehosing, afirmou em vídeo que nunca imaginou a aplicação do conceito à política norte-americana. Ou seja, o controle sobre o uso do conceito fugiu das mãos dos autores, originalmente focados na propaganda russa, especialmente considerando os vínculos históricos do RAND Corporation com a segurança nacional dos EUA.
Como já destaquei em meu depoimento no Senado brasileiro e em outros estudos, o Consenso Censor Moderno tem origem no deep state americano e rapidamente se espalhou pelo mundo. O medo da chamada conspiração russa levou as agências de inteligência dos EUA, que ganharam enorme poder após o 11 de setembro e a Guerra ao Terror, a voltarem suas ferramentas de censura e repressão contra os próprios cidadãos americanos. Com o tempo, esse Complexo Industrial da Censura chegou ao Brasil, sendo adotado por instituições como o STF, o TSE, ONGs e setores da imprensa, que passaram a usar o modelo para controlar a liberdade de expressão e moldar o debate público sob o pretexto de combater a desinformação.
Há também ações de influência direta dos núcleos de inteligência americanos no Brasil. Além das palestras proferidas por representantes do FBI no TSE em 2017, abordando sua experiência no combate às fake news, o diretor da CIA, William Burns, pressionou o governo Bolsonaro, julho de 2021, a abandonar as críticas ao sistema eleitoral brasileiro. Segundo a agência Reuters, durante um encontro no Brasil, Burns aconselhou os assessores de Bolsonaro a "pararem de subestimar o sistema de votação no Brasil". Vale destacar que, nos Estados Unidos, o sistema de votação utiliza cédulas de papel, em contraste com o modelo eletrônico brasileiro.
PARABÉNS! excelente informação.
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