Tom Jobim constatou que "o Brasil não é para principiantes". A descoberta é agravada pela suspeita de que nem especialistas em assuntos brasileiros conseguem decifrar o País.
Como levar a sério, por exemplo, uma CPI do Senado presidida por Omar Aziz e conduzida pelo relator Renan Calheiros, ambos protagonistas de casos de polícia?
Ou qualificar de fracassada uma campanha de vacinação que aplicou mais de 70 milhões de doses em menos de três meses?
Ou, ainda, acreditar que o principal candidato da oposição é um corrupto condenado duas vezes, uma delas em terceira e última instância?
“Só no Brasil”, como resume o título do artigo de J. R. Guzzo que nos oferece seguidos exemplos.Vamos a mais um dos casos citados por Guzzo. O do condenado em três instâncias. Os demais casos podem ser lidos aqui C1 e C2.
"O Brasil é o único país no mundo onde o principal candidato da oposição, do centro moderado e dos defensores da democracia às eleições para presidente de 2022 é um ladrão condenado legalmente pela Justiça, em terceira e última instância, por nove juízes diferentes, por ter praticado os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
A mídia, o mundo político e os institutos de “pesquisa de intenção de voto também já decidiram que ele está eleito, quase um ano e meio antes da eleição — escolhe-se, no momento, o seu ministério, e discute-se a sério qual o cargo que vai ser ocupado pela ex-presidente Dilma Rousseff, que foi, ela própria, despejada do Palácio do Planalto por fraude contábil cinco anos atrás.
O Brasil, como outros países, tem uma lei que proíbe réus condenados pela Justiça penal de ocupar cargos públicos. Mas só aqui se consegue manter uma lei em vigor e, ao mesmo tempo, permitir que os interessados não façam nada do que está escrito nela — a saída, outra solução estritamente nacional, é dizer que o réu foi julgado num lugar e deveria ter sido julgado em outro.
Nem é preciso inventar que ele não cometeu os crimes pelos quais foi condenado, ou perder tempo com qualquer fato que envolva a discussão de culpa ou de inocência: basta dizer que erraram de “foro”.
Só lembrando que a impedida Dilma foi defenestrada em votação popular no estado onde ele tentou se eleger.
ResponderExcluirMinas Gerais (se não me engano) mostrou no voto que não a quer.